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Publicado em 9 de maio de 2022 às 08:00
Endometriose é uma doença inflamatória provocada por células do endométrio (tecido que reveste o útero) que, em vez de serem expelidas durante a menstruação, se movimentam no sentido oposto e caem nos ovários ou na cavidade abdominal, onde voltam a multiplicar-se e a sangrar.
No último sábado (7), aconteceu o Dia Internacional da Luta Contra a Endometriose. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a doença afeta muitas mulheres (cerca de 10 a 15%), que sofrem com cólicas fortes, dores durante a relação sexual e outros sintomas, que inclusive podem levar à infertilidade.
A médica ginecologista Thaissa Tinoco explica que a causa exata da doença ainda não se sabe, mas existe uma ligação com a imunidade dessas pacientes, ou seja, um sistema imune alterado que permite que essas células endometriais sejam estimuladas e desenvolvidas fora do útero.
A ginecologista explica que existem diferentes tipos de endometriose. A profunda, quando penetra mais de 5 milímetros do tecido, e peritoneal superficial, quando as lesões são menores que 5milímetros. "A doença também pode ser classificada de acordo com o local onde ela cresce. Por exemplo, a endometriose ovariana, quando cresce no ovário, ou intestinal, quando cresce no intestino", conta Thaissa Tinoco.
O diagnóstico é realizado de três maneiras. Primeiro, é feito um diagnóstico clínico a partir das queixas da paciente, que já apontam para a possibilidade dela ter a doença. "Pelo exame físico, por meio do toque vaginal, é possível sentir se há espessamento, nódulos, retrações, que também apontam para a endometriose. Para completar, tem o exame de imagem, feito através da ressonância magnética da pelve ou da ultrassom específica para mapeamento de endometriose. Não é uma ultrassom endovaginal comum, é um exame com preparo intestinal para mapeamento da doença. Esse exame vai mapear onde tem a lesão", explica a ginecologista.
O ginecologista Ricardo Pimentel diz que a média de tempo entre o início dos sintomas e o diagnóstico da doença pode levar de 8 a 12 anos. Como é um tipo de tecido responsivo a hormônios, principalmente estrogênio-dependente, é mais comumente encontrada nas mulheres em idade reprodutiva, embora as consequências clínicas possam perdurar para além da pós-menopausa.
O médico afirma que a endometriose dificulta a gravidez por dois motivos principais: por distorcer a anatomia e por tornar o ambiente pélvico tóxico. “O que acontece é que as estruturas começam a aderir umas às outras, ou seja, o ovário gruda no útero e com isso a trompa vai junto, bem como intestino, bexiga e por aí vai. Assim, estruturas importantes para a fecundação, como as trompas, não conseguem exercer o seu papel de buscar o óvulo para permitir o encontro com o espermatozoide”, explica.
Da mesma forma, sempre que a paciente menstrua, o tecido secreta substâncias que deixam o ambiente tóxico, do ponto de vista inflamatório.
Para as pacientes que desejam engravidar, o especialista em reprodução humana ressalta que a fertilização in vitro é hoje o tratamento que oferece as melhores chances de sucesso. Mesmo nos casos de doença em estágios avançados, as técnicas de reprodução assistida conseguem devolver boas chances de sucesso à paciente, a depender de outros fatores de infertilidade.
“A endometriose distorce a anatomia pélvica, mas na fertilização in vitro não precisamos das trompas, já colocamos o embrião direto na cavidade uterina. Ela também deixa o ambiente pélvico tóxico, mas como aspiramos o óvulo antes do fenômeno ovulatório, ele não entra em contato com esse ambiente”, destaca Ricardo Pimentel.
É importante lembrar que é uma doença benigna que tem controle, e não tem risco de virar câncer, mas tem a capacidade de prejudicar muito a qualidade de vida da paciente devido à dor e possibilidade de infertilidade. "E quanto mais cedo for diagnosticado o problema, maiores as chances de não evoluir para a forma grave e complexa", finaliza a ginecologista Thaissa Tinoco.
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