De acordo com especialistas, comer frutas mofadas pode causar sérios danos à saúde. Crédito: Shutterstock
Você compra uma suculenta caixa de morangos e, quando chega em casa, vê que alguns (normalmente os do fundo do recipiente) estão mofados. Em seguida, olha para aquela maçã suculenta na fruteira e, quando pensa em devorá-la, constata que uma parte está com bolor. Em sua mente, aparecem perguntas do tipo, temos que jogar a caixa da fruta fora ou podemos aproveitar os morangos que estão bons? Ou mesmo, posso cortar a parte da maçã estragada e comer o resto?
Acalme seu coração, pois vamos lhe ajudar na busca por respostas. Em entrevista recente a "HZ", Catiene Chieppe, nutricionista funcional e esportiva, afirmou que as características do mofo e o tipo de alimento devem ser considerados na hora de decidir retirar a parte contaminada e consumir o restante ou descartá-lo por completo. Com as frutas, lógico, não poderia ser diferente.
"Com o mamão e a maçã (frutas com características mais firmes), é possível retirar a parte mofada e aproveitar o restante. Se o bolor estiver muito espalhado pelo tecido da fruta, o melhor é descartá-la. A presença de mofo sugere contaminação não apenas por fungos indesejáveis, mas também por bactérias nocivas, como listeria ou salmonela", alerta.
A nutricionista ainda dá uma dica preciosa: é preciso cortar a área afetada (ou seja, com bolor) da fruta mantendo dois centímetros de distância do mofo e, na hora do corte, nunca toque com a faca na parte mofada, para não contaminar o restante do alimento.
Mais rígida, Carina Oliveira, que atua na área nutricional de produção UAN (Unidade de Alimentação e Nutrição), explicou a "HZ" que o mofo é um tipo de fungo filamentoso que costuma se alimentar de matéria orgânica, ajudando em sua decomposição. Ela também diz que alguns micro-organismos responsáveis pelo bolor produzem micotoxinas que podem causar infecções alimentares. Em alguns casos, esse "veneno" se espalha por toda a fruta.
"Na nutrição, não é indicado retirar a parte mofada e comer a região que não foi atingida. O bolor (que geralmente tem um aspecto aveludado e pode ser esverdeado, azulado ou esbranquiçado) é apenas a parte que conseguimos ver a olho nu. Dentro do alimento, as toxinas fúngicas estão agindo. Consumir esse produto intoxicado pode causar vômitos, alergias, diarreia, dores abdominais e intoxicação alimentar, podendo levar até a casos mais graves e internação", alerta Carina.
O MOFO EM FRUTAS
Em matéria publicada pelo "The New York Times", Benjamin Chapman, professor e especialista em segurança alimentar da Universidade Estadual da Carolina do Norte, afirma que, no caso da caixa de morangos citada no início do texto (ou de qualquer outra fruta), a melhor coisa é observar bem cada unidade contida no recipiente para decidir sobre o provável descarte.
"Se a embalagem estiver manchada por uma ou duas frutas mofadas, 'não jogue tudo fora'", disse Chapman. Em vez disso, ele recomenda descartar as mofadas e examinar cuidadosamente as vizinhas (da caixa, é claro!) em busca de bolor, que, no caso do morango, por exemplo, geralmente aparece em torno de uma contusão ou no local de fixação do caule.
Alguns especialistas dizem que algumas frutas em bom estado podem ser aproveitadas em uma caixa com outras unidades mofadas. Crédito: Shutterstock
As demais frutas da caixa é aconselhável comer logo, segundo o especialista, porque esporos de mofo remanescentes podem se espalhar e desenvolver bolor em um ou dois dias. A dica, então, é comer as delícias "sobreviventes" o mais rápido possível!
Em entrevista ao G1, Uelinton Pinto, professor da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo (USP), reitera o pensamento de Benjamin Chapman. Segundo Uelinton, quando algumas frutas estão emboloradas na caixa, nem sempre todas iniciaram o processo de deterioração simultaneamente.
"O amolecimento do morango, por exemplo, é decorrente da produção de enzimas pectinolíticas pelos fungos, que acabam liberando água e tornando o aspecto da fruta desagradável. Neste caso, toda fruta amolecida deve ser descartada", explica.
Uma fruta deteriorada poderá contaminar outras que estejam por perto. O pesquisador da USP explica que isso não é um processo tão rápido. "Muitas vezes encontramos na fruteira uma laranja que começou a mofar, mas as outras ainda estão em bom estado, e é possível verificar a textura pelo toque, pois a fruta boa estará firme. A deteriorada vai estar amolecida."
CONSERVAÇÃO
Como podemos fazer para que os fungos e mofos demorem mais tempo para "atacar" nossas frutas? Carina Oliveira, ouvida por "HZ", garante que é importantíssimo mantermos seu estado de conservação.
"Algumas são pouco resistentes ao calor do meio ambiente e precisam ser colocadas na geladeira. A temperatura é um importante fator conservante. Também é preciso mantê-las longe da umidade. Para isso, opte por embalagens que vedam bem", explica.
Refrigerar alimentos é um "mantra" igualmente defendido por Catiene Chieppe. "Frutas também devem ser mantidas sob refrigeração. Para conservá-las, a dica é mantê-las na geladeira, preferencialmente na parte destinada para isso: a gaveta. Algumas, como maçãs e bananas, podem ficar alguns dias fora do refrigerador (embora isso dependa do clima de sua cidade). Caso opte por deixá-las em uma fruteira, lembre-se de borrifar um pouco de água todos os dias para evitar que desidratem e estraguem rapidamente", adianta Chieppe.
É importante higienizar as frutas para mantê-las longe de fungos e bactérias. Crédito: Shutterstock
Para ajudar a se livrar de fungos, mofos e bolores, também é preciso higienizar os alimentos assim que chegarem do mercado. Carina Oliveira aconselha que fazer a higienização correta das frutas ajuda a livrá-las de toxinas e impurezas.
"Elas podem ser higienizadas com um litro de água e uma colher de sopa de hipoclorito de sódio. Deixe de molho por dez minutos. Também podemos usar duas colheres de sopa de vinagre de álcool com um litro de água. Para essa fórmula, é aconselhado reservar por 20 minutos", complementa.
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