Controlar o consumo de sal é necessário. Crédito: Shutterstock
Pessoas que lidam com a hipertensão buscam diversas formas de controlar esse problema, que pode ser responsável por muitos danos ao organismo. Além de diminuir o sal e utilizar a medicação prescrita pelo médico, um estudo recente publicado no European Heart Journal confirmou mais uma forma dietética eficaz de controlar o problema: a inclusão de alimentos ricos em potássio.
"É bem conhecido que o alto consumo de sal está associado à pressão arterial elevada e a um risco aumentado de ataques cardíacos e derrames. Além disso, a pressão alta é a primeira principal causa de insuficiência renal. A longo prazo, a hipertensão descontrolada pode levar a uma sobrecarga no funcionamento desse órgão, que pode culminar com a disfunção renal crônica ou falência renal. Por isso, é fundamental adotar meios de controlar o aumento da pressão”, explica a médica nefrologista Caroline Reigada.
O potássio ajuda o corpo a excretar mais sódio na urina. "O estudo mostrou que o potássio dietético foi associado aos maiores ganhos de saúde em mulheres. Vale lembrar que o aumento da ingestão de potássio tem sido relacionado também à prevenção de outros riscos cardiovasculares. Até o momento, vários estudos sugerem que o aumento da ingestão de potássio pode diminuir o risco de AVC e doenças da artéria coronária", diz a nutróloga Marcella Garcez.
O consumo de potássio também é importante para prevenção de pedras nos rins. "O cálcio anormalmente elevado na urina (hipercalciúria) aumenta o risco de desenvolver pedras nos rins. Assim, para reduzir a excreção de cálcio na urina, o consumo elevado de potássio reduz adicionalmente o risco de formação de pedra nos rins”, diz a médica nefrologista. Banana, abacate, salmão, batata, leite, espinafre, chocolate meio amargo, pistache, castanha-do-pará e cogumelos são considerados boas fontes de potássio.
CONSUMO
A Organização Mundial da Saúde recomenda que os adultos consumam pelo menos 3,5 gramas de potássio e menos de 2 gramas de sódio (5 gramas de sal) por dia. “Alimentos ricos em potássio incluem vegetais, frutas, nozes, feijões, laticínios e peixes. Em 2004, o Conselho para Alimentação e Nutrição do Instituto de Medicina - Food and Nutrition Board of the Institute of Medicine - estabeleceu, para os sexos masculino e feminino, o nível de Ingestão Adequada (IA) para o potássio em 4700mg/dia. A ingestão de potássio na dieta de muitas sociedades modernas é muito mais baixa do que este valor recomendado. Uma forma adicional de aumentar os níveis de potássio com impacto quase nulo nas calorias é por meio do consumo de cogumelos brancos. Simplesmente adicionar uma porção de 90 gramas, ou o que seria o equivalente a 5 cogumelos brancos médios, aos padrões alimentares aumentou vários nutrientes deficientes, incluindo potássio, bem como outras vitaminas B e minerais”, diz a médica nutróloga, citando um estudo do ano passado publicado no periódico Food & Nutrition Research.
O estudo publicado no European Heart Journal incluiu 24.963 participantes (11.267 homens e 13.696 mulheres) do estudo EPIC-Norfolk, que recrutou pessoas de 40 a 79 anos de clínica geral em Norfolk, Reino Unido, entre 1993 e 1997. A idade média foi de 59 anos para homens e 58 anos para mulheres. Os participantes preencheram um questionário sobre hábitos de vida, a pressão arterial foi medida e uma amostra de urina foi coletada. O sódio e o potássio urinários foram usados para estimar a ingestão alimentar. Os participantes foram divididos em grupos de acordo com a ingestão de sódio (baixa/média/alta) e ingestão de potássio (baixa/média/alta).
Os pesquisadores analisaram a associação entre a ingestão de potássio e a pressão arterial após o ajuste para idade, sexo e ingestão de sódio. “O consumo de potássio (em gramas por dia) foi associado à pressão arterial em mulheres – à medida que a ingestão aumentava, a pressão arterial diminuía. Quando a associação foi analisada de acordo com a ingestão de sódio (baixa/média/alta), a relação entre potássio e pressão arterial só foi observada em mulheres com alta ingestão de sódio, onde cada aumento de 1 grama de potássio diário foi associado a uma redução sistólica de 2,4 mmHg da pressão arterial. Nos homens, não houve associação entre potássio e pressão arterial”, explica Caroline Reigada.
Os pesquisadores também analisaram a associação entre a ingestão de potássio e eventos cardiovasculares após o ajuste para idade, sexo, índice de massa corporal, ingestão de sódio, uso de drogas hipolipemiantes (para controle do colesterol), tabagismo, ingestão de álcool, diabetes e ataque cardíaco ou acidente vascular cerebral prévio. A quantidade de sal na dieta não influenciou a relação entre potássio e eventos cardiovasculares em homens ou mulheres. "Os resultados sugerem que o potássio ajuda a preservar a saúde do coração, mas que as mulheres se beneficiam mais do que os homens. A relação entre potássio e eventos cardiovasculares foi a mesma, independentemente da ingestão de sal, sugerindo que o potássio tem outras formas de proteger o coração, além de aumentar a excreção de sódio", diz Caroline.
As médicas enfatizam que as descobertas indicam que uma dieta saudável para o coração vai além de limitar o sal para aumentar o teor de potássio. “As empresas de alimentos podem ajudar trocando o sal padrão à base de sódio por uma alternativa de sal de potássio em alimentos processados. Além disso, todos devemos priorizar alimentos frescos e não processados, pois são ricos em potássio e pobres em sal", diz Marcella.
Controlar o consumo de sal é necessário e uma dica é, na medida do possível, preparar as próprias refeições, uma vez que dessa forma dá para diminuir a quantidade de sódio. “Nunca conseguiremos ter controle da quantidade de sal adicionado em uma refeição comprada em restaurante, fast-foods e delivery. Em casa, na preparação, uma dica é preferir temperos naturais para dar sabor à comida, como: alho, cebola, salsinha, cebolinha, coentro, limão ou outros de sua preferência. Devemos evitar também todos os alimentos que são altamente processados e ricos em sódio, como embutidos, temperos e molhos prontos, enlatados, conservas, queijos amarelos, sopas de pacote e macarrão instantâneo, carnes salgadas, salgadinhos para aperitivos, bolachas salgadas ou doces recheadas, entre outros”, conta Caroline Reigada.
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