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Publicado em 2 de agosto de 2023 às 17:42
Uma das complicações mais graves que pode ocorrer em pessoas com diabetes é o chamado pé diabético. Ele é caracterizado por uma combinação de danos nos nervos, chamado de neuropatia, e problemas de circulação sanguínea nos membros inferiores, principalmente nos pés.
"A causa é reflexo da falta de controle do diabetes por muitos anos, o que pode levar a alterações nos nervos e vasos sanguíneos dos pés", explica a endocrinologista Luiza de Backer Fachin, da Unimed Sul Capixaba.
A médica conta que a condição pode levar a diversas complicações graves, incluindo infecções, úlceras, necrose e, em último caso, amputação do pé ou parte da perna.
"Por conta da neuropatia, a pessoa pode não sentir lesões, como cortes ou bolhas, e isso pode levar a um agravamento da situação, uma vez que o problema pode passar despercebido por um período significativo", conta Luiza de Backer Fachin.
A endocrinologista Maria Amélia Sobreira Gomes, da Unimed Vitória, explica que as lesões inicialmente ocorrem ao nível microvascular e em terminações nervosas dos dedos.
"Isso leva a sensações de parestesias ou cãibras, diminuição da sensibilidade local ou sensação de dor, queimação ou agulhadas, que podem se agravar a noite. Normalmente o paciente só resolve se cuidar em um estágio mais avançado, quando já apresenta feridas de difícil cicatrização, que podem levar a necessidade de amputações".
A pele do paciente diabético é mais desidratada. Seus pés tendem a ser mais secos, com rachaduras e deformidades, como calosidades, por aderirem a pisadas diferenciadas. As lesões por fungos entre os dedos e as feridas e úlceras de difícil cicatrização se tornam frequentes. Entre as complicações que podem ocorrer caso o problema não seja tratado, estão infecções graves, úlceras de difícil cicatrização, dor neuropática (dores intensas como queimaduras ou facadas que ocorrem principalmente à noite) e amputações.
A médica conta que os músculos dos pés podem atrofiar. "Ocorre uma diminuição na condução e velocidade nervosa, levando a uma atrofia da musculatura intrínseca dos pés, levando a deformidades e alterações da marcha. Essas deformidades, associadas a limitações das articulações e da mobilidade, leva a ulcerações e calosidades graves, com comprometimento da qualidade de vida e aumento das morbidades", diz Maria Amélia Sobreira Gomes.
É recomendado o controle glicêmico adequado, com os níveis de açúcar no sangue dentro das metas recomendadas para reduzir o risco de ainda mais complicações. "No tratamento de feridas, pode haver necessidade de remoção de tecido morto em alguns casos; e uso de antibióticos para tratar infecções, quando necessário. Além disso, em alguns casos podem ser indicadas medidas para a melhora da circulação sanguínea nos membros inferiores", diz Backer Fachin.
Como prevenção, é essencial manter os níveis de glicose no sangue sob controle. "Além disso, quem é diabético e tem dificuldade de controlar o índice glicêmico deve examinar os pés com bastante frequência, buscando por lesões ou alterações; lavar os pés com água morna, evitar água quente, e manter a pele hidratada, sem aplicar creme entre os dedos", aponta.
A especialista dá mais dicas de prevenção. "Também podemos usar meias de algodão ou lã, evitando tecidos sintéticos; cortar as unhas com cuidado, mantendo-as quadradas com laterais arredondadas e sem tirar a cutícula; evitar andar descalço, protegendo os pés inclusive na praia e piscina; escolher calçados fechados, macios, confortáveis e com solados rígidos, evitando sapatos apertados, de plástico, de couro sintético e saltos muito altos; e considerar o uso de sapatos terapêuticos especiais, especialmente em caso de danos nos nervos que possam alterar a forma dos pés e dedos", finaliza Luiza de Backer Fachin.
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