O influenciador João Castro fez peeling de fenol. Crédito: Reprodução @joaocastroph
O influenciador João Castro mostrou um antes e depois de ter feito o procedimento de peeling de fenol e viralizou na internet. A filmagem, com mais de 23 milhões de visualizações até o momento, exibe imagens do rosto do jovem nos 18 primeiros dias de procedimento. A publicação causou espanto na web. O procedimento causa uma descamação intensa e formação de crostas, propiciando a troca da pele.
O procedimento é caracterizado como uma ‘queimadura' programada e não é indicada para todas as pessoas devido ao alto nível de toxicidade do processo. Fenol, ou ácido carbólico, é uma substância derivada do coaltar. Ele produz coagulação das proteínas da pele. Essa ação queratocoagulante induz a uma queimadura química que, ao longo do tempo, resulta no rejuvenescimento da pele.
A dermatologista Pauline Lyrio explica que quando se trata de rugas finas ou profundas, o peeling de fenol pode ser considerado um dos melhores tratamentos para combatê-las. "O rejuvenescimento facial intenso observado em pacientes tratados em sessão única com o peeling de fenol resulta da ação dessa substância, que veiculada em formulações específicas, penetra e permeia profundamente na pele, promovendo coagulação das proteínas cutâneas. Esse dano químico profundo e controlado será seguido de um processo de regeneração cutânea que levará a uma nova pele, com menos rugas, manchas, cicatrizes e flacidez".
O tratamento é recomendado para quem deseja melhorar rugas, clarear a pele, reduzir manchas de sol na pele, atenuar cicatrizes, entre outras indicações.
PERIGOS
A médica conta que dependendo da formulação e da técnica utilizada, o uso do peeling de fenol pode ocasionar diversas complicações. "Podemos citar desde alterações permanentes da pigmentação até mesmo, em alguns casos, ocorrência de absorção do fenol, resultando em arritmias cardíacas e danos renais", diz Pauline Lyrio.
- Veja os principais perigos:
- As alterações da pigmentação podem ocorrer devido ao processo inflamatório. No caso da hipocromia cutânea (manchas brancas na pele), pode ocorrer pela toxicidade do fenol ao melanócitos.
- Mais comumente, é observado eritema (vermelhidão da pele) prolongado que pode persistir por aproximadamente seis meses após realização do procedimento.
- Pode ser observado ectrópio (versão da pálpebra, expondo excessivamente o olho), por contração da pálpebra inferior.
- Podem ocorrer infecções especialmente bacterianas durante o processo de cicatrização da ferida.
- Podem surgir cicatrizes mais profundas, podendo ser permanentes, sendo mais comuns próximas aos lábios, pálpebras e mandíbula.
- Pode ocorrer o surgimento de miliuns (pequenos cistos brancos), devido à rápida reepitelização da pele
A dermatologista conta que a recuperação e restauração da pele após o procedimento é lenta e exige paciência e cuidados especiais, com acompanhamento médico rigoroso.
"O fenol é tóxico para todas as células. Ele penetra e permeia a pela, sendo absorvido e excretado na urina. Dependendo da formulação, em concentrações elevadas no sangue pode ter efeito tóxico no miocárdio (músculo do coração), provocando arritmias"
Pauline Lyrio
Concentrações elevadas, aplicações muito agressivas ou com técnica inadequada podem levar a complicações estéticas bem como regulamento dos olhos, manchas e cicatrizes permanentes na pele. "Por isso, apesar das vantagens do peeling de fenol, ele deve ser utilizado de maneira segura, criteriosa e com acompanhamento de médico qualificado para a técnica", reforça a dermatologista.
Como precauções para a utilização do peeling de fenol, devem ser evitados pacientes diagnosticados com doença cardíaca, renal e hepática. "Também devem ser evitados quando houver presença de infecções locais bem como bactérias e de herpes; pessoas que possuam exposição contínua a raios UV; uso recente de isotretinoína oral; pacientes com instabilidade psicológica e expectativas irreais; predisposição a cicatrizes queloideanas e pacientes com fototipos mais elevados, ou seja, peles de tipo IV a VI, de acordo com a classificação de Fitzpatrick (escala com os tipos de pele de acordo como reagem aos raios do sol)", explica Pauline Lyrio.
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