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Publicado em 13 de outubro de 2022 às 08:00
O diabetes ocorre quando o corpo não produz insulina ou não consegue usá-la adequadamente. Este hormônio é responsável por controlar a glicose (açúcar) no sangue — que em excesso acarreta hiperglicemia. A doença afeta mais de 13 milhões de pessoas, o que representa 6,9% da população nacional, de acordo com informações da Sociedade Brasileira de Diabetes.
Os principais sintomas da doença são fome e sede em excesso, produção excessiva de urina, o aumento da frequência urinária a noite, a visão turva, o cansaço, a fraqueza e a perda de peso. "Níveis mais baixos de glicose, muitas vezes não provocam sintomas. Por isso, a maioria das pessoas com diabetes tipo 2 não apresenta sintomas", conta a endocrinologista Flávia Tessarolo.
Para as pessoas com diabetes tipo 2, a forma mais comum da doença, um novo medicamento pode ajudar no tratamento. Dados de uma série de estudos fase 3 apresentados no Congresso Brasileiro de Endocrinologia e Metabologia (CBEM), mostram que a tirzepatida normalizou os níveis de açúcar no sangue em 51% dos pacientes. Para comparar, a taxa foi de 20% nos pacientes que tomaram a semaglutida, considerado o principal tratamento para a doença atualmente. Além disso, os pacientes que utilizaram tirzepatida perderam, em média, 12,4 quilos, o dobro de redução em comparação à semaglutida.
"É uma medicação que pertence a uma nova classe de medicamentos para o tratamento do diabetes tipo 2. Chamado de agonista duplo de GLP1 e GIP, é administrada por injeção subcutânea uma vez por semana, e atua imitando a ação de dois importantes hormônios produzidos pelo nosso intestino, o GLP1 e o GIP, que são secretados em resposta aos nutrientes que ingerimos", explica a médica. Esses dois hormônios possuem importantes ações no nosso organismo, e em conjunto, controlam a glicose. "A ação deles está reduzida no diabetes tipo 2 e pode ser restaurada com a administração da tirzepatida", diz Flávia Tessarolo.
O medicamento foi aprovado nos Estados Unidos e na Europa. No Brasil, ainda não está disponível, porém a expectativa é que a aprovação pela Anvisa aconteça ainda neste ano com a comercialização no primeiro trimestre de 2023. Pesquisadores dizem que ele pode revolucionar o tratamento do diabetes tipo 2.
A médica Flávia Tessarolo concorda, ressaltando a maior eficácia terapêutica já demostrada em estudos de fase 3. "A potência da medicação em controlar a hemoglobina glicada (o exame que usamos para avaliar o controle do diabetes), é tão grande, que pode levar muitos pacientes a níveis de glicemia e hemoglobina glicada normais, 'não diabéticos'. E isso pode mudar a forma como abordamos o diabetes tipo 2 e os alvos terapêuticos para a doença no futuro".
Na atualidade, o medicamento semaglutida é considerado o principal tratamento para a doença. É administrado por injeções subcutâneas semanais ou comprimidos diários. No Brasil, nos dias de hoje, é a medicação com maior potência no controle do diabetes tipo 2 em sua dose máxima. "A tirzepatida, mesmo em sua dose menor, demonstrou superioridade a dose maior de semaglutida, no controle do diabetes e na redução do peso corporal", diz Flávia Tessarolo.
Nos cinco estudos de fase 3, chamados Surpass, que incluíram mais de 6 mil pessoas com diabetes tipo 2, a tirzepatida atingiu o alvo de hemoglobina glicada menor que 7% em 81 a 97% dos pacientes, e alvo de hemoglobina glicada menor ou igual a 6,5% em 66 a 95%, um resultado absolutamente inédito. "Para todas as doses de tirzepatida e ambas as metas de tratamento, esses resultados foram significativamente maiores quando comparados com semaglutida 1 mg, a dose máxima semanal", diz a médica.
Os principais efeitos colaterais foram relacionados ao trato gastrointestinal, como náuseas, vômitos e diarreia. "A maioria deles são de intensidade leve a moderada e ocorreram mais no início do tratamento e na fase de aumento de dose, com baixa taxa de descontinuação do tratamento por esse motivo", diz a médica. Reações no local da injeção são pouco frequentes e foram relatados poucos casos de pancreatite e colelitíase (pedra na vesícula).
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