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Publicado em 22 de julho de 2022 às 16:36
O crescimento dos casos da varíola dos macacos em diversos países coloca o mundo em alerta com a doença. Ela é uma parente da varíola, doença erradicada em 1980, mas menos transmissível, que causa sintomas mais leves e é menos mortal.
Um estudo publicado nesta quinta-feira (21) pelo New England Journal of Medicine mostra que 95% dos casos estudados de varíola dos macacos foram transmitidos através de relações sexuais.
A pesquisa foi liderada por cientistas da Universidade Queen Mary, de Londres, que analisaram 528 infecções confirmadas, em 43 locais de 16 países, entre 27 de abril e 24 de junho de 2022.
Segundo o estudo, 98% dos pacientes eram homens gays ou bissexuais, 75% eram brancos e 41% tinham HIV. Com idade média de 38 anos, e o número médio de seus parceiros sexuais nos três meses anteriores à infecção foi de cinco. Cerca de um terço tinha frequentado festas sexuais ou saunas no mês anterior à manifestação da doença.
O estudo mostrou ainda que muitos dos sintomas são semelhantes aos de infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) e podem levar a erros de diagnóstico."É importante enfatizar que a varíola não é uma infecção sexualmente transmissível no sentido tradicional. Ela pode ser adquirida através de qualquer tipo de contato físico próximo. No entanto, nosso trabalho sugere que a maioria das transmissões até agora está relacionada principalmente à atividade sexual, mas não exclusivamente, entre homens que praticam sexo com homens", explicou o autor do estudo, John Thornhill.
Até então, o vírus não tinha sido descrito como uma doença sexualmente transmissível. A infectologista Melissa Fonseca Andrade diz que o vírus pode ser passado durante a relação sexual pela proximidade entre as pessoas envolvidas.
Além da transmissão via animal contaminado, a doença também pode ser passada de pessoa para pessoa, através do contato bem próximo e com as lesões de pele. "A transmissão acontece quando a pessoa infectada elimina vírus no ar através de gotículas (da saliva), então necessita de um contato próximo. Quando ela fala, tosse ou espirra, por exemplo, lança essas gotículas que contém o vírus transmissor da doença. Outro jeito é através do contato direto com as lesões que aparecem na pele", explica a médica.
Após passado a fase chamada ataque, que dura 5 dias, começam a aparecer as leões no corpo. "As lesões de pele começam como uma mancha vermelha, viram uma bolha e depois uma casquinha. Primeiro no rosto, uma grande concentração, depois desce pro tronco e os membros inferiores. Essa varíola tem uma localização muito predominante na região genital. É semelhante o herpes e a catapora", conta Melissa Fonseca Andrade.
A doença não se espalha facilmente porque não contamina o ar como uma doença de transmissão aerosol. Melissa Fonseca Andrade diz que também existem relatos de transmissão indireta."Uma pessoa adoentada que toma banho e passa a toalha no corpo por cima das lesões. Essa toalha é considerada contaminada e pode transmitir, mas essa não é a forma mais importante de transmissão".
Não existe um tratamento específico para a doença. "O tratamento é realizado com remédio para dores, para febre, além de uma uma hidratação rigorosa. As formas graves, que podem evoluir para casos de inflamação no cérebro, pneumonia e miocardite, precisam de internação para o vírus ser eliminado", explica a médica.
A vacina da varíola consegue prevenir a maioria dos casos de varíola dos macacos. "Ela pode gerar uma proteção de até 85%", finaliza a infectologista.
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