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Publicado em 31 de maio de 2023 às 12:30
O cigarro é um dos vilões mais drásticos para a saúde. Apesar de ser ligado a problemas no pulmão e no cérebro, seus riscos vão muito além, e podem causar diversos danos ao organismo. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), o tabagismo é a principal causa de morte evitável no mundo e mata oito milhões de pessoas a cada ano, das quais um milhão são vítimas de fumo passivo.
O cigarro é constituído de 4.720 substâncias tóxicas conhecidas, dentre elas a nicotina que induz a dependência. E se antes os riscos estavam apenas no cigarro tradicional, agora os perigos aumentaram com a popularização dos cigarros eletrônicos. No dia 31 de maio, celebra-se o Dia Mundial Sem Tabaco, uma data que busca conscientizar sobre os perigos do tabagismo e seus impactos na saúde.
De acordo com a médica Nathália Duarte, da Samp, o vape ou “caneta” traz tantos riscos à saúde quanto o cigarro comum. Um estudo recente feito pelo Instituto do Coração (Incor) revelou que os usuários do vape fumam o equivalente a mais de 20 cigarros por dia. “O vape é um dispositivo de bateria no qual é colocado um líquido concentrado de nicotina, que é aquecido e inalado pelo usuário. Muitos acham ser inofensivo, mas são tão nocivos à saúde quanto os cigarros comuns. A inflamação causada pelos cigarros eletrônicos pode causar fibrose pulmonar, pneumonia e até insuficiência respiratória”, afirma a médica.
O pneumologista Fabrício Smiderle, da Samp, diz que os prejuízos para as pessoas que fumam vão desde sintomas leves como perda do olfato e paladar, a quadros mais graves como enfisema pulmonar, bronquite crônica e câncer (sendo os mais prevalentes, o de pulmão, o de laringe e o da boca). "Pode ocorrer complicações de doenças cardiovasculares como hipertensão arterial, infarto agudo do miocárdio e acidente vascular cerebral".
A principal doença desencadeada pelo uso crônico do cigarro é a doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), processo inflamatório crônico que pode levar a alterações nos brônquios, nos bronquíolos e nos pulmões. "Essas alterações levam a um quadro de tosse crônica, muitas vezes secretiva, e falta de ar, podendo levar o paciente a quadros extremos, como necessidade de uso de oxigênio para fazer tarefas simples, como ir ao banheiro. O câncer de pulmão tem cerca de 20 a 30 vezes mais risco de ocorrer num tabagista do que em pacientes não fumantes", explica Fabrício Smiderle.
O médico diz o que acontece com o corpo quando a pessoa larga a nicotina. "Dor de cabeça, irritabilidade, ansiedade, dificuldade de concentração e alterações do sono, tristeza e até depressão podem ocorrer. Para auxiliar a aliviar esses sintomas, existem várias abordagens, tanto farmacológicas como não farmacológica, sendo a mais eficaz, a terapia cognitivo-comportamental. Mesmo assim, é difícil eliminar todos esses sintomas de forma rápida. Por isso, é importante que o paciente esteja realmente disposto a vencer esse desafio que é a cessação do tabagismo", ressalta Fabrício Smiderle.
O pneumologista Leandro Baptista, da Unimed Sul Capixaba, explica que, quando uma pessoa deixa de fumar, ocorrem várias mudanças positivas no corpo. "Dentro de poucas horas, os níveis de monóxido de carbono no sangue diminuem, permitindo que os níveis de oxigênio voltem ao normal. Com o tempo, a respiração e a circulação sanguínea melhoram, a função pulmonar se recupera e o risco de doenças relacionadas ao tabagismo diminui".
Nas primeiras horas é comum que algumas pessoas experimentem sintomas de abstinência de nicotina. "Podem incluir irritabilidade, ansiedade, dificuldade de concentração, inquietação e vontade intensa de fumar. No entanto, esses sintomas geralmente diminuem com o tempo, à medida que o corpo se adapta à falta de nicotina", diz Leandro Baptista.
O pneumologista diz que após duas horas sem fumar, não há mais nicotina circulando no sangue e, com o passar dos dias, a função pulmonar começa a se recuperar, e os brônquios se dilatam, permitindo um fluxo de ar mais fácil. "Em duas a 12 semanas, a capacidade pulmonar pode aumentar em 30%. Após um ano, o risco de doenças cardíacas cai pela metade. É importante destacar que a recuperação completa da função pulmonar varia de pessoa para pessoa e pode levar meses ou até anos, especialmente em fumantes de longa data ou com doenças pulmonares subjacentes", ressalta Leandro Baptista.
É comum ocorrer a ansiedade. A nicotina tem propriedades que causam dependência física e psicológica, e a interrupção do seu consumo pode desencadear sintomas de abstinência, incluindo a ansiedade. "Além disso, algumas pessoas utilizam o cigarro como uma forma de lidar com o estresse, e a ausência desse mecanismo pode contribuir para o surgimento da ansiedade. Esses sintomas geralmente diminuem ao longo do tempo e podem ser gerenciados com o apoio adequado", diz Leandro Baptista.
Fabrício Smiderle diz que lesões como enfisema pulmonar são irreversíveis. "O importante de se interromper o tabagismo não é necessariamente o desejo de ter um pulmão sem lesões, mas sim o entendimento de que essas lesões têm caráter progressivo, ou seja, quanto mais a pessoa fuma, mais lesões terá e mais sintomas irá desenvolver. Portanto, ao interromper o uso do cigarro, ocorre a interrupção dessa progressão, o que ajuda muito a alcançar os resultados terapêuticos desejados, como a diminuição da tosse e da falta de ar".
A melhora gradativa da função pulmonar pode resultar em uma maior capacidade para realizar atividades físicas, principalmente sem sentir falta de ar. "Além disso, a cessação do tabagismo também pode levar a uma melhora na capacidade muscular, uma vez que os músculos podem receber uma melhor oferta de oxigênio e nutrientes, o que pode resultar em um aumento da resistência e da força muscular", finaliza Leandro Baptista.
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