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Estudo associa o excesso de sal para o aumento dos níveis de estresse

Além de todos os danos que o sal pode causar ao coração e rins, ele também pode aumentar os níveis de estresse segundo estudo publicado em novembro na Cardiovascular Research

Publicado em 22 de abril de 2023 às 08:00

Excesso de sal na comida
Excesso de sal na comida pode ocasionar problemas de saúde Crédito: Shutterstock

Uma dieta contendo muito sal pode contribuir para o aumento dos níveis de estresse, mostra um novo estudo publicado em novembro na Cardiovascular Research. Os cientistas descobriram em estudos com camundongos que uma dieta rica em sal aumentou os níveis de um hormônio do estresse em 75%.

“Mais estudos são necessários, mas sabemos que o sal em excesso tem sim muitos malefícios. O sal é a maior causa de hipertensão arterial. Além de causar retenção de líquidos, o sal causa constrição (estreitamento) das arteríolas, com consequente elevação da pressão arterial. A hipertensão de longa data lesa os rins e seus diversos vasos, ou seja, ocorrem lesões de órgãos-alvo, como acontece no coração e no cérebro. Dados recentes mostram que o sódio (sal) também modula o funcionamento de células imunológicas, apoiando a teoria do aumento inflamatório no organismo”, explica a nefrologista Caroline Reigada.

Caroline Reigada diz que todas essas descobertas precisam encorajar uma revisão da política de saúde pública em torno do consumo de sal, com o objetivo de que os fabricantes reduzam a quantidade de sal nos alimentos processados. 

Segundo a médica nutróloga Marcella Garcez, diretora da Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN), a Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda que o consumo de sal não ultrapasse 5 gramas por dia — ou 2 gramas de sódio, mineral que compõe o sal. “Só que o brasileiro ingere quase o dobro disso: em média 9,34 gramas, segundo a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). O consumo excessivo é um perigo para a saúde, pois o sal está relacionado ao aumento do risco de doenças crônicas e silenciosas, como hipertensão arterial, doenças cardiovasculares, doenças renais, entre outras, que podem evoluir com risco aumentado de morte precoce”, explica

Embora os efeitos no coração e no sistema circulatório tenham sido bem estabelecidos, pouco se sabia sobre o impacto de uma dieta rica em sal no comportamento de uma pessoa. "No estudo, os pesquisadores descobriram que não apenas os níveis de hormônio do estresse em repouso aumentaram, mas a resposta hormonal dos camundongos ao estresse ambiental foi o dobro da dos ratos que tiveram uma dieta normal”, diz Caroline Reigada.

O QUE FAZER

No estudo, especialistas da Universidade de Edimburgo usaram camundongos, que normalmente têm uma dieta com baixo teor de sal, e deram a eles alimentos com alto teor de sal para refletir a ingestão típica de humanos. A ingestão de sal aumentou a atividade dos genes que produzem as proteínas no cérebro que controlam como o corpo responde ao estresse. “É necessário entender se uma ingestão elevada de sal leva a outras mudanças comportamentais, como ansiedade e agressividade. Somos o que comemos e entender como alimentos com alto teor de sal alteram nossa saúde mental é um passo importante para melhorar o bem-estar. Sabemos que comer demais o sal danifica nosso coração, vasos sanguíneos e rins. Este estudo agora nos diz que o alto teor de sal em nossa comida também muda a maneira como nosso cérebro lida com o estresse”, diz Caroline Reigada.

Marcella Garcez enfatiza que, a longo prazo, além dos riscos individuais, o consumo exagerado de sal é um problema de saúde pública no Brasil e no mundo. 

"Assim como a redução do açúcar adicionado, a diminuição no consumo de sal é considerada uma das intervenções de melhor custo benefício contra as doenças crônicas não transmissíveis no mundo"

Marcella Garcez

Para reduzir a ingestão de sal, as médicas argumentam que, além de diminuir o sal extra adicionado após as preparações, o ideal é, na medida do possível, preparar as próprias refeições, uma vez que dessa forma dá para diminuir a quantidade de sódio. “Nunca conseguiremos ter controle da quantidade de sal adicionado em uma refeição comprada em restaurante, fast-foods e delivery. Em casa, na preparação, uma dica é preferir temperos naturais para dar sabor à comida, como: alho, cebola, salsinha, cebolinha, coentro, limão ou outros de sua preferência. Devemos evitar também todos os alimentos que são altamente processados e ricos em sódio, como embutidos, temperos e molhos prontos, enlatados, conservas, queijos amarelos, sopas de pacote e macarrão instantâneo, carnes salgadas, salgadinhos para aperitivos, bolachas salgadas ou doces recheadas, margarina ou manteiga com sal, requeijão normal ou light, maionese pronta, patês, salgadinhos, sardinha em lata, farofa e temperos prontos”, reforça a nefrologista.

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