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Publicado em 30 de junho de 2022 às 14:54
Você já sentiu enjoo ou náuseas após um treino de exercício físico? Enquanto alguns ficam em êxtase depois da prática da atividade, outros têm a sensação de desconforto. Na maioria dos casos, o mal-estar é temporário e normal, não chegando a ser uma preocupação para a saúde.
Em artigo publicado no The Conversation, o professor e diretor do Centro de Aprendizagem de Anatomia Clínica da Universidade Lancaster, no Reino Unido, Adam Taylor, conta que, durante os exercícios, o fluxo sanguíneo aumenta em direção aos músculos ativos no processo, ao cérebro, ao pulmão e ao coração. Essa mudança é conduzida pelo sistema nervoso simpático, uma parte autônoma que regula o organismo para situações de esforço físico, de alerta e de perigo, por exemplo.
Para isso, o sistema promove o alargamento das artérias que conduzem o sangue para as regiões que serão mais abastecidas. Porém, ao mesmo tempo, ele estreita os vasos que entram no sistema gastrointestinal em até 80%. Isso porque o sangue é responsável pela oxigenação dos tecidos, mas ele está presente em quantidade limitada no corpo humano.
Então, quando áreas como pulmão e coração precisam de maior demanda de oxigênio, como durante a atividade física, é preciso compensar diminuindo em outras regiões, como ocorre com a área onde fica o estômago.
O professor explica que, quando comemos, o nosso organismo libera ácido gástrico e enzimas necessárias para digerir a comida no estômago. Além disso, uma parte do sistema nervoso simpático vai direcionar um maior fluxo sanguíneo para essa região, que precisa estar mais ativa durante a digestão.
Gisele Lorenzoni, endocrinologista e especialista em Medicina Esportiva, conta que, quando a atividade física é mais extenuante, ou seja, a pessoa trabalha numa zona que exige mais da frequência cardíaca, pode acontecer o enjoo. "Por ser uma atividade física mais exaustiva que mantém a frequência cardíaca mais elevada, ela pode levar a quadro de náuseas. Com isso, se a atividade física é feita a longo prazo ou de alta intensidade, fazendo o corpo trabalhar no limite superior de sua frequência, é comum que a pessoa tenha essa sensação de enjoo, diminuindo a fome ao longo do tempo".
A especialista diz que beber muita água acaba enchendo o estômago e pode levar a náuseas durante o exercício. Por isso, o ideal é sempre se hidratar, porém em quantidades pequenas, já que o corpo ingere a quantidade suficiente que necessita. Alimentos pesados e calóricos devem ser evitados no pré-treino, dando preferência aos mais leves, como integrais, grãos e frutas.
Segundo a médica Gisele, se a pessoa já treina e faz o controle alimentar, ela já sabe o alimento ideal a ser ingerido. "Mas, quando uma pessoa está iniciando a prática de exercícios físicos, é preciso ter uma certa distância de alimentação do seu horário de treino. Para evitar os enjoos, é indicado dar distância entre a alimentação e o treino, comer de 1 hora a 40 minutos antes, comer em pequena quantidade e preferir alimentos leves", finaliza.
De acordo com o professor da Universidade Lancaster, a recomendação é adotar o intervalo ideal entre a alimentação e a prática das atividades físicas. Se o exercício é imediatamente ou até uma hora após a refeição, é mais provável que o enjoo apareça pois o corpo ainda está fazendo a digestão. Isso porque leva aproximadamente duas horas para que os alimentos sejam decompostos pelo estômago. Por isso, implementar o intervalo de 120 minutos antes de dar início ao treino é o recomendado em caso de náuseas constantes.
O professor explica ainda que alimentos ricos em fibras, gordurosos e até ricos em proteínas aumentam a probabilidade de enjoos, pois levam mais tempo para serem digeridos.
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