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Publicado em 24 de maio de 2022 às 18:15
O crescimento dos casos da varíola dos macacos em diversos países coloca o mundo em alerta com a doença. Ela é uma parente da varíola, doença erradicada em 1980, mas menos transmissível, que causa sintomas mais leves e é menos mortal.
A doença rara e pouco conhecida, até recentemente restrita a regiões remotas da África Ocidental e Central, foi identificada em nove países europeus (Reino Unido, Espanha, Portugal, Alemanha, Bélgica, França, Holanda, Itália e Suécia), além de EUA, Canadá e Austrália. Até o momento, já foram confirmados mais de 100 casos.
O caso do primeiro brasileiro infectado, de 26 anos, foi registrado na Alemanha. Em entrevista a BBC News Brasil, a epidemiologista Ethel Maciel, professora da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), disse que a varíola de macacos pode chegar ao Brasil. "É possível até mesmo que alguma pessoa infectada já tenha entrado no país, vinda dos locais onde há casos".
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) está pedindo reforço de medidas não farmacológicas, como distanciamento, uso de máscara e higienização frequente de mãos, em aeroportos e aeronaves, para retardar a entrada do vírus da varíola dos macacos no Brasil.
A infectologista Melissa Fonseca Andrade, da Rede Meridional/ Kora Saúde, explica que a doença pode ser transmitida de duas formas. Uma delas é por via animal contaminado - em especial os macacos e outros roedores doentes, que podem transmitir pela saliva, pelas gotículas da respiração e as lesões de pele.
Outra forma é de pessoa pra pessoa, através do contato bem próximo e com as lesões de pele. "A transmissão acontece quando a pessoa infectada elimina vírus no ar através de gotículas (da saliva), então necessita de um contato próximo. Quando ela fala, tosse ou espirra, por exemplo, lança essas gotículas que contém o vírus transmissor da doença. Outro jeito é através do contato direto com as lesões que aparecem na pele", explica a médica.
Após passado a fase chamada ataque, que dura 5 dias, começam a aparecer as leões no corpo. "As lesões de pele começam como uma mancha vermelha, viram uma bolha e depois uma casquinha. Primeiro no rosto, uma grande concentração, depois desce pro tronco e os membros inferiores. Essa varíola tem uma localização muito predominante na região genital. É semelhante o herpes e a catapora", conta Melissa Fonseca Andrade.
A doença não se espalha facilmente porque não contamina o ar como uma doença de transmissão aerosol. Melissa Fonseca Andrade diz que também existem relatos de transmissão indireta.
"Uma pessoa adoentada que toma banho e passa a toalha no corpo por cima das lesões. Essa toalha é considerada contaminada e pode transmitir, mas essa não é a forma mais importante de transmissão".
Até agora, o vírus não foi descrito como uma doença sexualmente transmissível, mas pode ser passado durante a relação sexual pela proximidade entre as pessoas envolvidas. "Não tem confirmação de transmissão sexual, pelo sêmen e líquido que lubrifica a vagina durante o ato sexual da mulher. Como as lesões da varíola do macaco se concentram bastante na região genital, acaba que essa relação sexual predispõe a transmissão devido ao contato muito próximo. Além disso, as chances de romper essas lesões na pele são grandes, sem falar nos outros tipos de carícias, como os beijos", diz a infectologista.
A forma de se prevenir da doença é muito semelhante a todas doenças de transmissão por gotículas. Por isso, é fundamental:
Não existe um tratamento específico para a doença. "O tratamento é realizado com remédio para dores, para febre, além de uma uma hidratação rigorosa. As formas graves, que podem evoluir para casos de inflamação no cérebro, pneumonia e miocardite, precisam de internação para o vírus ser eliminado", explica a médica.
A vacina da varíola consegue prevenir a maioria dos casos de varíola dos macacos. "Ela pode gerar uma proteção de até 85%", finaliza a infectologista.
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