A droga é aplicada com a ajuda de uma "caneta". Crédito: Shutterstock
Você já ouviu falar no Ozempic? O tratamento de diabetes tipo 2 ganhou notoriedade nos últimos anos como aliado no emagrecimento de pessoas obesas ou com sobrepeso. O medicamento virou febre em redes sociais, como o TikTok, por promover um emagrecimento considerável em pessoas obesas. "O Ozempic é um medicamento que contém o princípio ativo semaglutida, utilizado para tratar a Diabetes 2", diz a endocrinologista Gisele Lorenzoni. Especialistas ressaltam que a medicação é indicada e usada para o tratamento de obesidade e sobrepeso em pacientes diabéticos.
Além de tratar o diabetes tipo 2 e reduzir a produção de insulina no sangue - que é a proposta do medicamento -, ele reduz o esvaziamento gástrico fazendo com que a digestão fique mais lentificada, promovendo saciedade. "Ele tem uma ação melhor para controlar a glicemia se for associado a dieta e exercícios. E também é utilizado junto a outras medicações para diabetes quando, sozinho, não consegue controlar os níveis glicêmicos", explica Gisele Lorenzoni.
Por causa do 'efeito secativo', o Ozempic passou a ser indicado “off label” (fora da bula) por médicos, apesar de não ter aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) nem da empresa que o fabrica, a Novo Nordisk, para ser usado visando o emagrecimento. Porém, a endocrinologista alerta que só vale a pena tomar após criteriosa avaliação individual do paciente. "Só podemos prescrever uma medicação se houver respaldo científico e avaliação criteriosa do paciente".
" É preciso estar atento ao princípio ativo do medicamento – no caso, a semaglutida – e assim, quem for alérgico a esse substância ou outras na fórmula, quem tem problemas no fígado, histórico de carcinoma medular de tireoide, pacientes com diabetes 1 e gestantes não podem usar"
CUIDADOS
A endocrinologista Claudia Chang explica que a semaglutida é um análogo do GLP1, hormônio produzido no intestino após a ingesta de alimentos. "Além da ação no pâncreas - estimulando a produção de insulina quando a glicemia está alta -, a droga também atua no centro da fome na região hipotalâmica. Além disso, também há uma redução do esvaziamento do estômago o que leva a uma maior saciedade", diz.
Ela é aplicada com a ajuda de uma "caneta". E a endocrinologista lembra que todas as medicações, sejam ela “on label” ou “off label”, devem ser prescritas somente pelo médico e acompanhadas. O “off label” significa fora da indicação de bula. Na medicina, é comum acontecer de um remédio ser criado para um determinado fim e se descobre depois que ele também teria outra atuação.
Entre os efeitos colaterais mais comuns, estão a náusea, o vômito, a constipação (intestino preso) e a queimação. Outro remédio que também tem sido usado pelas pessoas para emagrecer é Saxenda, este também fabricado pela Novo Nordisk. Claudia Chang explica que ele é o liraglutide, mesma classe do Ozempic. "Mas ao contrário do Ozempic, que a aplicação é semanal, o Saxenda é diário. Ambos são injetáveis. As contra indicações e efeitos colaterais seriam muito semelhantes", diz.
EMPRESA NÃO RECOMENDA O USO OFF-LABEL DO OZEMPIC
Por nota, a empresa Novo Nordisk, que fabrica o Saxenda e o Ozempic, ressalta que não recomenda o uso off-label de nenhum de seus medicamentos. "É importante ressaltar que a companhia não endossa ou apoia a promoção de informações de caráter off label, ou seja, em desacordo com a bula de seus produtos. O Ozempic®, aprovado e comercializado no Brasil para diabetes tipo 2 e cujo princípio ativo é o mesmo do Wegovy ™, ainda em fase de aprovação pela ANVISA (semaglutida), não possui indicação aprovada pelas agências regulatórias nacionais e internacionais para obesidade", explica a companhia.
A Novo Nordisk esclarece ainda que "atualmente, o único medicamento da companhia disponível no Brasil para o tratamento da obesidade é Saxenda, lançado no país em 2016. Em 2020, Saxenda foi aprovado para prescrição também em adolescentes de 12 a 18 anos, tornando-se o único tratamento para obesidade aprovado para faixa etária no Brasil".
Atualização
19 de abril de 2022 às 11:35
A matéria foi atualizada com as recomendações da empresa que fabrica os medicamentos citados no texto.
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