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Publicado em 4 de fevereiro de 2023 às 09:00
Talvez você não possa imaginar o quanto o nariz é uma região vascularizada, com abundante suprimento sanguíneo, mas foi isso que apresentou um estudo recente da Plastic and Reconstructive Surgery, que mostrou realmente a implicação disso em procedimentos estéticos não invasivos no nariz, como a rinomodelação.
“As pessoas acreditam que, por ser um procedimento menos invasivo, a rinomodelação, técnica que utiliza injeções de ácido hialurônico para preencher e modelar o nariz, seja mais segura que uma cirurgia de rinoplastia. No entanto, notícias recentes de complicações e esse estudo mostram que a rinomodelação é um procedimento que pode ser mais perigoso e causar necrose no nariz”, alerta o cirurgião plástico Paolo Rubez, membro da Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética (ISAPS) e da Sociedade Americana de Cirurgia Plástica (ASPS). “Além disso, qualquer técnica invasiva no nariz deve ser sempre feita por profissionais médicos para evitar complicações e, se houver, para que a conduta de tratamento seja iniciada o mais rápido possível”.
Segundo o médico, um dos maiores perigos é a necrose de pele, que acontece quando o produto (ácido hialurônico) é injetado dentro de alguns vasos sanguíneos que irrigam o nariz ou quando há uma grande injeção de produto que comprime os vasos. “Quando isso acontece, a pele e os tecidos começam a 'morrer'. A região afetada fica inchada, esbranquiçada e, em alguns casos, com bolhas. A pessoa geralmente sente dor intensa no local. Se a obstrução do vaso não é tratada rápida e corretamente ela evolui para necrose da região com escurecimento e 'morte' dos tecidos”, alerta o médico. “Além disso, infecção local também pode ocorrer”, acrescenta.
Para o estudo detalhado da vascularização local, os pesquisadores realizaram dissecções em 40 cadáveres. O nariz tem um suprimento sanguíneo abundante das artérias em ambos os lados da face, segundo o estudo. Sua vascularização é derivada principalmente das artérias nasal lateral, nasal dorsal e columela. “Este estudo é importante para entender a anatomia da região e prevenir complicações. Mas ainda assim é arriscado que o uso de preenchedores no nariz causem complicações, até porque a anatomia não é idêntica em todas as pessoas e existem as variações anatômicas”, diz o médico.
O estudo diz que a oclusão da artéria facial ou artéria nasal lateral durante injeções com ácido hialurônico seria o pior cenário que poderia causar extensa necrose do nariz inferior e outras áreas faciais, como bochecha e testa. “Em casos de necroses mais graves, o nariz precisa ser reconstruído com outros tecidos do rosto, acrescentando cicatrizes na face e sem um resultado estético adequado, na medida em que se torna uma cirurgia reparadora”, diz Paolo Rubez.
O médico também lembra que, mesmo quando o procedimento dá certo, ele não é definitivo. “O ácido hialurônico é absorvido com o tempo, o que faz perder o efeito estético. Além disso, a rinomodelação não é uma substituta da rinoplastia, já que é um procedimento mais limitado, sendo geralmente indicada para pacientes com pequenas assimetrias e imperfeições no nariz. Ela também só é indicada para narizes que precisam de aumento, na medida em que não é possível reduzir as estruturas com o produto. Outra limitação é sobre a parte funcional, que não pode ser tratada neste caso, e pode até ser piorada dependendo da quantidade de produto e local em que é aplicado”, finaliza o cirurgião plástico.
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