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Publicado em 28 de setembro de 2023 às 17:10
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou nesta semana o Mounjaro, um medicamento injetável semanal para controle da taxa de açúcar no sangue de pacientes adultos com diabetes tipo 2.
Desenvolvida pela farmacêutica norte-americana Eli Lilly, a droga já é conhecida nos Estados Unidos e Europa. O medicamento foi apelidado pelo Wall Street Journal de “king kong” dos remédios para emagrecimento. No Brasil, a nova injeção promete ficar tão comentada quanto o Ozempic após apresentar resultados superiores no controle da glicemia e, também, na redução de peso.
Estudos mostram que o remédio proporcionou uma redução inédita de até 26,6% do peso corporal a longo prazo, maior eficácia já observada de um fármaco destinado ao emagrecimento.
O Mounjaro tem como princípio ativo a tirzepatida e é indicado para o tratamento de diabetes tipo 2. "É um medicamento injetável semanal, que tem como princípio ativo a tirzepatida, o primeiro e único agonista duplo dos receptores de dois hormônios produzidos pelo nosso intestino: o GIP e GLP1, que tem papel fundamental no controle da glicemia (açúcar do sangue), apetite e saciedade", explica a endocrinologista Flávia Tessarolo.
A médica conta como o Mounjaro funciona. A Tirzepatida se liga aos receptores de GIP e GLP1 (como uma chave na fechadura), e assim consegue imitar a ação desses dois hormônios, levando ao controle do diabetes tipo 2 e emagrecimento. "Ela possui a maior eficácia já vista no controle do diabetes tipo 2 e perda de peso nessa população", diz Flávia Tessarolo.
A segurança da medicação já foi bem demonstrada em estudos. Respeitando-se as indicações, contra-indicações, titulação de dose adequada e a cautela em situações clínicas especiais, como por exemplo, pacientes com histórico de pancreatite, é uma medicação que a princípio não oferece risco. "Por isso, a indicação e acompanhamento deve ser sempre feito por um médico. A automedicação é um problema que deve ser combatido", ressalta a endocrinologista.
Tanto o Ozempic quanto o Mounjaro são indicados para o tratamento do diabetes. O Ozempic tem como princípio ativo a Semaglutida, que é um análogo do GLP1, ou seja, ele imita a ação de um hormônio do intestino que tem papel fundamental no controle da glicemia (açúcar do sangue), do apetite e saciedade, que é o GLP1.
O Mounjaro, que tem a tirzepatida como princípio ativo, é um agonista duplo do GIP e GLP1, ou seja, ele age imitando a ação de dois hormônios do intestino e essa ação dupla, aumenta muito a potência da medicação.
"Os estudos demostraram que 9 em cada 10 pacientes com diabetes tipo 2, alcançaram a meta de controle de glicose preconizada pelos guidelines e até 51% dos pacientes alcançaram níveis de hemoglobina glicada (que avalia o controle do diabetes) menor que 5,7%, ou seja, níveis de indivíduos sem diabetes. Além disso, em todas as doses estudadas, o Mounjaro demonstrou perda de peso maior que o Ozempic em sua dose máxima, podendo chegar ao dobro de peso perdido, em indivíduos com diabetes tipo 2", comenta Flávia Tessarolo. A aprovação pela Anvisa foi para tratamento do diabetes tipo 2, que é a indicação de bula.
A médica conta que existem estudos clínicos de tirzepatida para tratamento da obesidade sem diabetes, com resultados promissores: perdas de até 23% do peso corporal. "Ainda não temos a aprovação para tratamento da obesidade em nenhum país do mundo, mas acredito que é questão de tempo para essa aprovação sair".
Flávia Tessarolo diz que os efeitos colaterais mais frequentes são os relacionados ao trato gastrointestinal, como náuseas, vômitos, diarreia, constipação intestinal, dor abdominal, piora do refluxo gastroesofágico, além de fadiga, mal-estar, reações no local da injeção e hipoglicemia (quando associada a outras medicações para controle do diabetes).
A empresa Novo Nordisk, que fabrica o Saxenda e o Ozempic, ressalta que não recomenda o uso off-label de nenhum de seus medicamentos. "É importante ressaltar que a companhia não endossa ou apoia a promoção de informações de caráter off label, ou seja, em desacordo com a bula de seus produtos. O Ozempic, aprovado e comercializado no Brasil para diabetes tipo 2 e cujo princípio ativo é o mesmo do Wegovy ™, que foi aprovado nesta terça-feira (26) pela ANVISA para o tratamento de obesidade.
A Novo Nordisk esclarece ainda que "atualmente, os únicos medicamentos da companhia disponível no Brasil para o tratamento da obesidade são o Saxenda, lançado no país em 2016, e o Wegovy, lançado neste ano". Ambos estão aprovados para prescrição também em adolescentes de 12 a 18 anos, tornando-se os únicos tratamentos para obesidade aprovado para faixa etária no Brasil.
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