Parkinson: conheça os sintomas da doença de Renata Capucci

Lentidão nos movimentos, tremores e rigidez muscular estão entre os sintomas mais conhecidos da doença que afeta principalmente idosos, mas que também pode atingir a população mais jovem

Vitória
Publicado em 27/06/2022 às 17h31
Renata Capucci

Renata Capucci foi  diagnosticada com doença de Parkinson com 45 anos. Crédito: Reprodução @Renatacapucci

A jornalista do Fantástico Renata Capucci, de 49 anos, revelou que foi diagnosticada com Doença de Parkinson há quatro anos. A entrevista dela foi divulgada no podcast Isso é Fantástico, que foi ao ar neste domingo (26).

"Chegou a minha hora, chegou a minha vez de me libertar, porque viver com esse segredo é ruim. Você se sente vivendo uma vida fake, porque parte de você é de um jeito e você fica escondendo a outra parte de outras pessoas. No meu caso, a maioria das pessoas, porque eu sou uma pessoa pública. Eu fui diagnosticada com doença de Parkinson em outubro de 2018, quando eu tinha 45 anos. Hoje, eu tenho 49", contou. 

Ela começou a perceber os primeiros sintomas durante as gravações do programa Popstar. "Eu comecei com o diagnóstico um pouquinho antes. Eu comecei a mancar e as pessoas falavam para mim: ‘Por que você está mancando, Renata?’. E eu falava: ‘Eu não estou mancando’. Eu não percebia que eu estava mancando. Aí fui fazer fisioterapia, osteopatia e a coisa não mudou. E aí em um dado momento, depois do sexto programa, eu estava em casa e o meu braço subiu sozinho, enrijecido. E o meu marido que é médico, logo depois do programa, me levou para um hospital que tinha emergência neurológica e eu fui diagnosticada com Parkinson. Aquilo caiu como uma bigorna em cima da minha cabeça".

Renata disse que cuida da própria saúde e que encara a doença de frente. "Só que eu estou aqui para dizer isso para vocês, para quem está ouvindo o podcast, porque eu estou viva. Quatro anos depois, eu estou bem, eu sou feliz. Eu não quero virar mártir. Eu não quero que tenham pena de mim. Ao contrário, eu tenho orgulho da minha trajetória. Eu tenho orgulho da maneira como eu encaro essa doença, porque eu encaro ela de frente hoje". 

Já passei por todas as fases, da depressão, da negação. Hoje, eu estou na fase cinco que eu olho essa doença de frente e eu falo assim: ‘Senhor Parkinson, eu tenho você, você não me tem’. Eu faço tudo o que eu posso de exercício, de remédio e eu tenho uma vida positiva. Eu me sinto feliz, apesar de tudo. Não me sinto diminuída

 A DOENÇA

Parkinson é uma doença progressiva do sistema neurológico que afeta principalmente o cérebro. Com a evolução do quadro, alterações cognitivas e comportamentais tendem a impactar severamente o dia a dia dos pacientes. Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 1% da população mundial com mais de 65 anos é portadora da doença, indicando que mais de 4 milhões de pessoas vivem com o Parkinson no mundo atualmente. No Brasil, o Ministério da Saúde considera que há em média 200 mil pacientes com Parkinson.

A repórter do Fantástico tinha 45 anos, idade considerada incomum para o surgimento de sintomas do quadro, tratando-se de um caso precoce da doença. O neurocirurgião Nilton Lara, da Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo, ressalta que, embora o Parkinson não tenha cura, atualmente a medicina conta com diversos recursos que contribuem para diminuir sintomas significativos da doença. “Com o tratamento adequado, é possível devolver ao paciente mais autonomia, fazendo com que ele tenha qualidade de vida por mais tempo”, explica.

OS SINTOMAS

Lentidão nos movimentos, tremores e rigidez muscular estão entre os sintomas mais conhecidos da doença. Segundo a Fundação do Parkinson, nos EUA, os sintomas daqueles com identificação precoce da doença são semelhantes aos sinais relatados em idades mais avançadas. Porém, de acordo com a fundação, a distonia – contrações involuntárias dos músculos – é mais frequente nesses casos.

O neurocirurgião Nilton Lara explica que a doença causa múltiplos sintomas que podem ser divididos em motores e não-motores. Os característicos da doença são os motores. "Ou seja, o tremor que é um sintoma que estigmatiza a doença e ocorre em 40% das pessoas. Outro sintoma é a rigidez e a bradicinesia, que faz com que a pessoa tenha dificuldade em realizar movimentos voluntários e promove a lentificação de reflexos e movimentos do corpo. Além disso, tem a dificuldade de fala, de marcha, de equilíbrio e de deglutição". 

Os sintomas não-motores são mais difíceis de serem diagnosticados, como a depressão, a perda do olfato, as alterações urinárias, o distúrbio no sono e a pele oleosa. São sintomas que podem acontecer na doença e maior intensidade conforme a passagem do tempo

Veja alguns sintomas do Parkinson

  • Tremores das mãos, braços, pernas, mandíbula e rosto;
  •  Rigidez dos membros e tronco;
  •  Bradicinesia, que faz com que a pessoa tenha dificuldade em realizar movimentos voluntários;
  •  Depressão;
  • Dificuldade de fala e de equilíbrio;
  •  Distúrbios do sono;
  • Perda do olfato;
  • Alterações urinárias.

O diagnóstico é clínico, e através da avaliação de um neurologista que pode identificar os sintomas da doença. "Existem exames que podem ajudar com o diagnóstico como a ressonância magnética com pesquisa de nigrossomo, o ultrassom transcraniano e o Pet Scan com Trodat. Entretanto, a melhor forma de avaliar é com o exame neurológico do paciente". 

CIRURGIA

De acordo com o médico, o tratamento com medicamentos costuma trazer ótimos resultados em pacientes por um período de 5 a 10 anos. No entanto, ao longo do tempo, os remédios começam a causar efeitos colaterais que podem ser mais prejudiciais que os próprios sintomas da doença. “Esse é o melhor momento para realizar a cirurgia”, afirma.

A cirurgia consiste no implante de eletrodos em pontos específicos do cérebro, conectados a um neuroestimulador. “Ele funciona como um marca-passo, trata-se de um equipamento muito pequeno implantado sob a pele na região abdominal ou abaixo da clavícula”, explica o médico.

Ele destaca que o procedimento é pouco invasivo e pode ser executado sob sedação, permitindo rápida recuperação. A partir daí, o implante é regulado progressivamente e leva cerca de três meses para chegar ao ponto de estimulação máximo. “A estimulação diminui os sintomas motores, o tremor, a rigidez e os movimentos involuntários, além de reduzir os problemas com equilíbrio, a marcha e a fala, levando o paciente a adquirir mais independência para se locomover e se comunicar”, complementa.

O médico ressalta que o apoio de uma equipe multidisciplinar é muito importante para a melhora na qualidade de vida do paciente, como fonoaudiólogos e fisioterapeutas. "O tratamento é multidisciplinar, envolvendo tratamento medicamentoso acompanhando de reabilitação física, fonoaudiologia, acompanhamento psicológico. Tudo faz parte do tratamento", diz Nilton Lara.

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