“No reino humano a beleza é aparente e a verdade é oculta. Nos seres divinos é o contrário, a beleza é oculta e a verdade é aparente.”
Somos todos e cada um de nós o centro do universo... (Pare e considere por um instante).
Mas isso tanto pode ser um tesouro, quanto um prejuízo. Posto que essa característica nos confere o poder de escolher entre sermos seres excêntricos ou egoístas.
O que vai depender da qualidade de orientação que damos aos nossos pensamentos.
Explico: se a personalidade for o centro a existência, então cultuamos o ego, e nos deixamos guiar pela materialidade e pela aparência. Assim, de fora pra dentro mesmo.
Mas se compreendemos que somos parte de um todo, e cultuamos o ponto central para além do próprio umbigo, então nos deixamos guiar pela verdade e pelo espirito. E ficamos mais excêntricos… Estranhos na sociedade em que vivemos, porque nos orientamos por uma verdade cujo centro está fora da gente.
Pode ser que você tenha consciência ou não disso.
![Qual é a estrela que te guia?](https://midias.agazeta.com.br/2024/05/10/qual-e-a-estrela-que-te-guia-2100332-article.jpg)
Somos todos e cada um de nós o centro do universo. Crédito: Shutterstock
Portanto, venho propor a seguinte reflexão:
— Qual é a estrela que te guia?
Para início de conversa é preciso que fique dito: sem alguma conexão com a alma, com o Maior, com o Mistério (você pode chamar como preferir), nossa personalidade assume o leme e acredita ser a melhor comandante do navio.
Acontece que a psique humana, essa que modela a personalidade de cada um de nós, vai ser invariavelmente marcada e esburacada pelos traumas, pequenos e grandes, que vivemos desde a infância, desde a nossa fundação — ancestral inclusive.
Personalidade essa que foi lapidada para nos adaptar ou “nos salvar” da família de origem, do contexto e dos hábitos da convivência; e que nos protegeu e nos “armou” para enfrentarmos a vida.
Ainda assim, essa armadura não deveria servir de guia… Pois ainda que busquemos reparar as marcas que nos lapidaram, fixadas no inconsciente, praticando toda forma de terapia, e até conseguindo valiosas melhorias, o osso do traço permanece, como a memória de um membro vivo. Porque, claro, somos matéria.
De modo que, a estratégia para evoluir por aqui não deveria ser orientar-se por ela.
Uma vez sabendo disso, a jornada começa.
Porque para deixar de ser comandado pelo personagem, digo pela personalidade — que nos salvou um dia, e por isso agora demanda voz ativa — e passar a ser orientado pela alma, é preciso vontade.
Iniciação, busca, procedimento e aprimoramento da capacidade de apreciar os acontecimentos do ponto de vista mais amplo, para começar a perceber o invisível, e não mais as aparências.
Mas, atenção, o desejo de apreciar a realidade para além das aparências vem da consistência do hábito de reverenciar o mistério e o milagre da vida.
Autoconhecimento, conexão, espiritualidade, pratica da gratidão e a da presença. Também a consciência sobre a própria brevidade, e a confiança… Ah, a confiança na vida que tece a teia, que nos insere no Mistério e no fluxo da magia e da alegria.
Essa prática sutil e íntima, que naturalmente nos mantém num “estado de arte”, fluindo entre os acontecimentos, e aproveitando, inclusive, cada atrito (para afiar a consciência).
Finalmente, no fim do dia seremos sempre um pouco excêntricos e um pouco egoístas… Um pouco conscientes, um pouco inconscientes; um tanto verdade, um tanto fantasia…
O ponto é perceber, escolher ou reorientar a estrela Maior que nos guia.
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