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Publicado em 10 de outubro de 2023 às 10:42
O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade, conhecido como TDAH, é um transtorno neurobiológico genético que se destaca pela presença de sintomas que envolvem a dificuldade em manter a atenção em tarefas específicas, inquietação constante e impulsividade.
"Esse transtorno surge na infância e pode se estender até a fase adulta, causando prejuízos e impactos na vida cotidiana das pessoas. Estudos recentes apontam para uma prevalência de 3% à 5% de adultos com TDAH, porém é possível perceber um aumento no diagnóstico, já que atualmente existem melhores recursos para uma avaliação diagnóstica mais adequada", diz o psicólogo Márcio Merçoni.
As principais características do TDAH são desatenção, hiperatividade e impulsividade. A condição também está ligada a sérios problemas de saúde mental, incluindo ansiedade, depressão e até mesmo o risco aumentado de suicídio. Dados indicam que pessoas com a condição têm uma probabilidade significativamente maior de desenvolver transtornos de ansiedade e Síndrome de Burnout, esse esgotamento mental que pode ser até mesmo mais grave do que o físico, pois pode causar danos tanto corporais como emocionais.
Além disso, indivíduos com TDAH enfrentam um risco elevado de depressão, muitas vezes desencadeada pelas dificuldades acadêmicas, no trabalho e sociais associadas ao distúrbio. O risco de suicídio também é uma preocupação séria entre aqueles com TDAH. Segundo o profissional, estudos revelam que adolescentes e adultos com TDAH têm uma probabilidade três vezes maior de tentar o suicídio do que aqueles sem o transtorno.
“Essas estatísticas sublinham a importância crucial de oferecer apoio adequado a indivíduos com TDAH, especialmente durante sua transição para a idade adulta, quando as pressões sociais, acadêmicas e profissionais podem se intensificar. O impacto do TDAH na autoestima do adulto é muito grande. A pessoa com TDAH, até descobrir, ser diagnosticada e tratada, passa por uma somatória de experiências de vida em que se sente incompetente, incapaz e, por isso, procrastina muito”, comentou o psicólogo Márcio Merçoni.
As causas do TDAH são de predominância genética em mais de 60% dos casos, surgindo primeiro na fase infantil (entre 6 e 7 anos) e se consolidando a partir da adolescência. "Os fatores genéticos não são determinantes para o surgimento, pois dependem dos fatores ambientais para disparar a manifestação do transtorno. Outras causas estão relacionadas ao período de gestação, como gravidez de risco, abuso de substâncias ou exposição a contextos nocivos para o desenvolvimento do bebê", diz Márcio Merçoni.
O diagnóstico é feito de forma clínica, a partir de consulta com um profissional de saúde mental especializado no transtorno, como psicólogos, neuropsicólogos, neurologistas e psiquiatras.
O tratamento parte de dois princípios: estratégias comportamentais e tratamento medicamentoso. "Eles precisam ser trabalhados de forma associada, pois o medicamento irá regular as funções prejudicadas nos circuitos cerebrais e as estratégias comportamentais vão possibilitar o direcionamento correto dos esforços relacionados à atenção, organização, ao controle dos impulsos, à redução da agitação e da ansiedade, entre outros" explica o psicólogo.
Nos adultos, os principais esforços estão na adequação do contexto de vida, criando um sistema de proteção para uma rotina mais equilibrada e de qualidade. "Os medicamentos servem de base neurofisiológica para implementação dessas estratégias terapêuticas, pois facilitam a disponibilidade de neurotransmissores que estão em déficit nas áreas do cérebro que estão afetadas no TDAH. Os medicamentos são seguros e podem ser indicados para crianças e adultos", diz Márcio Merçoni.
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