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Publicado em 27 de outubro de 2022 às 15:57
Um vídeo mostrando um tratamento de beleza viralizou nas redes sociais. Nas imagens, mostra o rosto da mulher passando pelas etapas de recuperação do procedimento chamado peeling de fenol. O vídeo chamou a atenção do público pela condição da pele após a aplicação do ácido e também pela transformação facial depois de 21 dias. O procedimento causa uma descamação intensa e formação de crostas, propiciando a troca da pele.
O dermatologista Ricardo Tiussi, do Instituto Pele, explica que o procedimento é um peeling profundo, que promove o rejuvenescimento facial com resultados expressivos. Enquanto os peelings mais superficiais ou médios atuam na camada córnea da pele, ou seja, na epiderme, o peeling de fenol atinge as camadas mais profundas da derme e age sobre lesões como rugas, flacidez, manchas e cicatrizes.
“Por ser uma substância ácida, ao ser aplicado na face, o fenol vai penetrando na pele 'apagando' a memória antiga, até destruir parcialmente a camada basal. Após a aplicação do fenol, uma máscara oclusiva, com propriedades calmantes, é colocada sobre a pele”, explica o médico.
Com o peeling de fenol, a pele antiga é praticamente liquefeita e uma nova camada surge. A derme se recupera com a formação do colágeno novo, que a deixa mais consistente, conferindo um aspecto visivelmente rejuvenescido, com menos rugas, flacidez, aspereza, sulcos, manchas e mais firmeza.
Apesar dos resultados mostrados no vídeo, o peeling de fenol não é indicado para todos os tipos de pele. A dermatologista Endrika Trindade Magnago diz que as indicações são bem específicas e o procedimento tem bons resultados em peles brancas (fototipo I e II) e com rugas e sulcos profundos.
"O peeling de fenol age como qualquer peeling químico forte provocando uma queimadura controlada na pele com o objetivo de promover renovação celular. Se todos os protocolos de segurança não forem corretamente aplicados podem ocorrer queimaduras graves, cicatrizes hipertróficas, atróficas, hiperpigmentação ou despigmentação da pele. E como o fenol é cardiotóxico, ou seja, tem efeito nocivo sobre o coração e rins, pode também provocar uma arritmia e até uma parada cardíaca", ressalta a médica.
O procedimento causa uma descamação intensa e formação de crostas, propiciando a troca da pele. “É um procedimento muito agressivo, pois atinge as camadas mais profundas da pele. O fenol pode causar alterações no coração, no rim e no fígado. É preciso preparo físico e psicológico prévio, acompanhamento médico e monitoramento cardíaco durante o procedimento, já que é usada anestesia. Também é necessário acompanhamento no período de recuperação, porque podem surgir complicações”, alerta o dermatologista Bruno Lages, da Clínica Otávio Macedo & Associados.
O médico diz que o procedimento deve ser feito em clínica (quando feita em pequenas áreas do rosto) ou ambiente hospitalar (na face toda como o procedimento que viralizou), já que nesses espaços há equipamentos para acompanhar as condições cardíacas do paciente. “A pele precisa estar limpa e desengordurada para receber o fenol. É passado com uma espátula ou gaze, em movimentos controlados, porque se a substância penetrar rápido demais na pele pode causar uma intoxicação. O fenol é aplicado por áreas divididas no rosto e a cada aplicação é preciso esperar até 20 minutos para que a substância seja metabolizada”, complementa.
A recuperação do peeling de fenol pode levar até três meses. Nesse período, a pele fica com aspecto de vermelhidão, sensação de queimação e inchaço. Além disso, podem surgir infecções, manchas temporárias e cicatrizes queloides. Os resultados podem demorar até seis meses, porque mesmo após a descamação da pele ela pode continuar sensível e com aspecto de vermelhidão por um tempo.
O médico também afirma que o procedimento é útil para tratar rugas profundas por meio da troca de pele do rosto, mas que nem todos os casos são indicados. “O procedimento só deve ser feito por indicação do dermatologista ou cirurgião plástico, quando há necessidade, caso outros procedimentos menos invasivos não surtam efeito. É imprescindível procurar um profissional especializado na técnica”, diz Bruno Lages.
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