Idosos: os hábitos saudáveis das Blue Zones. Crédito: Shutterstock
A população está envelhecendo. Dados da World Population Prospects, divulgados pela Organização das Nações Unidas (ONU), mostram que uma em cada seis pessoas no mundo terá mais de 65 anos até 2050, chegando a 16% da população mundial. No Brasil, a expectativa de vida é de 77 anos, conforme o levantamento de 2022 apresentado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Ao adotar alguns hábitos, é possível viver boas décadas. É isso que mostra as chamadas Blue Zones (Zonas Azuis), nome dado a determinadas regiões do mundo onde os habitantes vivem mais do que em qualquer outro lugar do planeta, chegando inclusive aos 100 anos. Fazem parte dessa lista: Okinawa (Japão); região da Barbagia da Sardenha (Itália); Península de Nicoya (Costa Rica); Ikaria (Grécia) e Loma Linda (Califórnia, nos Estados Unidos).
Os estudos realizados nessas regiões concluíram que, para envelhecer bem, é recomendado manter vínculos com familiares e amigos, buscar se cercar de pessoas também com hábitos saudáveis e trabalhar a espiritualidade.
O geriatra Gustavo Genelhu conta que é importante cuidar dos hábitos das pessoas para que elas adoeçam menos e demorem mais para desenvolver determinadas doenças. "Essa relação de hábitos saudáveis e promoção de saúde, longevidade, sempre existiu, o que acontece é que, nessas regiões, tais hábitos foram identificados em comum, e já faziam parte do dia a dia daquela população há muito tempo. Por isso o efeito tão significativo".
O médico conta que um dos principais pilares para o envelhecimento bem-sucedido é a prática regular de atividade física. "Mas o interessante é que, analisando essas regiões, não é preciso ser um atleta. Basta realizar essas atividades de forma regular, na maioria das vezes, até inseridas no seu dia a dia, como evitar o elevador e utilizar as escadas, trocar o carro pela bicicleta, por exemplo", diz Gustavo Genelhu.
"A depressão no idoso pode ser extremamente limitante, muitas vezes subdiagnosticada. Quando não tratada, acaba contribuindo com maior isolamento, maior dependência para as atividades do dia a dia, redução da qualidade de vida e até um risco maior de suicídio e morte por doenças associadas"
Gustavo Genelhu
OS HÁBITOS SAUDÁVEIS DAS BLUE ZONES
- Atividade física: as pessoas que moram nas blue zones costumam manter o corpo ativo e em movimento, evitando o sedentarismo. Atividades rotineiras como cuidar do jardim, fazer uma caminhada ou manter alongamentos diários já são consideradas ótimas opções para manter o corpo ativo.
- Espiritualidade: esse conceito não está necessariamente ligado com a religião, mas sim com o fato de acreditarem em algo.
- Alimentação: o recomendado é ter uma alimentação focada em grãos, legumes, vegetais e frutas, com menos carne e evitando industrializados.
- Regra dos 80%: em Okinawa, é comum parar de comer ao estar 80% saciado. O hábito de fazer refeições menores pode prevenir a obesidade.
- Pessoas queridas: é indicado dedicar tempo para estar junto de familiares e amigos.
ALIMENTAÇÃO
De acordo com OMS, a saúde é um estado de bem-estar físico, mental e social, e não apenas a ausência de uma doença. "Uma alimentação saudável tem papel fundamental na prevenção e no tratamento de doenças. O equilíbrio na dieta é um dos motivos que permite que o homem tenha mais qualidade de vida e longevidade", destaca a nutricionista Catiene Chieppe.
Segundo Chieppe, os alimentos que consumimos diariamente podem impactar no nosso cérebro, na cognição e no estado emocional. "Refeições com comida de verdade têm a combinação certa de vitaminas, minerais e fitoquímicos saudáveis que podem ajudar a melhorar as nossas funções cerebrais, os níveis de energia, a memória, além de controlar as emoções".
O indicado é consumir mais frutas e vegetais, carnes magras, peixes e grãos integrais. Estudos mostram que uma alimentação mais mediterrânea (baseada em alimentos naturais que não vêm em embalagens) ajuda na proteção contra doenças cardíacas, câncer, diabetes tipo 2, obesidade, Parkinson e doença de Alzheimer.
O geriatra diz que além de uma alimentação adequada, da prática regular de exercícios, do bom convívio social, e da prevenção de quedas, vale ressaltar que, na pesquisa das "Blues Zones", outro ponto importante e com impacto na longevidade foi a espiritualidade e o propósito de vida. "Não necessariamente estou fazendo apologia a alguma religião, apenas indicando do ponto de vista da ciência e da estatística que, nessas avaliações, pessoas com alguma crença possuem um propósito de vida, vivem mais e melhor", finaliza Gustavo Genelhu.
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