Entenda o que é a demência, doença que afeta Maurício Kubrusly

A demência frontotemporal é uma disfunção de todas as funções desempenhadas pelo cérebro como pensamento, apetite, comportamento, memorização e aprendizado

Vitória
Publicado em 23/08/2023 às 11h11
 O jornalista Maurício Kubrusly no coquetel do 13ª edição do Natal do Bem no Teatro Cetip (Instituto Tomie Ohtake) em São Paulo, em 2015

 Maurício Kubrusly sofre com demência frontotemporal. Crédito: Zanone Fraissat/Folhapress

O jornalista Maurício Kubrusly, que ficou conhecido por conta de suas reportagens no quadro Me Leva Brasil, recebeu uma homenagem do Fantástico neste domingo (20). Atualmente, ele sofre com uma demência frontotemporal.

Em determinado momento do programa, Pedro Bial citou o colega: "Ele tinha um faro, uma sensibilidade para tocar aquilo... Maurício Kubrusly merece todas as nossas homenagens. Não só pelo Me Leva Brasil. Grande jornalista".

Em seguida, foi exibido um vídeo com imagens recentes do repórter, caminhando em uma praia do Nordeste. O trecho trouxe informações sobre seu estado de saúde. "Maurício Kubrusly hoje vive no sul da Bahia com a esposa, Beatriz Goulart, e com Shiva, o simpático cachorro que o acompanha na praia. Deixou sua São Paulo do coração para mergulhar na natureza depois que foi diagnosticado com Demência Fronto Temporal (DFT)".

"A memória se foi, mas, como ele sempre diz, permanece sua enorme paixão pela vida e pela gente brasileira", encerrou a homenagem a Kubrusly no Fantástico.

COMPORTAMENTO DO PACIENTE

A reportagem revelou que o jornalista de 77 anos foi diagnosticado há alguns anos com demência frontotemporal (DFT). A doença  é a mesma do ator Bruce Willis. "É uma doença degenerativa do cérebro, ou seja, é uma disfunção de todas as funções desempenhadas pelo cérebro como pensamento, apetite, comportamento, memorização e aprendizado. Além disso, essa disfunção cerebral vai ocorrendo lentamente, sempre avançando aos poucos, nunca regredindo", conta o neurologista Raphael Moreira Teixeira, do Vitória Apart Hospital.

O médico explica que o comportamento do paciente se torna claramente alterado. A pessoa que era reservada e quieta, passa a falar mais, é mais desinibida, tem a tendência a abraçar e beijar as pessoas, mesmo as que conheceu há pouco tempo. "E também tem o contrário, a pessoa que tinha uma personalidade mais expansiva, se torna mais apática, conversando com poucas pessoas. Juntamente com a alteração do comportamento, surge uma deficiência intelectual, com dificuldade para realizar algumas tarefas como escrever, usar eletrodomésticos e utensílios de uso pessoal, como escova de dentes, escova de cabelo", diz Raphael Moreira Teixeira.

"A doença de Alzheimer afeta, principalmente, a memória, manifestando com esquecimentos recorrentes de situações que ocorreram nas últimas horas. Já a Demência Fronto temporal, impacta mais na alteração da personalidade da pessoa, alterando a forma como ela reage às situações e lida com as pessoas"

"A doença de Alzheimer afeta, principalmente, a memória, manifestando com esquecimentos recorrentes de situações que ocorreram nas últimas horas. Já a Demência Fronto temporal, impacta mais na alteração da personalidade da pessoa, alterando a forma como ela reage às situações e lida com as pessoas"

Raphael Moreira Teixeira

SEM CURA

Vanessa Loyola, neurologista da Rede Meridional, diz que a demência frontotemporal é um tipo de demência em que as capacidades mais comprometidas são as funções de execução como planejar, fazer coisas de maneira sequencial, de tomar decisões, inclusive em relação ao seu comportamento social. "Os principais sintomas são alterações no comportamento da pessoa. Como exemplo, temos aquelas pessoas que, na terceira idade, começam a ter um comportamento muito diferente do que tiveram ao longo da vida, em geral inadequado, e também perdem a capacidade de planejar e executar tarefas". 

"Para o  diagnóstico, é preciso ter o quadro clínico compatível da doença: ter perda cognitiva significativa, estar na faixa etária compatível. É feito uso de exames de imagem, ressonância magnética com volumetria, além de afastar outras causas de demência. Alguns exames de sangue, são obrigatórios, como testagem para sífilis, para HIV, dosagem da vitamina B12, da função tireoidiana, entre outros.

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"Para o  diagnóstico, é preciso ter o quadro clínico compatível da doença: ter perda cognitiva significativa, estar na faixa etária compatível. É feito uso de exames de imagem, ressonância magnética com volumetria, além de afastar outras causas de demência. Alguns exames de sangue, são obrigatórios, como testagem para sífilis, para HIV, dosagem da vitamina B12, da função tireoidiana, entre outros. "

Vanessa Loyola

A doença não tem cura. "O tratamento visa dar conforto ao paciente e à sua família, proporcionando uma melhor qualidade de vida e também amenizar os sintomas. Muitos pacientes ficam agitados, outros ficam apáticos, alguns têm distúrbios do sono", diz Vanessa Loyola. O médico Raphael Moreira Teixeira diz que o tratamento se concentra em controlar os sintomas do comportamento e do humor, quando são necessários. "O que traz mais benefício ao paciente é o envolvimento da família nos cuidados do dia a dia para ajudá-lo a realizar suas rotinas diárias", finaliza. 

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