• Maria Sanz

    É artista e escritora, e como observadora do cotidiano, usa toda sua essência criativa na busca de entender a si mesma e o outro. É usuária das medicinas da palavra, da música, das cores e da dança

Qual é a estrela que te guia?

Publicado em 12/05/2024 às 07h00

“No reino humano a beleza é aparente e a verdade é oculta. Nos seres divinos é o contrário, a beleza é oculta e a verdade é aparente.” 

Oscar Quiroga


Somos todos e cada um de nós o centro do universo... (Pare e considere por um instante).

Mas isso tanto pode ser um tesouro, quanto um prejuízo. Posto que essa característica nos confere o poder de escolher entre sermos seres excêntricos ou egoístas.

O que vai depender da qualidade de orientação que damos aos nossos pensamentos.

Explico: se a personalidade for o centro a existência, então cultuamos o ego, e nos deixamos guiar pela materialidade e pela aparência. Assim, de fora pra dentro mesmo.

Mas se compreendemos que somos parte de um todo, e cultuamos o ponto central para além do próprio umbigo, então nos deixamos guiar pela verdade e pelo espirito. E ficamos mais excêntricos… Estranhos na sociedade em que vivemos, porque nos orientamos por uma verdade cujo centro está fora da gente.

Pode ser que você tenha consciência ou não disso.

Qual é a estrela que te guia?

Somos todos e cada um de nós o centro do universo. Crédito: Shutterstock

Portanto, venho propor a seguinte reflexão:

— Qual é a estrela que te guia?

Para início de conversa é preciso que fique dito: sem alguma conexão com a alma, com o Maior, com o Mistério (você pode chamar como preferir), nossa personalidade assume o leme e acredita ser a melhor comandante do navio.

Acontece que a psique humana, essa que modela a personalidade de cada um de nós, vai ser invariavelmente marcada e esburacada pelos traumas, pequenos e grandes, que vivemos desde a infância, desde a nossa fundação — ancestral inclusive.

Personalidade essa que foi lapidada para nos adaptar ou “nos salvar” da família de origem, do contexto e dos hábitos da convivência; e que nos protegeu e nos “armou” para enfrentarmos a vida.

Ainda assim, essa armadura não deveria servir de guia… Pois ainda que busquemos reparar as marcas que nos lapidaram, fixadas no inconsciente, praticando toda forma de terapia, e até conseguindo valiosas melhorias, o osso do traço permanece, como a memória de um membro vivo. Porque, claro, somos matéria.

De modo que, a estratégia para evoluir por aqui não deveria ser orientar-se por ela.

Uma vez sabendo disso, a jornada começa.

Porque para deixar de ser comandado pelo personagem, digo pela personalidade — que nos salvou um dia, e por isso agora demanda voz ativa — e passar a ser orientado pela alma, é preciso vontade.

Iniciação, busca, procedimento e aprimoramento da capacidade de apreciar os acontecimentos do ponto de vista mais amplo, para começar a perceber o invisível, e não mais as aparências.

Mas, atenção, o desejo de apreciar a realidade para além das aparências vem da consistência do hábito de reverenciar o mistério e o milagre da vida.

Autoconhecimento, conexão, espiritualidade, pratica da gratidão e a da presença. Também a consciência sobre a própria brevidade, e a confiança… Ah, a confiança na vida que tece a teia, que nos insere no Mistério e no fluxo da magia e da alegria.

Essa prática sutil e íntima, que naturalmente nos mantém num “estado de arte”, fluindo entre os acontecimentos, e aproveitando, inclusive, cada atrito (para afiar a consciência).

Finalmente, no fim do dia seremos sempre um pouco excêntricos e um pouco egoístas… Um pouco conscientes, um pouco inconscientes; um tanto verdade, um tanto fantasia…

O ponto é perceber, escolher ou reorientar a estrela Maior que nos guia.

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Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de HZ.

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