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Publicado em 4 de março de 2023 às 09:13
A obesidade é uma doença crônica, multifatorial e que merece atenção, cuidado e tratamento. A classificação de obesidade é feita pelo Índice de Massa Corporal (IMC), onde o peso do paciente é dividido pelo quadrado da altura. >
"Entretanto, o IMC é falho porque ele nos informa sobre, além do peso da gordura, o peso dos músculos e de massa óssea. Uma forma muito importante é avaliarmos a cintura do paciente, em que o homem deve ter cintura abaixo de 94 cm e a mulher abaixo de 80 cm. O valor aumentado da cintura nos mostra a existência de gordura visceral, que é a que causa doenças. O problema da obesidade é que ela é uma doença inflamatória, que causa uma série de outras comorbidades, que podem levar a uma série de complicações na vida do paciente", diz a endocrinologista Mariana Guerra, da Unimed Vitória.>
A Organização Mundial da Saúde (OMS) tem alertado que a prevalência de obesidade triplicou em todo o mundo desde 1975. No Brasil, a doença crônica afeta quase 1/4 da população, mas o sobrepeso acomete quase seis em cada 10 brasileiros. Para conscientizar a população sobre o problema, o dia 4 de março é lembrado como o Dia Mundial da Obesidade. >
A médica explica que a obesidade gera um processo inflamatório que vai levar a uma série de doenças crônicas. "A obesidade leva à resistência insulínica, que acaba levando ao desenvolvimento de diabetes; leva também à hipertensão arterial, à Síndrome dos Ovários Policísticos (e consequentemente ao aumento de acne, de pelos e dificuldade para engravidar)", diz Mariana Guerra. >
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Mariana Guerra
A endocrinologista Camila Pitanga Salim, da Rede Meridional, diz que são inúmeras as causas da obesidade, por isso é considerada uma doença multifatorial. "Em uma pessoa geneticamente predisposta, os maus hábitos alimentares e sedentarismo precipitarão o desenvolvimento da obesidade. Algumas disfunções endócrinas também podem levar ao desenvolvimento da doença. Por isso, na hora de pensar em perder peso, o recomendado é procurar um especialista".>
A médica ressalta que a obesidade é fator de risco para uma série de doenças. O portador de obesidade tem mais propensão a desenvolver problemas como hipertensão, doenças cardiovasculares, diabetes tipo 2, apneia do sono além de problemas físicos como artrose, pedra na vesícula, artrite, cansaço, refluxo gastroesofágico, infertilidade e irregularidade menstrual. "Alguns tipos de câncer também são mais comuns em pacientes com obesidade", diz Camila Pitanga Salim.>
Ao todo, cerca de 13 tipos de câncer já possuem alguma relação com a obesidade, sendo os mais comuns, os de fígado, mama, tireóide, ovário, rim, pâncreas e estômago. E essa é uma realidade que tende a evoluir de forma negativa: até 2025 serão 29 mil novos casos de câncer causados pelo excesso de peso (4,6% do total) segundo o estudo epidemiológico, feito em colaboração com a Harvard University (Estados Unidos) e publicado em 2018.>
“A obesidade é a segunda maior causa evitável da doença, perdendo apenas para o tabagismo. No entanto, devido a diminuição do número de fumantes, é esperado que nos próximos anos ela seja a condição prevenível mais comum”, comenta Daniel Gimenes, oncologista do Grupo Oncoclínicas.>
O sobrepeso também pode causar trauma repetitivo no joelho e desgastar articulações. “Quando o corpo fica maior devido ao acúmulo de gordura, há uma sobrecarga sobre as articulações, com um ‘trauma’ repetitivo e excessivo da cartilagem, levando a sua degeneração. Além disso, o sobrepeso e a obesidade inflamam o corpo e geram diversas condições e propensão para desenvolver problemas, como artrite e artrose, além de aumentar as dores”, explica o ortopedista Marcos Cortelazo.>
Segundo o médico, essa situação é chamada de degeneração da cartilagem articular, de causa principalmente mecânica. “Hoje, sabemos que essa é uma das maiores preocupações na área da ortopedia e reumatologia, possuindo relação direta com a osteoartrose”, explica o médico. Além disso, há um risco também de condromalácia, condição que mais afeta indivíduos com alto grau de obesidade. “Nesse caso, a sobrecarga gera inflamação na cartilagem, que fica mole com o tempo. Se o diagnóstico demorar a ser feito, o joelho pode ficar inoperável, piorando suas condições gradativamente”, diz o médico. >
Outras lesões geradas por excesso de carga são: lesão da cartilagem e lesão meniscal degenerativa. “Em ambos os casos, podemos ter quadros graves, ainda mais em pacientes em que a obesidade intensificou problemas no joelho já existentes”, argumenta Marcos Cortelazo.>
O excesso de gordura corporal também pode inflamar o corpo e diminuir até as chances de gravidez. “A ovulação e a função reprodutiva são eventos biológicos dependentes das reservas energéticas do corpo. Não só o peso em específico, mas principalmente a composição corporal e a distribuição de gordura no corpo, além da qualidade da dieta e o sedentarismo, podem, sim, estar ligados à infertilidade feminina e masculina”, explica Fernando Prado, especialista em Reprodução Humana da Neo Vita. >
Quanto às mulheres, a obesidade está associada a distúrbios do ciclo menstrual e infertilidade, especialmente porque interfere na fase de ovulação. “Sabemos que os distúrbios ovulatórios representam 25 a 50% de todas as causas de infertilidade em mulheres, e uma proporção significativa está direta ou indiretamente relacionada ao sobrepeso e à obesidade”, conta o médico. >
O aumento de peso corporal também está associado à anovulação, termo que define a ausência da ovulação. “Além disso, quando ocorre a gravidez, aumenta-se o risco de diabetes gestacional, pré-eclâmpsia (aumento da pressão arterial na gestação) e de parto prematuro, situações muito perigosas para a mãe e o bebê. A mulher que deseja engravidar, se apresentar alterações metabólicas como obesidade e resistência insulínica ou histórico familiar de diabetes, deve ser orientada quanto aos riscos do desenvolvimento de diabetes gestacional e encorajada a fazer mudanças imediatas no hábito alimentar”, diz o médico Fernando Prado. >
Com relação aos homens, aqueles com 20 quilos a mais no peso corporal ideal são 10% mais propensos a ter infertilidade. “Quanto maior o índice de massa corporal de um homem, mais chances de a sua contagem de espermatozoides ser baixa, com pior qualidade do esperma e baixa motilidade. A própria gordura que fica entre as coxas esquenta os testículos, prejudicando a produção de espermatozoides”, destaca Fernando Prado. >
A médica Camila Pitanga Salim conta que a obesidade é considerada uma doença crônica, porém existem tratamentos e medidas de prevenção. "O tratamento deve ser contínuo e orientado por profissional capacitado. Mesmo quando se opta por tratamentos mais definitivos como a cirurgia bariátrica, os cuidados devem permanecer, pois o paciente pode voltar a engordar caso não mantenha uma rotina de alimentação e atividade física". Ter uma alimentação saudável e adotar a prática de atividade física fazem parte da prevenção da doença.>
Camila Pitanga Salim
Também é importante inserir as atividades físicas na rotina. Além de ajudar na prevenção da obesidade, é um forte aliado na manutenção da perda de peso no tratamento da obesidade. "Além disso previne também outras doenças associadas com a obesidade como hipertensão, diabetes e doenças cardiovasculares", finaliza Camila Pitanga Salim.>
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