Manchas roxas pelo corpo são um sinal da doença. Crédito: Shutterstock
As leucemias acontecem por uma mutação genética nas células da medula óssea, muitas vezes sem causa definida. De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (Inca), mais de dez mil pessoas são diagnosticadas por ano com a doença, que se diferencia em mais de 12 subtipos.
O mês de fevereiro é dedicado a campanha "Fevereiro Laranja", de conscientização sobre as leucemias. A campanha destaca a importância de um diagnóstico assertivo para início do tratamento precoce e sobre a conscientização da doação de medula óssea.
Entre os sintomas estão: fraqueza, febre, perda de peso e apetite, suor excessivo, principalmente à noite, manchas roxas pelo corpo, sangramentos inexplicados, como sangue após escovar os dentes, aumento dos nódulos linfáticos (famosas "inguas"), dores ósseas e dor abdominal em quadrante superior esquerdo (baço).
A hematologista Geovana Botan Gois, da Rede Meridional, explica que a maioria das pessoas que são diagnosticadas com leucemia não tem fatores de risco conhecidos, por isso, não há uma maneira tão eficaz de prevenir grande parte dos casos de leucemia. "Um estilo de vida saudável, que inclui cessação do tabagismo e evitar produtos químicos cancerígenos conhecidos, como o benzeno, pode diminuir o risco de leucemias secundárias".
É uma doença que se identificada precocemente as taxas de cura aumentam. O diagnóstico é feito através do procedimento de aspirador da medula óssea, em que se coleta o sangue para análise de mielograma (contagem de células jovens por lâmina no microscópio) associado à análise por imunofenotipagem deste sangue, um exame que identifica a linhagem celular.
"Um diagnóstico rápido e preciso da doença traz a segurança de planejarmos um tratamento individualizado e muitas vezes, sem as complicações que um estágio mais avançado traria de limitação, principalmente quando falamos de leucemias agudas”, diz Geovana Botan Gois.
TRATAMENTO
Existem diferentes formas de tratamento da doença. A médica explica que a leucemia é um câncer iniciado nas células-tronco da medula óssea e constitui um conjunto heterogêneo de doenças, podendo ser classificadas conforme a linhagem celular e quanto a sua instalação, divididas em quatro grupos: leucemia mielóide aguda (LMA), leucemia mielóide crônica (LMC), leucemia linfóide aguda (LLA) e leucemia linfoide crônica (LLC).
“Cada um desses grupos tem um tipo de tratamento específico, respeitando sempre o perfil de idade e comorbidade de cada paciente ao diagnóstico. No caso das leucemias agudas, o tratamento envolve uso de quimioterápicos para controle da proliferação dos clones. No caso das leucemias crônicas, definimos o estágio da doença, com o tratamento podendo ser realizado com quimioterapia venosa, algumas vezes apenas com terapia oral, e em outras situações até mesmo seguirmos sem indicação de tratamento no momento do diagnóstico”, afirmou.
Nos casos em que se indica o transplante de medula óssea alogênico (quando se necessita de um doador compatível), a preferência é que este doador seja um familiar, neste caso um irmão (filho do mesmo pai e da mesma mãe), quando se estima uma chance de 25% de que haja um doador aparentado compatível.
Quando a compatibilidade entre irmãos não é aceitável para seguir com o transplante de medula óssea aparentado, o próximo passo é encontrar um doador no Registro Nacional de Doadores Voluntários de Medula Óssea (Redome).
No Espírito Santo, o local de cadastro e coleta de sangue para ser doador de medula óssea é feito no Hemoes. O candidato a doador deve ter entre 18 e 34 anos; ter boa saúde e não apresentar doenças infecciosas, hematológicas, oncológicas ou doenças autoimunes. No momento do cadastro, é coletado um tubo de sangue de cinco ml. Caso, em algum momento, seja detectado que aquele doador é compatível com algum paciente, ele será convocado a retornar ao Hemoes para realizar nova coleta de sangue para testes mais específicos e confirmatórios. Em qualquer momento é facultado ao doador a desistência para efetivar a doação.
Geovana Botan Gois enfatiza que a educação e a conscientização são os principais meios de promoção a saúde, e no caso das doenças onco-hematológicas, que são cânceres mais raros e muitas vezes, de pouco entendimento para a população em geral, isso não é diferente. “O Fevereiro Laranja vem para conscientizar sobre este tipo raro de câncer e lembrar a importância do espírito solidário da doação de medula óssea, que faz toda a diferença para pacientes que encontram doadores não aparentados e conseguem conquistar a cura”, afirmou.
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