O que é GIST, tumor diagnosticado em Paulinho da Viola?

Caso é um tipo de sarcoma de partes moles que acomete basicamente o trato gastrointestinal, que vai do esôfago até o ânus

Vitória
Publicado em 01/08/2023 às 19h42
Paulinho da Viola

Paulinho da Viola foi internado com sangramento digestivo. Crédito: Cloves Louzada

O cantor Paulinho da Viola foi diagnosticado com um GIST (Tumor Estromal Gastrointestinal). O músico de 80 anos foi submetido a uma enterectomia, um procedimento cirúrgico para a retirada de uma parte do intestino. 

No domingo (30), Paulinho cancelou um show que estava agendado em Três Rios/RJ. Alegando "indisposição" do sambista, sua assessoria publicou um comunicado lamentando o fato de ele não poder se apresentar, pois precisava respeitar um pedido médico.

O GIST (sigla em inglês para gastrointestinal stromal tumors) é um tipo de sarcoma de partes moles que acomete basicamente o trato gastrointestinal, que vai do esôfago até o ânus. "É mais comum ocorrer o GIST de estômago, seguido do intestino e, mais raramente, o de esôfago", explica a oncologista Virgínia Altoé Sessa. 

O tumor é mais raro e mais difícil de acometer pacientes jovens. A médica conta que os principais sintomas estão relacionados ao trato gastrointestinal, onde o tumor está instalado.

"Mal-estar ao comer, sensação de estômago cheio, náuseas, vômitos e emagrecimento, são sintomas comuns do GIST. Como o tumor afeta a área gastrointestinal pode ferir a parede do estômago ou da região que ele está acometendo. Isso pode levar o paciente a ter vômitos com presença de sangue", diz Virgínia Altoé Sessa.

"Não é uma doença com uma causa estabelecida e o principal fator de risco é o envelhecimento, tendo em vista que o tumor é mais comum em pessoas com mais de 50 e 60 anos. Também existem algumas síndromes genéticas que podem contribuir para o surgimento da doença"

"Não é uma doença com uma causa estabelecida e o principal fator de risco é o envelhecimento, tendo em vista que o tumor é mais comum em pessoas com mais de 50 e 60 anos. Também existem algumas síndromes genéticas que podem contribuir para o surgimento da doença"

Virgínia Altoé Sessa

ENTERECTOMIA  

A oncologista Kitia Coimbra, da Oncoclínicas Espírito Santo, diz que o tumor não é muito frequente, mas sua incidência tem aumentado por conta do maior número de pessoas que fazem exames de endoscopia e ultrassom.

"Sua incidência é mais comum em pessoas com mais idade, como todo câncer, mas pode aparecer em qualquer faixa etária", ressalta a especialista.

A médica diz que não existe uma causa principal para o aparecimento da doença. "Ainda é desconhecido. Há uma relação, ainda não aceita universalmente, que o uso prolongado de antiácidos poderia ser responsável".

O diagnóstico é feito por meio de biópsia, geralmente alcançada pela endoscopia ou colonoscopia, e vai depender de onde o tumor está localizado. Se tiver no estômago ou esôfago, a biópsia é feita pela endoscopia. Se for à parte mais baixa do intestino, será via colonoscopia.

Virgínia Altoé Sessa conta que, geralmente, o tratamento é cirúrgico, como no caso de Paulinho da Viola, que fez uma enterectomia, cirurgia que consiste na retirada de uma parte do intestino afetada pelo tumor.

"No caso do Paulinho da Viola, foi feita para a remoção do GIST, mas a cirurgia também é indicada para casos de inflamações, traumas e retirada de tumores benignos", conta. 

Após a cirurgia, o material passa por uma análise anatomopatológica e o patologista avalia a gravidade biológica da tumescência. Só assim podemos saber se o paciente será tratado apenas com cirurgia ou se precisa passar por quimioterapia.

SANGRAMENTO DIGESTIVO

Paulinho da Viola descobriu o tumor estromal gastrointestinal após ser submetido a uma bateria de exames. O artista foi internado devido a um sangramento digestivo.

"Há uma incidência de sangramento em qualquer parte do trato gastrointestinal, que vai do esôfago até o cólon e o reto. Ele pode ser visível, na forma de vômitos ou evacuação com sangue. E às vezes não é perceptível, podendo estar misturado às fezes ou diagnosticado no exame de fezes", conta a gastroenterologista Renata Lugao. 

Quando o sangramento é agudo e volumoso, geralmente o paciente pode evoluir para um quadro de baixa da pressão arterial e até choque hemorrágico. "A gravidade vai depender do volume de sangramento e se ele é crônico ou agudo", complementa a médica.

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