Maria Cristina Simões Ferreira e Penha ficou 36 horas dentro de um buraco. Crédito: Corpo de Bombeiros e Redes Sociais
O caso de Maria Cristina Simões Ferreira e Penha, de 22 anos, que caiu dentro de uma valeta de 60 centímetros de diâmetro, no bairro Gilberto Machado, em Cachoeiro de Itapemirim, no Sul do Espírito Santo, e foi encontrada após 36 horas, tomou conta das redes sociais nos últimos dias. A jovem foi localizada após um vizinho ouvir pedidos de socorro. Ela estava consciente e com ferimentos leves após um trabalho de resgate de cerca de 2 horas.
Com toda a repercussão, uma questão foi levantada: quanto tempo o ser humano é capaz de sobreviver sem água e sem comida? O nefrologista Vinícius Bortoloti Peterle, da Rede Meridional, diz que, em média, o ser humano é capaz ficar sem água e sem comida de dois a quatro dias.
O corpo humano não consegue ficar mais do que 15 minutos sem oxigênio, de dois a quatro dias sem água, e de 40 a 60 dias sem alimentos
O médico conta que o tempo de sobrevivência vai depender da idade da pessoa, da condição física e também do clima. "Crianças e pessoas mais idosas são mais sensíveis a menor oferta de água, de alimento e de oxigênio. O clima mais quente aumenta a transpiração e a desidratação. Já as pessoas com o adequado treinamento físico podem suportar períodos mais extremos. O fato de a pessoa ficar 'parada' dentro de algum lugar diminui as perdas metabólicas", diz Vinícius Bortoloti Peterle.
Os efeitos da privação de água e comida já começam a ser sentidos nas primeiras horas: incialmente, com sensação de fraqueza, ansiedade e irritabilidade; depois vem o sentimento de raiva e a sensação de boca seca. "Pode ocorrer desmaio, que pode evoluir com sonolência e torpor. Pode ainda haver crise convulsiva, a pessoa entrar em coma e acabar falecendo", diz o nefrologista.
"A água compõe 60% do peso corporal e participa de todo o metabolismo que nos mantêm vivos. Sem água, o metabolismo vai parando até chegar no estado de total inviabilidade de morte"
Vinícius Bortoloti Peterle
Já em relação a ausência de comida, as reservas energéticas do corpo – como glicose, gordura e massa muscular – garantem sobrevida maior.
No caso da jovem encontrada num buraco após ficar 36 horas desaparecida em Cachoeiro de Itapemirim, Vinícius Bortoloti Peterle explica que nas primeiras horas e dias deve ocorrer o suporte de medicina intensiva, para evitar ou corrigir a hipotermia, o estado de hidratação e os eventuais distúrbios hidroeletrolíticos.
"Também buscar se há lesões como fraturas, traumatismo craniano, e hemorragias. Ao longo da primeira semana, a atenção deve ser dada à recuperação nutricional, evitando a síndrome de realimentação (o intestino e o corpo precisam ser readaptados a receber alimentação convencional), tratar infecções e complicações como a insuficiência renal", ressalta o médico. Nas semanas e meses seguintes, deve-se seguir a reabilitação física com fisioterapia e nutrição, conforme as lesões e as sequelas físicas.
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