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Publicado em 1 de junho de 2023 às 08:09
O Ozempic, droga aprovada para o tratamento do diabetes tipo 2, se popularizou nos últimos tempos após estudos e relatos de usuários associarem seu o uso à perda de peso significativa. O princípio ativo do Ozempic é a semaglutida, uma forma sintética do hormônio GLP-1, que promove a saciedade. Por conta deste mecanismo, ele ajuda a emagrecer.
A endocrinologista Flávia Tessarolo explica que a indicação em bula do Ozempic é o controle do diabetes mellitus tipo 2, em doses de até 1 mg por semana. "Ele vem sendo utilizado 'off label', ou seja, sem indicação em bula, para tratamento da obesidade, porque os estudos com a droga continuaram. Eles demonstraram benefício e segurança da semaglutida para tratamento de sobrepeso e obesidade, em doses até maiores que a dose do Ozempic. Assim, temos o respaldo dos estudos científicos", diz a médica.
A médica conta que a medicação atua no pâncreas, melhorando a função das células Beta, que são as produtoras de insulina, e reduzindo a secreção de glucagon, que é um hormônio que aumenta a glicose, o açúcar do sangue. "Essa ação ocorre em resposta a uma alimentação, quando a glicose está elevada, controlando assim os níveis de glicose. Atua também no hipotálamo, que é o centro regulador do apetite e saciedade, reduzindo o apetite e a preferência por alimentos gordurosos. Além disso, tem também uma ação direta no estômago, deixando o esvaziamento desse órgão mais lento, ou seja, estômago cheio mais tempo", explica Flávia Tessarolo .
A endocrinologista diz que os efeitos colaterais mais graves, que são mais raros, incluem pancreatite e reações alérgica graves, como reações anafiláticas.
A endocrinologista Amanda Araujo, da clínica Giane Giro, conta que entre os efeitos colaterais da droga, o mais comum é a náusea. "Outros que podem estar presentes são diarreia ou constipação intestinal; algumas vezes, a piora de eructações e dos sintomas da doença do refluxo gastroesofágico. Colelitíase (pedra na vesícula), também é uma situação que pode ocorrer nas pessoas em uso da semaglutida, mas muito mais associada a perda rápida de peso do que a um efeito da droga".
A médica diz que a semaglutida é uma das medicações mais seguras do ponto de vista neuropsiquiátrico, com pouquíssima interação com as medicações de sistema nervoso central. "Além disso, é muito segura e, inclusive, uma ótima opção a ser usada em pacientes com risco cardiovascular elevado, hipertensos e diabéticos", diz Amanda Araujo.
Apesar disso, a medicação não deixa de ter suas limitações de uso, como em pessoas muito intolerantes ao medicamento, gerando prejuízo na qualidade de vida. "Além disso, é um medicamento contraindicado para uso em gestantes e lactantes, não deve ser usado em pessoas com história de carcinoma medular de tireoide e deve ser avaliado com cautela em pacientes com história prévia de pancreatite", ressalta Amanda Araújo.
Com o corte do apetite, pode ocorrer das pessoas se esquecerem de se alimentar, ou fazerem escolhas pouco nutritivas, que podem causar problemas de saúde. Flávia Tessarolo explica que o objetivo do tratamento não é ficar totalmente sem fome. "A fome é um sinal fisiológico do nosso corpo, para podermos suprir nossas necessidades energéticas e nutricionais. Para que a pessoa não se esqueça de comer devido a total falta de apetite, existe a titulação de dose, que deve ser individualizada, além de toda orientação com relação à hidratação, ingesta adequada de proteínas, vegetais, carboidratos, e ordem dos alimentos ingeridos em cada refeição", conclui.
A empresa Novo Nordisk, que fabrica o Saxenda e o Ozempic, ressalta que não recomenda o uso off-label de nenhum de seus medicamentos. "É importante ressaltar que a companhia não endossa ou apoia a promoção de informações de caráter off label, ou seja, em desacordo com a bula de seus produtos. O Ozempic, aprovado e comercializado no Brasil para diabetes tipo 2 e cujo princípio ativo é o mesmo do Wegovy ™, ainda em fase de aprovação pela ANVISA (semaglutida), não possui indicação aprovada pelas agências regulatórias nacionais e internacionais para obesidade", explica a companhia.
A Novo Nordisk esclarece ainda que "atualmente, o único medicamento da companhia disponível no Brasil para o tratamento da obesidade é Saxenda, lançado no país em 2016. Em 2020, Saxenda foi aprovado para prescrição também em adolescentes de 12 a 18 anos, tornando-se o único tratamento para obesidade aprovado para faixa etária no Brasil".
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