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Publicado em 10 de julho de 2023 às 09:40
Recentemente, um estudo divulgado pelo Congresso da Associação Americana de Diabetes (ADA, na sigla em inglês), em San Diego (EUA), colocou um novo remédio para obesidade sobre os holofotes. Isso porque, segundo a pesquisa, a substância tem a capacidade de promover a perda de 24,2% do peso em menos de um ano. Ou seja, uma pessoa com 100 kg poderia chegar até 75,8 kg em menos de 12 meses consumindo o medicamento.
A novidade também empolgou a sociedade médica, visto que os seus resultados demonstraram que o remédio também pode chegar a negativar quadros de diabetes tipo 2 e, futuramente, substituir a necessidade de cirurgia bariátrica. Por isso, a Dra. Isis Toledo, endocrinologista e metabologista pela SBEM (Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia), elenca 5 pontos relevantes que precisam ser acompanhados a partir da chegada da retatrutide ao mercado. Veja!
Um fator que as pessoas têm dificuldade de compreender, segundo a Dra. Isis Toledo, é que o tratamento contra a obesidade precisa, pontualmente, ser contínuo. “Quando o paciente emagrece, por exemplo, 20 kg, ele sai desse período de tratamento com 2 mil calorias a mais de fome, que é algo fisiológico, e esse é o grande motivo que faz as pessoas terem o reganho de peso quando param o tratamento ou, até mesmo, quando continuam”, explica a profissional.
Na sua visão, medicamentos como esse, que atuam em diversos hormônios, se tornam ferramentas úteis nos tratamentos prolongados. “Quando a gente tem as opções terapêuticas que virão no futuro, com essas descobertas, elas se tornam importantes principalmente quando o paciente tiver mais fome e precisar manter o peso atingido”, diz.
A Dra. Isis Toledo explica um trecho importante das revelações sobre a retatrutida, que diz respeito ao seu efeito vinculado ao IMC (Índice de Massa Corporal). Este é medido a partir da divisão do peso da pessoa por sua altura elevada ao quadrado.
“Esse estudo com a molécula mostrou que as pessoas que mais perderam peso foram as que tinham o maior IMC. Isso é interessante, porque, quando a gente vê o uso banalizado do Ozempic , é preciso explicar para que as pessoas não se iludam de que pacientes mais magros vão atingir esses percentuais de perda de peso. O estudo mostrou que quem mais perdeu foi quem tinha maior IMC”, completa.
Segundo a especialista, outro ponto que chamou muita atenção é que o percentual de perda de peso das mulheres foi maior que o dos homens. “Isso é muito interessante, porque as mulheres têm maior dificuldade de perder peso. Isso porque essa molécula é um triagonista, que integra ação no GLP-1 (hormônio criado pelo intestino delgado), o GIP (também liberado numa parte mais superior do intestino delgado) e o glucagon, que é a diferença da reatatrutida. Ou seja, ela é um medicamento que contém 3 hormônios”, define a endocrinologista.
Ao frisar que a molécula ainda está indo para a fase 3 dos estudos, a Dra. Isis Toledo ressalta o efeito da retatrutida na pressão arterial. “Ela melhorou parâmetros na pressão arterial sistólica (a mais alta no medidor) e na diastólica (a mais baixa no medidor)”, conta a médica, adicionando outro efeito inédito, que diz respeito à gordura nos órgãos.
“Esse ponto causou grande rebuliço e vai merecer atenção na nossa prática clínica: a retatrutida reduziu, normalizou de 80% a 90% a gordura no fígado, que é superimportante”, enfatiza a especialista, ao informar que é a gordura visceral que eleva os marcadores inflamatórios e os riscos de doença cardiovascular.
Por fim, a Dra. Isis Toledo ressalta a ausência de dados sobre os efeitos adversos da retatrutida e aproveita para explicar um ponto importante sobre os efeitos colaterais em remédios para emagrecer.
“Muita gente ainda pensa que o efeito colateral do Ozempic, por exemplo, que são náuseas, enjoos, são os responsáveis pela perda de peso. A pessoa pensa assim: ‘usei o Ozempic, fiquei com náuseas e, por isso, não comi’. Ela associa as náuseas ao emagrecimento. Mas isso não é verdade. Pacientes com e sem efeitos colaterais induziram a mesma perda de peso, de forma geral, na pesquisa”, finaliza a médica endocrinologista.
Por Michelly Souza
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