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Publicado em 30 de janeiro de 2023 às 15:41
No início do mês, a cantora Preta Gil, de 48 anos, foi diagnosticada com câncer no intestino dias após ficar internada com dores abdominais. Há uma semana, a cantora compartilhou detalhes sobre as primeiras sessões de quimioterapia.
"Essa semana, eu comecei o meu tratamento, fiz quimioterapia durante três dias. Momentos difíceis, mas muito reveladores. Eu não sei por que, na minha cabeça, eu coloquei que iria começar a ter efeitos colaterais mais para frente, mas é quase que de imediato. Quando ela começa a entrar e curar você, ela começa a agir e tem os efeitos colaterais, que são completamente controláveis pelos medicamentos e pelos médicos", contou a artista.
A tratamento padrão adotado para a cura do câncer de intestino é a de cirurgia seguida por quimioterapia. Porém, para cientistas do Reino Unido, fazer a quimioterapia antes da cirurgia reduz risco de retorno do câncer de intestino. Um estudo publicado neste mês, no Journal of Clinical Oncology, mostra que essa mudança na estratégia de tratamento pode reduzir em cerca de 28% o risco de a doença retornar nos dois anos seguintes. O achado é inédito, uma vez que a terapia como adjuvante, quando recomendada, é para o período após a cirurgia.
Feita por cientistas das universidades de Birmingham e de Leeds, ambas na Inglaterra, a pesquisa analisou dados de 1.053 pacientes com câncer de intestino de 85 hospitais no Reino Unido, Dinamarca e Suécia. Os participantes foram divididos em dois grupos. O primeiro, com 699 pessoas, foi submetido a seis semanas de quimioterapia antes de realizar a cirurgia, seguida por mais 18 semanas de quimioterapia. O segundo grupo, por sua vez, teve o tratamento padrão para o câncer de intestino, com a cirurgia seguida por 24 semanas de quimioterapia.
Aqueles que receberam a quimioterapia antes da cirurgia tiveram uma probabilidade significativamente menor de ter um novo diagnóstico nos dois anos seguintes, em comparação com os demais.
A oncologista Renata D'Alpino, do Grupo Oncoclínicas, diz que o estudo ainda é considerado imaturo. "Apesar de ele ter achado um resultado interessante fazendo três ciclos de quimioterapia antes de operar e depois completar o resto, o estudo mostrou que mais tumores regrediram quando comparado com um grupo que não fez quimioterapia antes. Só que ainda não temos resultados se isso aumenta as chances de cura ou não. Hoje, o padrão mundial ainda é fazer a quimioterapia depois da cirurgia", diz Renata D'Alpino.
Renata D'Alpino diz que tratamento padrão muda apenas quando o tumor está no reto. "Geralmente, começamos com rádio, ou quimioterapia e rádio, podendo ser realizado novamente uma quimioterapia, para depois operar o paciente".
O adenocarcinoma é um tipo de câncer que se origina em tecidos glandulares que pode acometer vários segmentos do trato digestivo, incluindo o intestino grosso (cólon) e correspondem cerca de 95% dos casos de câncer colorretal. "Nas fases iniciais, o câncer de intestino geralmente não costuma causar sintomas, por isso é tão importante a realização de exames preventivos como a colonoscopia para a detecção precoce da doença", diz a ondologista clínica Carla Loss, do Neon.
Entre os sinais da doença estão: dor ou desconforto abdominal, alteração do hábito intestinal (diarreia ou prisão de ventre), sangue nas fezes, emagrecimento sem causa aparente, anemia e fraqueza.
O tratamento do câncer de colo depende do estadiamento do tumor. "A lesão que é muito inicial vai ser tratada apenas por cirurgia, que a gente chama de colectomia. E faz a ressecção de uma porção do intestino do paciente. Se essa lesão tiver algum fator de risco podemos associar uma quimioterapia adjuvante a depender desses fatores de risco", diz Juliana Alvarenga.
A médica explica que se o paciente tiver além da lesão do tumor no intestino, um comprometimento dos linfonodos da região, obrigatoriamente é preciso fazer quimioterapia. "E se o tumor já estiver com metástase, faremos um tratamento com quimioterapia", conta Juliana Alvarenga.
A médica conta que o quarto estágio é o último no estagiamento clínico, ou seja, são aqueles em que a doença não está mais confinada só no intestino e já se espalhou para outros órgãos, como fígado ou pulmão. "Quando a gente consegue ressecar todas essas lesões metastáticas, porque tem uma quantidade pequena ou não invade nenhuma estrutura que impossibilitaria a cirurgia, conseguimos fazer a ressecção das lesões, opera o intestino e faz quimioterapia", diz Juliana Alvarenga
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