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Publicado em 5 de abril de 2023 às 09:58
Doença considerada comum entre os brasileiros, o aneurisma cerebral pode atingir cerca de 5% das pessoas em determinados grupos. A doença, na maioria das vezes, desenvolve-se de forma silenciosa, o que torna seu diagnóstico mais difícil. A estimativa é que o Brasil tenha um índice de mortalidade de até 37% dos doentes com aneurisma cerebral roto, quando ocorre o rompimento do aneurisma, segundo o Hospital Israelita Albert Einstein.
"O aneurisma cerebral é a dilatação da parede dos vasos sanguíneos que levam o sangue até o cérebro. Por conta do movimento, as paredes dessas artérias se tornam mais finas, aumentando os riscos de rompimento. Além do cérebro, as artérias aortas, que levam sangue para fora do coração, também são conhecidas por sofrer aneurismas", explica o neurocirurgião Ulysses Caús Batista, da Rede Meridional.
De acordo com a Sociedade Brasileira de Neurocirurgia, 15% dos pacientes vão a óbito antes mesmo de receber cuidados médicos e, cerca de quatro em cada sete pacientes, desenvolverão algum tipo de sequela, como perda de movimentos no braço ou perna e dificuldade na fala ou memória.
A doença divide-se entre duas classificações: o aneurisma que se rompe e aquele que não rompe. Estima-se que entre 2% e 5% da população geral é afetada por aneurismas que não se rompem. "Quando acontece o rompimento da parede do vaso sanguíneo – portanto um rompimento do aneurisma cerebral – ocorre um acidente vascular cerebral (AVC) hemorrágico", diz o médico.
Os sintomas iniciais tendem a ser discretos, e geralmente são dor constante atrás dos olhos, pupilas dilatadas em apenas um dos olhos, visão dupla, formigamento no rosto ou na cabeça.
"No entanto, na maioria das vezes, a presença do aneurisma só é percebida quando acontece o rompimento ou vazamento de sangue da artéria. Os principais sintomas são dor de cabeça muito intensa, pescoço duro, náusea e vômitos, alterações nos batimentos cardíacos e na respiração, convulsões, confusão mental e perda de consciência", explica Ulysses Caús Batista.
Os principais fatores de risco são histórico familiar, múltiplos aneurismas cerebrais, pressão arterial elevada e tabagismo. Além de algumas doenças genéticas como Ehlers-Danlos, Marfan e síndrome dos rins policísticos.
O neurologista explica que assim que o aneurisma cerebral é identificado, é avaliado o melhor tratamento a ser seguido. "Se o aneurisma ainda não rompeu e é considerado de pequena proporção, é recomendado apenas o acompanhamento do caso. No entanto, se o aneurisma já atingiu maiores proporções ou apresenta fatores de risco para o rompimento, é indicado o tratamento", conta Ulysses Caús Batista.
"Em aneurismas de aorta torácica e abdominal, utilizamos a técnica endovascular, que é um implante de uma prótese metálica revestida por um tecido por dentro do aneurisma através de pequenas incisões nas virilhas, semelhante a um cateterismo. Em outros aneurismas, como os cerebrais ou de alguns órgãos do abdome, podemos utilizar stents ou molas (semelhantes a bobinas) para excluir o aneurisma e impedir a ruptura", explica o Dr. Túlio Leite, cirurgião vascular do Hospital Santa Clara (MG), em publicação no site da instituição.
Em casos sem rompimento, é normal que seja feita uma avaliação do tamanho do vaso sanguíneo e um acompanhamento da dilatação para garantir que não esteja aumentando de tamanho. "Nos casos de aneurisma rompido, o único tratamento possível é a cirurgia, considerada de urgência. É necessário fechar o vaso sanguíneo o quanto antes, para evitar que a hemorragia se espalhe e evitar ao máximo as sequelas", detalha Ulysses Caús Batista.
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