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Publicado em 23 de julho de 2023 às 08:00
Durante muito tempo, o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) foi considerado uma condição que afetava apenas as crianças. No entanto, com o avanço das pesquisas sobre o tema, atualmente já se sabe que também é possível uma pessoa na fase adulta ser diagnosticada com o distúrbio.
Segundo dados da Associação Brasileira de Déficit de Atenção (ABDA), cerca de 2 milhões de pessoas possuem TDAH no Brasil, mas muitas delas não sabem. Isso porque, devido à imaturidade do assunto, os sinais do transtorno na fase adulta podem ser facilmente confundidos com outros transtornos.
“O adulto com TDAH é a criança que não foi acompanhada ou devidamente diagnosticada. Quando adulto, devido à urgência e aceleração da vida, a tendência é que o transtorno fique mais evidente e provoque ainda mais limitações ao indivíduo”, diz Andréa Ladislau, psicanalista e pós-graduada em Neuropsicologia
Reconhecido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como um transtorno neurobiológico, o TDAH é um transtorno que causa mudanças na região frontal do cérebro, ou seja, altera a conexão entre o corpo humano e as funções cerebrais desempenhadas por esta área da mente.
“Para definir as causas do TDAH, é preciso fazer uma investigação completa, de forma individualizada. Cada caso é um caso. No entanto, as causas mais comuns estão relacionadas a algumas pequenas alterações na região frontal do cérebro, que controla ou inibe os comportamentos inadequados e amplifica nossa capacidade de prestar atenção, memorizar, ter autocontrole, ser organizado e planejar”, explica a psicanalista.
Atualmente, existem três tipos de TDAH reconhecidos pela ciência, e cada um deles é caracterizado por um conjunto de comportamentos e sintomas. A psicanalista Andréa Ladislau explica:
Conforme a especialista, o conjunto de sintomas do transtorno é extenso e pode variar de pessoa para pessoa. Portanto, nem todos os pacientes com TDAH têm os mesmos sintomas, mas, entre os adultos, os mais comuns são:
“Na fase adulta os sintomas ficam mais perceptíveis, até mesmo porque somos seres sociais e, desta forma, estamos nos relacionando a todo momento, o que faz com que atitudes e comportamentos desconexos fiquem mais evidentes aos olhos do outro, gerando os desconfortos. E, se não os tratar, podem se intensificar cada vez mais”, explica Andréa Ladislau.
Apesar de o diagnóstico em adultos ser diferente do realizado com crianças, devido à intensidade dos sintomas, causada pelo diagnóstico tardio, nesta fase, também é importante estar atento aos hábitos que são recorrentes e estão afetando a vida cotidiana. Isso ajuda a identificar o transtorno e evitar que os sintomas se agravem.
“O TDAH não é o fim do mundo. Estando consciente dos pontos fracos, dos pontos fortes, do que é um hábito indesejado, ou mesmo, fora de controle, é possível criar estratégias para minimizar os impactos e seguir uma vida mais saudável. O ponto é reconhecer hábitos, atitudes e comportamentos que o limitam”, declara a psicanalista.
Quanto ao fato de alguns adultos já terem realizado exames quando crianças e não obterem nenhum resultado de TDAH, mas na fase adulta serem diagnosticados com o transtorno, a especialista explica que o fato pode estar relacionado à intensidade do transtorno.
“Cada caso é um caso e precisa ser investigado; porém, a explicação pode estar no fato de que, na infância, os sintomas eram muito leves, ao ponto de serem imperceptíveis ou mesmo não apresentarem limitações que dificultaram o dia a dia do indivíduo”, evidencia Andréa Ladislau, que expõe existir outra possibilidade, a de outras comorbidades terem se sobressaído em relação ao TDAH.
O tratamento para o transtorno é indicado mediante o prévio diagnóstico de um profissional. Este é realizado a partir de uma profunda análise do estilo de vida do paciente, pois existem diversos mecanismos para combater os efeitos da condição e melhorar a adequação dos hábitos. Entre alguns deles, Andréa Ladislau cita:
“A terapia, tanto para os adultos quanto para as crianças, é fundamental, exatamente para identificar quais os déficits são mais recorrentes e definir a conduta de tratamento […]. Se a intensidade e o número de sintomas associados forem mais elevados, o profissional especializado poderá desenvolver, com o paciente, alguns mecanismos de apoio para auxiliar a vencer suas limitações diárias”, diz a especialista.
Tratar o TDAH é importante para manter o bem-estar do indivíduo e o convívio social, uma vez que boa parte dos sintomas causados pelo transtorno alteram as suas ações e, quando não reconhecidos, geram outros obstáculos. Isso porque a pessoa pode, muitas das vezes, se sentir culpada por não entender as próprias atitudes.
“As consequências do TDAH em idade avançada, quando não tratado, estão associadas aos outros sintomas que a condição pode trazer, como depressão, pânico, fobia social, alterações severas de humor, distúrbios alimentares, perda severa da memória, esquecimentos, entre outros”, conclui.
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