A fibromialgia causa um aumento de sensibilidade à dor. Crédito: Shutterstock
A fibromialgia é uma condição física que afeta a musculatura corporal, tendo como principal sintoma a dor crônica que não apresenta alterações em exames de imagem ou laboratoriais. De acordo com a Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR), a doença afeta entre 2,5% a 6% da população mundial sendo mais comum em mulheres entre 30 a 50 anos. No Estado, cerca de 82 mil pessoas sofrem com a patologia.
Em fevereiro é celebrado o Fevereiro Roxo, campanha de combate a Fibromialgia com objetivo de conscientizar sobre a doença, que causa além da dor, outros sintomas associados como a fadiga, cansaço, alterações no hábito intestinal, perda de memória e concentração.
A reumatologista Renielly Casagrande, da São Bernardo Saúde, explica que a fibromialgia é uma síndrome caracterizada por dor muscular generalizada com duração maior que três meses sem sinais de inflamação nos locais de dor. "A fibromialgia afeta o corpo todo, ou seja, são dores generalizadas. Geralmente, os portadores descrevem como 'dores do fio de cabelo ao dedão do pé'. Como a é uma doença em que as sensações estão amplificadas, pode apresentar diversas manifestações como dor abdominal, queimações, formigamentos, problemas para urinar e dor de cabeça".
Além do quadro de dor no corpo, a doença apresenta insônia, cansaço, dormências, dificuldade de concentração e tristeza. Em alguns casos a memória pode estar alterada. "Não existe ainda uma causa definida para esta doença, mas a principal hipótese é que esses pacientes apresentam uma alteração da percepção da sensação de dor e assim alta sensibilidade ao toque", explica Renielly Casagrande.
Segundo o ortopedista e traumatologista, Nilo Neto, o paciente que tem fibromialgia apresenta maior sensibilidade que o comum em partes específicas do corpo, os chamados pontos de dor. “Como outras doenças também podem afetar os mesmos pontos, o diagnóstico da doença é feito por eliminação, examinando o paciente para descartar a possibilidade de outro problema antes de afirmar que se trata de um caso de fibromialgia”, explica.
O médico conta que a fibromialgia causa um aumento de sensibilidade à dor. "Principalmente se caracteriza por uma dor miofascial (pontos de contratura muscular), comumente em torno da coluna cervical, da escápula, em volta do ombro, na coluna dorsal e na lombar. Também há possibilidade desses pontos de dor serem nos braços e nas pernas", diz Nilo Neto.
Segundo a médica intervencionista em dor, Amelie Falconi, por se tratar de uma doença considerada invisível – não aparece em exames laboratoriais e não tem fácil diagnóstico – e por acometer mais mulheres de meia idade, a fibromialgia não raramente é cercada de muito preconceito. “As dores são alvo de bastante descrença. Nunca são consideradas reais, mas emocionais e psicológicas. As pacientes costumam ser taxadas de 'frescas', sofrendo um tipo de silenciamento”, afirma.
TRATAMENTO
Quando a pessoa se queixa de muita dor espalhadas pelo corpo, é necessário fazer uma exclusão de doenças orgânicas (que são aquelas que vem de uma alteração do sistema imunológico ou reumatológicas) ou doenças mecânicas. "Tirando essas causas, é feito o diagnóstico clínico, onde é feita a análise mental do paciente, que é um fator importante no desenvolvimento da doença. Não existe diagnóstico de imagem ou de exame laboratorial para a fibromialgia por se tratar de uma síndrome predominantemente de alterações de transtorno de humor", explica Nilo Neto.
A principal ferramenta terapêutica é o exercício físico. A médica Amelie Falconi considera o estilo de vida como um fator gerador e de tratamento para o portador da dor crônica. “O paciente precisa inicialmente enquadrar-se em uma terapia de movimento, como a fisioterapia ou o exercício físico”, diz.
A inserção do exercício físico na rotina do portador de fibromialgia é bem desafiadora. “Imagine como é difícil fazer com que um paciente que tem dor no corpo inteiro, está sempre fadigado e não dorme direito, comece a praticar atividade física”, pondera Amelie Falconi. Assim, a medicação também é um fator importante para o tratamento da síndrome. “Ela é que o paciente muitas vezes precisa para conseguir fazer as mudanças de estilo de vida necessárias - principalmente as relacionadas com o exercício físico - para mitigar suas dores”, destaca a médica.
A doença também causa alterações gastrointestinais em seus portadores. Assim, conforme a médica intervencionista em dor, uma dieta alimentar adequada, com pouco ingestão de industrializados, enlatados e refinados e que priorize o consumo de “comidas naturais” como arroz, feijão, verdura, legumes, frutas, carnes e ovo, é importante para o controle dos sintomas e também para regular a microbiota intestinal. "Uma dieta alimentar adequada também pode ser empregada como tratamento adjuvante para as dores causadas pela síndrome", finaliza Amelie Falconi.
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