A esclerose múltipla afeta o sistema nervoso central que é o cérebro e a medula. Crédito: Shutterstock
A esclerose múltipla (EM) é conhecida como uma doença autoimune mais comum em mulheres. Porém, estima-se que 30% dos casos são diagnosticados em pacientes do sexo masculino. Neste mês, é celebrado o "Agosto Laranja", com o objetivo de conscientizar e esclarecer sobre as questões acerca da doença no país.
Estudos epidemiológicos sugerem que a doença pode ser mais agressiva em homens, podendo evoluir mais frequentemente para formas progressivas. Não se sabe ao certo o porquê, mas fatores genéticos, hormonais, imunológicos e de proporção de tecido adiposo corporal poderiam explicar estas diferenças.
O neurologista Mateus Boaventura, do Hospital Sirio Libanês, conta que alguns dados sugerem que homens podem demorar mais a relatar seus sintomas para os médicos, retardando o diagnóstico. A maioria dos sintomas neurológicos são similares: fadiga, sintomas visuais, fraqueza, formigamentos, desequilíbrio e sintomas cognitivos. Entretanto, do ponto de vista sexual existem tanto manifestações parecidas quanto específicas entre homens e mulheres.
"Os problemas mais prevalentes para os homens incluem a disfunção erétil, a perda de confiança sexual, a disfunção orgásmica e a dormência na região genital. Para as mulheres, as apresentações mais comuns incluem a disfunção orgásmica, a perda de libido, a lubrificação vaginal inadequada e a dormência genital. Estes problemas podem afetar a qualidade de vida dos homens e devem ser conversados em consulta, para que seja planejado o melhor tratamento para cada paciente", explica o neurologista Mateus Boaventura.
CAUSAS
A EM é uma doença neurológica, ou seja, ela afeta o sistema nervoso central que é o cérebro e a medula. Ocorre porque o sistema imune ataca a barreira de proteção dos neurônios. É considerada uma doença crônica, autoimune e progressiva.
A causa é desconhecida, porém sabe-se que há uma interação entre fatores genéticos e ambientais, como os valores baixos de vitamina D, a infecção pelo vírus Epstein-Barr, o tabagismo e a obesidade. Os locais afetados pela doença são o cérebro, a medula espinhal e o nervo óptico.
Existem dois mecanismos que explicam o funcionamento da doença: um é o inflamatório (lesões inflamatórias e perda da bainha de mielina. Um material adiposo que reveste nossos neurônios, o que afeta a condução normal de mensagens elétricas); o outro é degenerativo (perda da própria “fibra nervosa”, que é o prolongamento do neurônio, ou mesmo do próprio neurônio como um todo).
A doença se manifesta por surtos ou de uma progressão lenta e apresenta três tipos diferentes da ação da doença no paciente. “A depender do início e da evolução posterior, podemos classificar a EM de formas distintas: remitente recorrente (RR), primariamente progressiva e secundariamente progressiva. Em cerca de 85% dos casos, se inicia na forma de surtos”, explica Mateus Boaventura.
TRATAMENTO
O avanço costuma ser lento e os sinais podem ser leves e esporádicos, e ainda se confundirem com os de outras doenças. "Existem muitas formas, sendo a mais comum a RR. Muitas vezes, com a progressão da doença, as pessoas vão acumulando déficits. Quando a pessoa começa a ter muitos sintomas transitórios - e muitas vezes de áreas muito diferentes -, como sensitivos, cognitivos, é preciso pensar se não há uma ligação entre esses sintomas tão distintos", diz a neurologista Vanessa Loyola.
Para o diagnóstico, é feito um exame físico, para avaliar tudo o que aconteceu e resquícios desses surtos. E também exames complementares, como uma ressonância e exames de sangue. O tratamento é multidisciplinar. "Existem uma série de medicações que são administradas e a fisioterapia é muito útil para a recuperação do paciente. E, muitas vezes, precisa de apoio psicológico, porque a pessoa tem dificuldade de lidar, pois é uma doença imprevisível", conta a neurologista.
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