Suzana Alves foi diagnosticada com TDAH há dois meses. Crédito: Reprodução @Suzanaalves
Nesta quarta (3) - dia em que completou 44 anos -, a atriz Suzana Alves compartilhou com seus seguidores que foi diagnosticada com Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) há dois meses. “Descobri que tenho TDAH e que é uma condição genética. Eu já venci até aqui e vou continuar lutando contra tudo o que limita minha caminhada nesta estrada”, disse a atriz em um relato no Instagram.
Ela também falou sobre as metas que pretende atingir nesse novo ciclo. “Hoje, o meu maior treino é controlar as minhas motivações e não desistir dos meus objetivos e sonhos, e me relacionar bem com todas as pessoas. Sigo um dia de cada vez”.
No post, além de contar sobre o diagnóstico de TDAH, Suzana Alves também agradeceu a todos que a acompanham, como a família, os amigos e os fãs.
O TRANSTORNO
O TDAH é um transtorno mental caracterizado por uma alteração na intensidade de como se expressam funções normais do comportamento humano. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a condição afeta cerca de 5% das crianças, que podem carregar os sintomas para a fase adulta caso o quadro não seja tratado ainda na infância.
"É um transtorno crônico que o desenvolvimento se inicia principalmente na infância e no início da adolescência, com sintomas de inatenção, hiperatividade e inquietação. Esse transtorno psiquiátrico precisa de uma avaliação médica psiquiátrica para ser diagnosticado", diz a psiquiatra Maria Francisca Mauro.
A médica diz que, de acordo com dados, a ocorrência do TDAH é verificado em maior proporção em meninos do que em meninas. O diagnóstico é feito por meio da consulta. Exames não identificam o transtorno, mas podem ser pedidos para auxiliar no diagnóstico, eliminando outras causas para os sintomas.
A psicanalista Bianca Martins explica que é importante verificar se os sintomas se manifestam em contextos da vida cotidiana. No caso de crianças, as principais queixas são nos ambientes doméstico e o escolar. "Pode predominar a desatenção ou a hiperatividade, ou os quadros podem ser mistos. Alguns dos sintomas já estariam presentes antes dos sete anos e não se apresentariam exclusivamente associados a outros transtornos mentais", diz.
SINTOMAS
A psicanalista diz que outras condições podem produzir sintomas semelhantes aos do TDAH, como a ansiedade. "Há uma epidemia de medicalização da infância. E o TDAH, assim como os autismos nos últimos anos, passou a englobar uma série de outras sintomatologias, que antes eram descritas como retardo leve, entre outras condições. Uma criança pode apresentar-se com quadros de dislexia, de ansiedade mais expressiva, de depressão e luto, bem como déficits visuais ou auditivos, e esses serem erroneamente tratados como TDAH. Por isso, é necessário a destreza do médico na consideração diagnóstica na infância", alerta Bianca.
Ela conta que os principais sintomas do transtorno, de acordo com a American Psychological Association (APA), são a hiperatividade e a falta de atenção. "Com relação ao comportamento ele pode se apresentar agressivo, hiperativo, impulsivo, inquieto, irritadiço e sem limites", diz.
"Em relação à cognição, os sintomas vão de encontro às dificuldades de concentração, o esquecimento ou falta de atenção. Já com relação ao humor, observa-se a ansiedade, a excitação ou a raiva. É muito comum verificar questões depressivas bem como dificuldades de aprendizagem"
Bianca Martins
Maria Francisca Mauro diz que é importante entendermos que os sintomas de TDAH na vida adulta podem ser falados por algumas pessoas como ansiedade, mas o que será observado é a estabilidade dos sintomas ao longo da vida. "Mesmo na presença do TDAH, nós temos uma maior chance de ocorrência de quadros de ansiedade, de depressão e transtornos relacionados ao uso de álcool e outras substâncias. É preciso uma avaliação clínica que consiga avaliar se o diagnóstico de TDAH justifica todos os sintomas".
TRATAMENTO
Para Bianca, geralmente os pais se atentam para os sintomas de que algo não vai bem com seus filhos quando a criança deixa de brincar ou apresenta-se agitada em demasia. "Ou no ambiente escolar, quando ela não consegue acompanhar as demais nas atividade propostas. Muitas vezes, ambas condições são verificadas tardiamente. Desde a pequena infância (0 a 3 anos), pais, cuidadores e familiares devem estar atentos aos humores da criança".
Ela explica ser importante que a criança não seja rotulada a partir do diagnóstico do adoecimento. A infância é a época de grande plasticidade cerebral. Quanto menor a criança, mais chances há de reorganizar os inúmeros aspectos de sua vida que podem estar desencadeando os sintomas de hiperatividade e desatenção. "A intervenção precoce - com psicoterapia, fonoterapia ou psicopedagogia - com intuito de trabalhar as questões emocionais, cognitivas, ambientais, escolares e familiares tendem a promover melhora significativa e até menos anular o 'diagnóstico'".
O tratamento do transtorno é feito por meio de técnicas ou intervenções psicoterápicas e farmacológicas. "O tratamentos é realizado a partir do diagnóstico com uso de medicamentos para ajudar a pessoa no controle dos sintomas e do seu quadro, em especial os psicoestimulantes. A realização da terapia é indicada para que a pessoa possa aprender sobre os seus sintomas e conduzir a vida de uma forma mais assertiva para o seu tratamento. Também faz parte realizar um exercício físico", diz Maria Francisca Mauro.
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