LGBTQIAPN+: entenda a sigla e saiba sua importância na busca por representatividade

"HZ" conversou com João Lucas Cortes de Sousa, presidente do Conselho Estadual LGBTI+, para falar sobre o significado da nomenclatura e as lutas diárias da comunidade em busca de inclusão e respeito

Publicado em 28/06/2023 às 17h22
O Dia do Orgulho LGBTQIAPN+ é celebrado em 28 de junho

O Dia do Orgulho LGBTQIAPN+ é celebrado em 28 de junho. Crédito: Freepik

No Dia do Orgulho LGBTQIAPN+, celebrado nesta quarta-feira (28), "HZ" aproveita para revisitar uma questão pertinente, que causa muitas dúvidas: qual o significado de cada letra de uma sigla que não para de crescer e, de acordo com João Lucas Cortes de Sousa, presidente do Conselho Estadual LGBTI+, seguirá aumentando e em constante evolução. 

"Várias identidades de gêneros ainda podem aparecer graças à fluidez, vivências e experiências identitárias, que acabam fugindo do rótulo que define masculino e feminino. Essa transformação faz parte das mudanças que acompanham o processo de representatividade. Meu sonho é que todos um dia sejam definidos apenas por 'pessoas', mas hoje ainda é necessário marcarmos essas identidades de gênero, pois estamos em constante busca por respeito, direito e visibilidade", define. 

O Governo do ES lançou o Plano Estadual de Enfrentamento à LGBTIfobia e Promoção da Cidadania e dos Direitos Humanos de LGBTI+ do Espírito Santo e nele consta, dentre outras informações, um glossário. O "dicionário" não tem todas as letras, que foram complementadas com outras pesquisas.

O material, que pode ser consultado na internet, traz definições para muitas siglas. Vamos aos "jogos das letrinhas" da conscientização e respeito em relação às diferenças e explicar o significado da nomenclatura.

  • L (Lésbicas): Pessoa do gênero feminino que se sente atraída sexual e/ou afetiva exclusivamente por mulheres

  • G (Gays): Pessoa do gênero masculino que se sente atraída sexual, afetiva ou emocionalmente exclusivamente por homens

  • B (Bissexual): Pessoa do gênero masculino que se sente atraída sexual e/ou afetiva por homens e mulheres.

  • T (Transexual ou Transgênero): Pessoas que possuem uma identidade de gênero diferente da que foi atribuída no nascimento. Pessoas trans podem (ou não) manifestar o desejo de se submeterem a intervenções médico-cirúrgicas para realizarem a adequação dos seus atributos físicos de nascença (inclusive genitais) a sua identidade de gênero

  • Q (Queer): Pessoa que se autoidentifica como o gênero queer transita entre os gêneros masculino e feminino ou em outro(s) gênero(s) que o binarismo não se aplica. O termo faz referência à teoria queer, que afirma que a orientação sexual e identidade de gênero são o resultado de uma construção social e não de uma funcionalidade biológica

  • I (Intersexo): Trata-se de pessoas que nascem com aspectos biológicos masculino e feminino. Tais variações podem englobar cromossomos, gônadas, hormônios, órgãos externos e internos. Em alguns casos, as características intersexuais não são visíveis no nascimento. Intersexualidade não é uma identidade de gênero ou uma orientação sexual e uma pessoa intersexo pode ser heterossexual, gay, lésbica, bissexual e pode se identificar como mulher, homem, ambos ou nenhuma das duas coisas. O termo hermafrodita não é mais utilizado

  • A (Assexual): são pessoas que não sentem atração sexual por outras pessoas, independente do gênero, mas isso não significa que não podem ou querem construir relacionamentos. A assexualidade abrange uma grande variedade de possibilidades em diferentes níveis

  • P (Pansexual): Pessoas que se relacionam com outras de todos os gêneros, incluindo femininos, masculinos e não-binários

  • N (Não-binário): Pessoas que não se identificam com o gênero feminino ou masculino, podendo se identificar com mais de um ou nenhum

  • +: Para todas as possibilidades de se identificar, todas as letras que possam surgir e dar visibilidade e direitos de todas as expressões e identidades que surgem e surgirão

VISIBILIDADE

Não custa lembrar que, até o final dos anos 1990 e início dos 2000, a nomenclatura mais usada era o GLS, que destacava a luta por respeito, visibilidade e direitos de pessoas gays, lésbicas e simpatizantes. Com o passar dos anos, e o surgimento de várias causas identitárias, o termo foi evoluindo e dando espaço para demandas voltadas para bissexuais, transexuais e travestis. Hoje, a sigla abrange um escopo bem maior.

A sigla até o início dos anos 2000 era conhecida apenas como GLS

A sigla até o início dos anos 2000 era conhecida apenas como GLS. Crédito: Pixabay

"Desde o início, lutamos contra a violência física e psicológica que a comunidade sofre diariamente. Nosso objetivo é que a identidade de gênero e orientação sexual não determine o que somos e o que podemos fazer. Ser gay, por exemplo, não significa que não possamos atuar em algumas determinadas áreas, como ser trans não quer dizer que eu apenas possa trabalhar como profissional do sexo. Podemos e queremos estudar, nos graduar e construir famílias. Queremos viver o cotidiano da sociedade e que a sociedade assimile o nosso cotidiano", defende Lucas.

Pegando o gancho do depoimento de Cortes, não custa lembrar a diferença entre identidade de gênero e orientação sexual. Orientação sexual é a maneira como a pessoa vivencia suas relações, seja afetiva ou sexual, representando o tipo de atração que uma pessoa sente pela outra. Entre as orientações sexuais, temos o heterossexual, homossexual, bissexual, assexual e pansexual, por exemplo. 

Identidade de gênero, por sua vez, é como um indivíduo se identifica com seu próprio gênero, ou seja, se a pessoa entende que pertence ao gênero masculino ou feminino, independente do fator biológico. Também existe identificação com os dois gêneros ou com nenhum deles. Como exemplo, podemos ter pessoas cisgênero, transgênero, queer e não-binário.

João Lucas Cortes de Sousa também enfatiza que, no Espírito Santo, o conselho estadual ainda segue a sigla LGBTI+. "Somos formados por 24 membros definidos por lei sancionada pelo Governo Estadual em 2016. Trabalhamos com um diálogo constante com a sociedade civil e, em 2019, adotamos esse termo. Uma nova conferência deve ser feita com conselhos de todo o país no próximo ano para debater a inclusão de novas letras na sigla", complementa.

* Como fontes para a matéria, usamos o glossário do Plano Estadual de Enfrentamento à LGBTIfobia e Promoção da Cidadania e dos Direitos Humanos de LGBTI+ do Espírito Santo, a Instrução de Serviço número 230 publicado no Diário Oficial do ES e João Lucas Cortes de Sousa, presidente do Conselho Estadual LGBTI+

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