Ter um parceiro com mais desejo sexual que o outro não é um problema. A questão é como se administra isso. Crédito: Shutterstock
A falta de desejo sexual por parte de um dos parceiros é queixa frequente em meu consultório, especialmente quando o relacionamento está em desequilíbrio.
A culpa soa como um sentimento presente em ambos. O que era sintonizado no começo da relação, de repente virou discussão entre quantidade e qualidade. Se a gente entrar nesse debate, os dois itens são importantes. Recentemente, recebi esse desabafo de uma seguidora e compartilho com vocês.
"Olá, Sirleide! Meu nome é Mariana, sou casada há 8 anos e estou vivendo um caos em meu relacionamento. De um ano para cá, meu desejo sexual está nas alturas. Tenho vontade de fazer sexo todos os dias e meu marido não está tão afim. Com muito esforço, fazemos sexo uma vez por semana. Procuro todos os dias e ele sempre está cansado, indisposto ou com dor de cabeça. Ele é superparceiro, me ajuda em tudo dentro de casa, e com o nosso filho, mas no sexo 'está correndo'. Fico muito mal diante dessa situação, com raiva dele às vezes. Será que ele não me acha mais atraente?”.
O relato fala que Mariana está há um ano com o desejo mais ativo. Isso significa que antes não estava. Será que seu parceiro era mais ativo sexualmente e agora está vivendo uma baixa libido? Entro em um questionamento: será mesmo uma baixa libido ou, para ele, ter uma relação sexual na semana já é satisfatório?
Sabemos que no começo de qualquer relação a paixão comanda. O tesão e o entusiasmo ditam o ritmo do desejo, mas, num possível momento de não estarmos nessa vibe apaixonante, seria ingênuo dizer que as pessoas terão sempre o mesmo ritmo. Isso sem contar com as variantes sociais, biológicas e psicológicas, que vão acontecer e intervir nesse processo.
Ter um parceiro com mais desejo sexual que o outro não é um problema. A questão é como se administra isso. Existe casal em que o homem se masturba mais do que tem relações sexuais e, para ele e sua parceira, é satisfatório. A partir do momento em que um não está satisfeito surge um problema, como o de Mariana.
Na terapia sexual em casal, a primeira coisa que trabalhamos é a comunicação. Se eles falam abertamente sobre tudo, confidenciam suas fantasias e desejos e, principalmente, escutam a confidência do outro.
A partir dessa comunicação, surgirão estratégias, como erotizar mais a relação, criar mais tempo de qualidade, comprar "toys" e ir em lugares diferentes. São várias as ações, mas depende do processo de fala e de escuta um do outro. O que também pode acontecer é o parceiro (ou parceira) entender e respeitar o desejo do outro. O alinhamento vem das expectativas geradas.
No caso da seguidora Mariana, a comunicação clara soa como a chave do "susexo" dela (risos). É preciso entender o que esta acontecendo para criar estratégias de melhorias. Até mesmo para ela entender o porquê de não se sentir desejante para o outro.
Respondendo à pergunta inicial: tem como alinhar o desejo do casal de forma satisfatória para ambos. É preciso trabalhar a comunicação, reascendendo o desejo de forma responsiva, trabalhando a quantidade e qualidade de forma individual e, principalmente, entender que o sexo não é só ato em si, mas toda a intimidade gerada.
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