O paciente pode apresentar febre e infecções recorrentes e persistentes. Crédito: Shutterstock
A leucopenia é a contagem de leucócitos, ou seja, de células brancas no sangue abaixo do normal. O valor normal de leucócito deve ficar entre quatro mil e 10 mil, por isso, quando está abaixo dos quatro mil é chamado de leucopenia.
"A partir disso, temos que investigar se essa leucopenia é às custas de qual tipo de célula, porque entre as células brancas a gente tem, por exemplo, os neutrófilos e os linfócitos. Identificando qual tipo de células, vamos investigar as possíveis causas", conta o hematologista Douglas Covre Stocco.
O médico explica que as causas da condição podem ser desde a deficiência de algum fator que é importante pra fabricação das células - como ácido fólico, vitamina B12 e cobre - até a doenças reumatológicas autoimunes como lúpus, artrite reumatoide, infecções graves que levam o paciente para a UTI, infecções com o vírus das hepatites, vírus do HIV, do HPL e o aumento do tamanho do baço. "Há uma série de causas. Na etapa de investigação, deve-se solicitar exames para, além da história do paciente, avaliar justamente se existe alguma dessas deficiências ou doenças que possam causar a leucopenia", diz Douglas Covre Stocco.
A hematologista Ana Ligia Sipolatti, da Rede Meridional, diz que a leucopenia é uma manifestação hematológica de algum transtorno orgânico, crônico ou transitório, que causa a diminuição na quantidade de leucócitos (glóbulos brancos) que circulam pelo corpo. Segundo a médica, diversos fatores podem interferir e gerar a condição, como algumas infecções virais.
"Uma contagem baixa de glóbulos brancos significa que a corrente sanguínea contém menos células que combatem infecções e doenças do que o normal. Apresentar leucopenia pode significar que a pessoa está mais predisposta a desenvolver certas infecções e doenças porque seu sistema imunológico não é tão forte quanto deveria".
A médica conta que, entre as causas, existem os fatores como o crescimento, o período menstrual, a gestação, o estresse, além dos fatores racial e familiar. "E ainda tem os fatores patológicos, como infecção viral, uso de algumas medicações específicas ou doenças crônicas, como as doenças autoimunes, doença hepática ou renal. E as causas hematológicas como linfoma, leucemia e síndrome mielodisplásica", diz Ana Ligia Sipolatti.
"É importante salientar que a exposição a alguns inseticidas, repelentes e pesticidas pode contribuir para ocasionar a leucopenia. Mas em geral, os repelentes de uso comercial não ocasionam"
Ana Ligia Sipolatti
TRATAMENTO
Douglas Covre Stocco diz que o remédio para mosquito em casa não causa leucopenia. "Existe muito a crença de que algumas substâncias como benzeno, os derivados do petróleo, os inseticidas e até a dipirona podem causa a leucopenia. Mas, na verdade, as evidências que a gente tem sobre leucopenia secundária a exposição desses produtos são muito frustras".
Normalmente a condição é assintomática, porém em casos mais graves, devido a queda das células de defesa do organismo, o paciente pode apresentar febre e infecções recorrentes e persistentes. "Na maioria dos casos, não há indicação de tratamento. E quando há necessidade de tratar, ele se dá pela causa da doença de base. Existem ainda fatores que estimulam crescimento de colônia de leucócitos, que podem ser utilizados quando necessário, e devem ser analisados caso a caso com o médico", diz a hematologista Ana Ligia Sipolatti.
O médico Douglas Covre Stocco também diz que os tratamentos dependem da causa. "O tratamento de uma pessoa pelo HIV é com retroviral, o tratamento da condição autoimune é outro, para câncer também. Existe um remédio chamado Filgrastim, que aumenta a produção dos leucólitos, mas ele tem indicações bem específicas. Então, não é todo mundo que vai ser beneficiado com uso dessa medicação".
Entre as orientações para um paciente leucopênico, a médica diz que deve-se evitar a exposição a agentes químicos, como pesticidas, inseticidas, tintas e outros produtos químicos. "Evitar o abuso excessivo de álcool, a automedicação sem prescrição médica, além de realizar exercícios físicos regularmente e ter uma alimentação saudável. É importante sempre consultar um hematologista para seguimento de condutas específicas para cada caso", finaliza Ana Ligia Sipolatti.
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