Frangofilia: entenda o que é o episódio psicótico

Assunto ficou em voga após homem bater em procuradora dentro de uma prefeitura do interior de São Paulo em junho do ano passado

Vitória
Publicado em 04/05/2023 às 10h16
Frangofilia

Frangofilia:  é um sintoma que pode surgir no curso de determinados transtornos psiquiátricos. Crédito: Shutterstock

A procuradora-geral do município de Registro, no interior de São Paulo, foi agredida por um colega dentro da própria prefeitura, onde trabalham, e ficou com o rosto ensanguentado. A situação, ocorrida em junho do ano passado, foi filmada por outra funcionária e mostra que o também procurador Demétrius Oliveira Macedo desferiu socos e chutou a colega. 

Após os vídeos serem divulgados pela imprensa, foi revelado que o procurador apresenta episódios psicóticos de frangofilia, segundo laudo do Instituto de Medicina Social e de Criminologia de São Paulo (IMESC).

Segundo informações do g1, em novembro de 2022 Demétrius de Oliveira Macedo pegou o estrado da cama e bateu contra a porta da cela. Como consequência, quebrou o vidro usado para a vigilância. Depois, em um novo momento de fúria, o procurador quebrou a pia e o prato de alimentação dentro da cela de isolamento na Penitenciária de Tremembé.

A Frangofilia não é uma doença, é apenas um sintoma que pode surgir no curso de determinados transtornos psiquiátricos. Costuma ocorrer em doenças graves como a esquizofrenia, outras psicoses e até em transtornos ansiosos comuns.

"É a descrição de um comportamento ligado a tendência de destruir objetos. Quando o paciente tem uma crise de descontrole emocional, ele tem o impulso de quebrar objetos. É possível ver esse comportamento em vários problemas psiquiátricos, como na esquizofrenia, no transtorno bipolar ou no transtorno de personalidade, por exemplo. A pessoa quebra coisas em volta dela e tem porquíssima possibilidade de se controlar", diz o psiquiatra Alexandre Valverde. 

O médico conta que a pessoa tem explosões súbitas, ocasionando a destruição do ambiente. "Pode durar minutos ou mais tempo. A pessoa pode se machucar", ressalta Alexandre Valverde. 

O psiquiatra Jovino Araújo, do Vitória Apart Hospital, também diz que ela se caracteriza por uma violência direcionada a objetos, vestimentas e mobiliário, mas não a pessoas. "Ocorre em um momento de ansiedade alta, em circunstâncias específicas de tensão, como uma explosão que popularmente podemos chamar de 'crise de nervos'".

DIAGNÓSTICO

O diagnóstico psiquiátrico se baseia no relato da própria pessoa que expressa esse sintoma ou por pessoas próximas de sua convivência. "Para o diagnóstico, leva-se em conta a história pregressa da pessoa, a repetição dos episódios e a configuração de um diagnóstico ao qual a frangofilia está associada", conta Jovino Araújo.

O médico explica que a frangofilia é uma manifestação impulsiva, ou seja, que acontece com pouco senso crítico e com forte expressão, sendo passageira. "Assim sendo, fica sempre fora do controle da própria pessoa, principalmente se estiver associada a transtornos psicóticos, casos em que o indivíduo possui baixa noção da morbidade desta manifestação. E, mesmo em caso onde a pessoa possui um bom senso crítico da inconveniência da manifestação e dos prejuízos materiais, sociais, laborais ou afetivos que a expressão de violência pode causar, ela não consegue se controlar", diz Jovino Araújo.

TRATAMENTO

O psiquiatra conta que tratamento está relacionado sempre ao transtorno psiquiátrico de base, ou seja, é preciso tratar a doença à qual a frangofilia está associada. "Se a pessoa é portadora de esquizofrenia, o tratamento é para esquizofrenia. Se a pessoa tem um transtorno de ansiedade, o tratamento é para a ansiedade. São utilizados medicamentos específicos para esses transtornos de base, com associação de abordagens de psicoterapia de apoio, o que sempre melhora em muito os resultados", finaliza Jovino Araújo.

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