Estudos mostram que exercício físico ajuda no tratamento de câncer

A prática da atividade física em conjunto com uma boa alimentação diminui o risco de morte e da doença entrar em metástase

Vitória
Publicado em 16/12/2022 às 09h40
Mulher alongando, exercício, alongamento

Mulher alongando, exercício, alongamento. Crédito: Shutterstock

Definitivamente, a ideia de que o paciente oncológico deve ficar de repouso caiu por terra. Muito pelo contrário, estudos comprovam que o exercício físico é um auxílio direto no tratamento contra o câncer, diminuí o risco de morte e as chances da doença se espalhar para as outras áreas do corpo - metástase - também caem.

Entre diversas inovações no campo medicinal, a prática tradicional e gratuita da atividade física pode ser um grande aliado no tratamento de tumores malignos. "Nós temos bem claro hoje estudos que mostram que quem pratica atividade física tem risco menor de câncer de mama, de intestino, e alguns têm apontado benefício para evitar o de próstata e o de pulmão. Além disso, é muito claro que fazer atividade física pode ajudar no tratamento, com diversas evidências mostrando principalmente redução nos sintomas relacionados à quimioterapia", explica a médica oncologista do Hospital Moinhos de Vento, de Porto Alegre, Daniela Rosa, coordenadora do comitê de tumores mamários da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC), em entrevista ao jornal O Globo.

Um dos estudos que trazem esta informação é o trabalho recente feito por pesquisadores da Universidade de Tel Aviv, em Israel, publicado na revista científica Cancer Research. Ele mostrou que os exercícios aeróbicos reduzem o risco de câncer metastático – quando se espalha além do órgão de origem – em até 72%. Segundo os cientistas, isso se dá porque a atividade física aumenta o consumo de glicose pelos órgãos internos, o que reduz a energia disponível para o tumor evoluir.

A médica Virgínia Altoé, entrevistada pela TV Gazeta, reforça que o exercício físico ajuda, especialmente, aqueles pacientes que possuem efeitos colaterais relacionados ao tratamento oncológico. "A atividade física tem um impacto muito importante, principalmente, na fadiga, que é um efeito extremamente comum para praticamente todas as drogas utilizadas no tratamento", explica.

"A atividade física reduz a inflamação do corpo, e isso acaba diminuindo as toxicidades do tratamento e a recidiva da doença"

"A atividade física reduz a inflamação do corpo, e isso acaba diminuindo as toxicidades do tratamento e a recidiva da doença"

VIRGÍNIA ALTOÉ, oncologista

Virgínia aponta que, baseado em estudos científicos, o indicado é que o paciente se exercite durante 300 minutos em uma semana, o que resulta em 1 hora de atividade física distribuída em 5 dias, no momento em que der para adaptar o exercício na rotina.

A atividade física praticada, de acordo com Altoé, deve ser preferencialmente aeróbica, como fazer uma caminhada, pular corda, praticar dança e até andar de bicicleta. Entretanto, a oncologista reforça o poder da musculação. "A gente sabe da importância da musculação para pacientes que tem, por exemplo, risco de osteoporose e fraturas. Ela ajuda a deixar o músculo grudado no osso, protegendo contra faturas", afirma.

A fala é baseada num estudo apresentado na 18a Conferência Mundial sobre Câncer de Pulmão (WCLC 2017) em que os resultados demonstraram que o grupo que praticou exercícios físicos (treinamento cardiovascular e de força) teve sua capacidade funcional melhorada, com impacto significativo na qualidade de vida.

Apesar dos benefícios comprovados, a pesquisa de 2017 revelou que cerca de 75% dos pacientes de câncer em tratamento reduzem seus níveis de atividade física após o diagnóstico. Assim, a oncologista Daniela Rosa reforça que atividade física é qualquer movimento, como descer com o cachorro, arrumar a casa, caminhar até o trabalho e exercícios do nosso cotidiano.

Já Virgínia Altoé acredita que a "atividade física é parar o que você tiver fazendo para se dedicar a uma atividade, pensando e se concentrando no exercício". "Isso é importante porque o seu corpo inteiro recebe essa mensagem 'estou fazendo atividade física' e você se exercita de uma maneira global, o que também faz bem pra mente", reforça.

De acordo com a oncologista capixaba, a classe médica possui evidências de que pacientes sedentários, no sobrepeso ou obesos tem maiores chance de ter uma recidiva do câncer - o reaparecimento da doença ou de um sintoma – em detrimento de pacientes mais ativos. Por esse motivo, além de movimento o corpo, é importante implementar uma alimentação saudável no dia a dia. "São ambas as coisas juntas que fazem o paciente ter um bem-estar melhor, uma maior chance de cura e maior sucesso no tratamento", pontua.

Dentre os diversos benefícios da prática de atividade física durante o tratamento oncológico e/ou de maneira geral, a saúde mental é um dos destaques. "O benefício é instantâneo e gradativo. À medida que você vai se tornando mais ativo, você vai colhendo os benefícios tanto fisicamente quanto mentalmente", explica a oncologista.

*Daniela Salgado é estagiária sob supervisão do editor de HZ, Erik Oakes

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