Administrador / [email protected]
Publicado em 8 de julho de 2023 às 10:00
A miastenia gravis é uma doença autoimune crônica que afeta a comunicação dos nervos com os músculos, levando à fraqueza e fadiga muscular, principalmente no final do dia. Conforme a OMS (Organização Mundial da Saúde), a condição é rara e atinge cerca de 65 em cada 100 mil indivíduos.
A Dra. Mirella Fazzito, neurologista da Clínica Araújo & Fazzito, explica que a doença pode afetar os músculos da face, oculares e a musculatura proximal dos membros superiores e/ou inferiores. Além disso, a doença pode ser congênita ou adquirida. A adquirida é classificada como autoimune, pois o próprio sistema imunológico produz anticorpos que atacam a junção dos nervos com a musculatura (junção neuromuscular).
Durante a crise miastênica, que geralmente é uma emergência médica, pode ocorrer o comprometimento da musculatura respiratória. Os sintomas variam tanto na localização quanto na intensidade entre cada paciente. "Na miastenia, ocorre a interrupção na informação que o nervo envia para o músculo, levando à dificuldade da pessoa [de] movimentar voluntariamente o músculo afetado. Os sintomas ocorrem de maneira súbita e, normalmente, na fase adulta", complementa a neurologista.
Os sintomas variam entre os pacientes, mas, segundo a Dra. Mirella, os mais comuns são: fraqueza muscular, fadiga em excesso durante atividades físicas, queda da pálpebra, visão dupla, dificuldade para engolir, falar e mastigar, alteração na voz, dificuldade em levantar e segurar objetos pesados e subir escadas, entre outros. E, em casos mais graves, o problema pode dificultar a respiração. “É muito comum que a miastenia seja confundida com outras doenças neurológicas e isso torna o diagnóstico mais desafiador”, acrescenta a neurologista.
Para identificar a doença, o médico deve realizar uma avaliação clínica detalhada, baseada nos relatos do paciente sobre seus sintomas e histórico médico, um exame neurológico e alguns testes, como o do gelo – colocar gelo na região afetada (pálpebra) para ver se há melhora temporária do sintoma. Além disso, exames complementares devem ser solicitados.
Por ser uma doença crônica autoimune, a miastenia gravis não tem cura, mas seu tratamento ajuda a controlar os sintomas e a melhorar a qualidade de vida do paciente. "Geralmente, esse controle acontece com uma abordagem multidisciplinar, com neurologista, oftalmologista, fisioterapia, entre outros profissionais, variando entre cada caso", explica a Dra. Mirella.
Ademais, a especialista comenta que medicamentos imunossupressores, anticorpos monoclonais e corticosteroides podem ser prescritos para suprimir a resposta autoimune e reduzir os sintomas. "Outros medicamentos usados nesses casos são aqueles que aumentam a disponibilidade de acetilcolina, substância envolvida na transmissão nervosa, ajudando a melhorar a comunicação entre nervos e músculos", completa.
Já nas crises miastênicas pode ser feita a terapia com plasmaférese ou imunoglobulina intravenosa. O objetivo é remover ou neutralizar os anticorpos prejudiciais presentes no organismo. "Em alguns pacientes, a retirada cirúrgica da glândula timo pode ser considerada e deve ser discutida com seu médico. O importante é ressaltar que o propósito do tratamento é manter a doença sob controle e o paciente com qualidade de vida", finaliza a médica.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta