O que é o TDAH? Transtorno foi diagnosticado na atriz Suzana Alves

O transtorno mental é caracterizado por uma alteração na intensidade de como se expressam funções normais do comportamento humano. Pessoas com TDAH têm mais chances de sofrerem com outros transtornos psiquiátricos

Vitória
Publicado em 04/08/2022 às 17h20
Suzana Alves

Suzana Alves foi diagnosticada com TDAH há dois meses. Crédito: Reprodução @Suzanaalves

Nesta quarta (3) - dia em que completou 44 anos -, a atriz Suzana Alves compartilhou com seus seguidores que foi diagnosticada com Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) há dois meses. “Descobri que tenho TDAH e que é uma condição genética. Eu já venci até aqui e vou continuar lutando contra tudo o que limita minha caminhada nesta estrada”, disse a atriz em um relato no Instagram.

Ela também falou sobre as metas que pretende atingir nesse novo ciclo. “Hoje, o meu maior treino é controlar as minhas motivações e não desistir dos meus objetivos e sonhos, e me relacionar bem com todas as pessoas. Sigo um dia de cada vez”.

No post, além de contar sobre o diagnóstico de TDAH, Suzana Alves também agradeceu a todos que a acompanham, como a família, os amigos e os fãs. 

O TRANSTORNO

O TDAH é um transtorno mental caracterizado por uma alteração na intensidade de como se expressam funções normais do comportamento humano. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a condição afeta cerca de 5% das crianças, que podem carregar os sintomas para a fase adulta caso o quadro não seja tratado ainda na infância.

"É um transtorno crônico que o desenvolvimento se inicia principalmente na infância e no início da adolescência, com sintomas de inatenção, hiperatividade e inquietação. Esse transtorno psiquiátrico precisa de uma avaliação médica psiquiátrica para ser diagnosticado", diz a psiquiatra Maria Francisca Mauro. 

 A médica diz que, de acordo com dados, a ocorrência do TDAH é verificado em maior proporção em meninos do que em meninas. O diagnóstico é feito por meio da consulta. Exames não identificam o transtorno, mas podem ser pedidos para auxiliar no diagnóstico, eliminando outras causas para os sintomas.

A psicanalista Bianca Martins explica que é importante verificar se os sintomas se manifestam em contextos da vida cotidiana. No caso de crianças, as principais queixas são nos ambientes doméstico e o escolar. "Pode predominar a desatenção ou a hiperatividade, ou os quadros podem ser mistos. Alguns dos sintomas já estariam presentes antes dos sete anos e não se apresentariam exclusivamente associados a outros transtornos mentais", diz.

SINTOMAS

A psicanalista diz que outras condições podem produzir sintomas semelhantes aos do TDAH, como a ansiedade. "Há uma epidemia de medicalização da infância. E o TDAH, assim como os autismos nos últimos anos, passou a englobar uma série de outras sintomatologias, que antes eram descritas como retardo leve, entre outras condições. Uma criança pode apresentar-se com quadros de dislexia, de ansiedade mais expressiva, de depressão e luto, bem como déficits visuais ou auditivos, e esses serem erroneamente tratados como TDAH. Por isso, é necessário a destreza do médico na consideração diagnóstica na infância", alerta Bianca.

Ela conta que os principais sintomas do transtorno, de acordo com a American Psychological Association (APA), são a hiperatividade e a falta de atenção. "Com relação ao comportamento ele pode se apresentar agressivo, hiperativo, impulsivo, inquieto, irritadiço e sem limites", diz.

"Em relação à cognição, os sintomas vão de encontro às dificuldades de concentração, o esquecimento ou falta de atenção. Já com relação ao humor, observa-se a ansiedade, a excitação ou a raiva. É muito comum verificar questões depressivas bem como dificuldades de aprendizagem"

"Em relação à cognição, os sintomas vão de encontro às dificuldades de concentração, o esquecimento ou falta de atenção. Já com relação ao humor, observa-se a ansiedade, a excitação ou a raiva. É muito comum verificar questões depressivas bem como dificuldades de aprendizagem"

Bianca Martins

Maria Francisca Mauro diz que é importante entendermos que os sintomas de TDAH na vida adulta podem ser falados por algumas pessoas como ansiedade, mas o que será observado é a estabilidade dos sintomas ao longo da vida. "Mesmo na presença do TDAH, nós temos uma maior chance de ocorrência de quadros de ansiedade, de depressão e transtornos relacionados ao uso de álcool e outras substâncias. É preciso uma avaliação clínica que consiga avaliar se o diagnóstico de TDAH justifica todos os sintomas". 

TRATAMENTO

Para Bianca, geralmente os pais se atentam para os sintomas de que algo não vai bem com seus filhos quando a criança deixa de brincar ou apresenta-se agitada em demasia. "Ou no ambiente escolar, quando ela não consegue acompanhar as demais nas atividade propostas. Muitas vezes, ambas condições são verificadas tardiamente. Desde a pequena infância (0 a 3 anos), pais, cuidadores e familiares devem estar atentos aos humores da criança".

Ela explica ser importante que a criança não seja rotulada a partir do diagnóstico do adoecimento. A infância é a época de grande plasticidade cerebral. Quanto menor a criança, mais chances há de reorganizar os inúmeros aspectos de sua vida que podem estar desencadeando os sintomas de hiperatividade e desatenção. "A intervenção precoce - com psicoterapia, fonoterapia ou psicopedagogia - com intuito de trabalhar as questões emocionais, cognitivas, ambientais, escolares e familiares tendem a promover melhora significativa e até menos anular o 'diagnóstico'".

O tratamento do transtorno é feito por meio de técnicas ou intervenções psicoterápicas e farmacológicas. "O tratamentos é realizado a partir do diagnóstico com uso de medicamentos para ajudar a pessoa no controle dos sintomas e do seu quadro, em especial os psicoestimulantes. A realização da terapia é indicada para que a pessoa possa aprender sobre os seus sintomas e conduzir a vida de uma forma mais assertiva para o seu tratamento. Também faz parte realizar um exercício físico", diz Maria Francisca Mauro. 

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