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Publicado em 25 de julho de 2023 às 17:37
No inverno o número de brasileiros que sentem vermelhidão nos olhos, sensação de areia, coceira, queimação, sensibilidade à luz e visão embaçada praticamente dobra, passando de 12% para 20% da população, na proporção de três mulheres para cada homem. São os sintomas do olho seco que mobilizam oftalmologistas de todo o país em torno da campanha Julho Turquesa sobre os riscos da doença.
Trata-se de um distúrbio que atinge nossa lágrima. A doença afeta a produção adequada da lágrima ou provoca uma evaporação excessiva dela. Nas duas situações, levam a uma diminuição quantitativa ou qualitativa da lágrima, causando ressecamento dos olhos.
A oftalmologista Liliana Nóbrega explica que a doença é multifatorial e possui diversas causas. "Uma das principais é o uso de telas digitais. Quando usamos as telas, não piscamos adequadamente, não estimulando nossas glândulas a lubrificarem bem nossos olhos", afirma. A poluição ambiental e os ambientes com ar-condicionado, também ressecam muito a lágrima.
Conforme o oftalmologista Leôncio Queiroz Neto, presidente do Instituto Penido Burnier, o olho seco é uma alteração na quantidade ou qualidade de um dos 3 componentes da lágrima: água, gordura e mucina.
O especialista afirma que a falta de tratamento predispõe à alergia, conjuntivite, calázio e lesão na córnea, principalmente entre pessoas que usam lente de contato ou portadores de ceratocone, doença degenerativa que afina a córnea.
Isso porque, explica, a lágrima tem a função de alimentar e proteger a superfície dos olhos das agressões externas. A deficiência da lágrima deixa nossos olhos expostos e pode levar à perda da visão. “Na frente do órgão fica a córnea, que responde por 60% de nossa refração ou capacidade de enxergar. Sem lubrificação esta lente opacifica”, explica
O especialista afirma que sete em cada 10 casos de olho seco são do tipo evaporativo. Significa que estão relacionados a uma disfunção das glândulas de Meibômio que produzem a camada de gordura da lágrima e impede sua evaporação. “Quando ficamos horas em frente às telas movimentamos menos os olhos e diminuímos de 20 para 6 vezes o número de piscadas por minuto. É por isso que nossos olhos ficam ressecados”, pontua.
Dois estudos conduzidos pelo especialista mostram que até os 40 anos 75% das pessoas sentem desconforto nos olhos e cansaço visual depois de duas horas em frente as telas. Acima de 40 anos, a prevalência sobre para 90%. "Isso acontece porque a produção da lágrima diminui e outras alterações fisiológicas ocorrem nos olhos conforme envelhecemos”, esclarece.
Queiroz Neto afirma que outros gatilhos do olho seco evaporativo são o uso de lente de contato gelatinosas, diabetes, frouxidão palpebral caracterizada pela dobra da pálpebra durante o sono que deixa a superfície do olho exposta, abuso de ar-condicionado e alimentação pobre em ômega 3 contido em nozes, castanha-do-Pará, linhaça e peixes gordos, como sardinha, bacalhau e salmão.
Os fatores de risco da deficiência aquosa da lágrima são o envelhecimento, que vem acompanhado pela queda na dos hormônios na menopausa e andropausa, uso de lentes de contato, diabetes, medicamento para hipertensão, antidepressivos, diuréticos e contraceptivos orais.
Neto afirma que o diagnóstico é feito com uma câmera que emite luz infravermelha teleguiada por um software para avaliar (sem interferência na superfície do olho) as três camadas da lágrima. "O paciente consegue ver pelo exame qual a real condição do filme lacrimal e isso tem estimulado a adesão ao tratamento", comenta.
Para prevenir a síndrome, o oftalmologista recomenta beber água com frequência, incluir na dieta fontes de ômega 3, proteger os olhos com óculos do vento, poeira e fumaça. Também é essencial descansar os olhos por 5 minutos/hora durante o uso de telas, olhando para um ponto distante, manter a glicemia sob controle e evitar o estresse.
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