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Febre maculosa: veja quais são os sintomas e como se proteger da doença

A febre maculosa possui grande potencial de gravidade que, apesar de não ser frequente, apresenta altas taxas de mortalidade em acometidos

Publicado em 15 de junho de 2023 às 10:18

Febre maculosa: febre alta e dor no corpo são alguns dos sintomas
A doença pode demorar até duas semanas para se manifestar após o contato inicial. Crédito: Shutterstock

Três pessoas que participaram de uma festa no interior de São Paulo morreram de febre maculosa nos últimos dias. Uma quarta morte está em análise. A Prefeitura de Campinas confirmou que há um surto da doença na Fazenda Santa Margarida - espaço onde a festa foi realizada - e os eventos no local estão suspensos.

A febre maculosa é uma doença grave, mas que tem baixa incidência no Brasil. Os especialistas reforçam a importância de procurar um médico assim que surgirem os primeiros sintomas como febre alta, dores e manchas vermelhas pelo corpo, principalmente se a pessoa tiver contato com área de matas.

A doença é causada pela bactéria Rickettsia rickettsii ou Rickettsia parkeri e transmitida pelo carrapato-estrela. "É uma doença infecciosa causada por um grupo de bactérias denominado Rickettsia. No Brasil, a mais comum é a R. Rickettsii. Quando não tratada, essa doença possui alta letalidade", diz a infectologista Ana Carolina D'Ettorres, da Unimed Vitória.

VEJA OS SINTOMAS DA DOENÇA 

  • Febre alta e súbita;

  • Dor de cabeça;

  • Hiperemia conjuntival (vermelhidão na conjuntiva, uma membrana mucosa, fina e transparente que recobre a parte branca do olho);

  • Dor muscular e articular;

  • Mal-estar;

  • Dores abdominais;

  • Vômito;

  • Diarreia;

  • Vermelhidão pelo corpo.

A transmissão ocorre por meio da picada de um carrapato infectado pela bactéria. Os carrapatos transmissores são encontrados principalmente em roedores, como a capivara. A infectologista explica que o carrapato-estrela é hospedeiro da bactéria que provoca a febre maculosa. "Por isso, ela pode ser transmitida por meio da mordida do carrapato. É preciso ter muito cuidado ao tentar remover o carrapato. A pessoa nunca deve espremer, pois isso pode provocar a inoculação da bactéria no corpo. Também não se deve esmagar o carrapato com as unhas, pois isso pode contaminar as mãos e causar infecção", diz Ana Carolina D'Ettorres.

"A forma correta de se remover o carrapato é utilizar uma pinça para agarrá-lo e removê-lo cuidadosamente, puxando-o. Depois, mergulhar o carrapato no álcool após a remoção e desprezar no vaso sanitário. Deve-se limpar a área mordida com água e sabão ou álcool e lavar bem as mãos"

DIAGNÓSTICO

O infectologista Lorenzo Nico Gavazza, da Rede Meridional, explica que é uma doença que acomete os vasos linfáticos e pequenos vasos sanguíneos de todo o corpo. "Podendo gerar sintomas leves como mal-estar, dores de cabeça e no corpo, febre alta e manchas avermelhadas difusas muito específicas, mas que pode evoluir para quadros graves sistêmicos de sangramentos cutâneos ou de órgãos, queda abrupta de pressão arterial, lesão pulmonar, perda de função dos rins, acometimento cerebral com convulsões e até coma, quadros de grande letalidade".

O diagnóstico da doença é feito através da correlação de quadro clínico suspeito com exposição a potencial ambiente de risco para a doença. "Associado a isso, exames podem ser feitos para confirmação como Sorologia IgM e IgG específicos ou exames diretos como imunohistoquímica ou PCR. Com a sorologia sendo mais amplamente disponível, mas devido ao seu tempo de demora até o resultado e potencial gravidade da doença, é recomendado tratamento precoce em quadros de grande suspeição mesmo antes dos exames confirmatórios", ressalta o médico.

"Qualquer pessoa é suscetível a ser acometido pela doença quando picado por um carrapato infectado, de trabalhadores rurais a pessoas vivendo em ambientes semiurbanos"

O médico conta que a medida mais eficaz e recomendada é a prevenção de contato com o carrapato vetor. Por isso, é recomendado o uso de vestimentas de proteção ao andar em ambientes rurais ou semiurbanos, o uso de repelentes específicos e a inspeção de todo o corpo em busca de carrapatos após exposição a esses ambientes. "É necessário longo período de contato do carrapato com a pele (de 4 a 8 horas) para transmissão da doença. Quando identificado carrapato no corpo, o recomendado é retirá-lo o mais rápido possível, com auxílio de pinça, sem esmagá-lo, o que pode aumentar o risco de contaminação", diz Lorenzo Nico Gavazza.

O infectologista conta que existe vacina disponível para prevenção da doença, mas de baixa eficácia, com indicações muito específicas, não sendo recomendada para a população em geral. A doença tem  cura.

"O tratamento é feito com antibióticos de ação específica para a doença, sendo o mais disponível e eficaz a Doxiciclina. Porém, devido a gravidade dos quadros, é importante realizar diversas medidas de suporte, como a internação hospitalar, conforme o acometimento da doença em cada caso. É importante ressaltar que apenas a picada de carrapato sem sintomas não é indicação para tratamento antibiótico", finaliza Lorenzo Nico Gavazza.

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