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Publicado em 4 de outubro de 2022 às 10:14
O câncer é uma doença que se caracteriza pela transformação de uma célula do corpo que, em um dado momento, perde o controle e começa a se multiplicar descontroladamente e a se espalhar para todo o corpo causando prejuízos para as outras células.
É o resultado do crescimento desordenado das células que formam os tecidos, resultando no surgimento de nódulos e massas, nos casos de tumores sólidos; ou um aumento de células malignas na corrente sanguínea, nos tumores hematológicos.
A doença tem acometido cada vez mais pessoas com menos de 50 anos. Estudo conduzido por especialistas do Hospital Brigham and Women's, da Universidade de Havard (EUA), mostra que o risco de câncer em pessoas com menos de 50 anos aumentou a cada geração nas últimas três décadas, potencialmente levando ao que os pesquisadores classificaram como 'uma pandemia de câncer de início precoce' no futuro.
Os cientistas observaram que fatores de risco conhecidos para câncer, como alimentos ultraprocessados, bebidas açucaradas, obesidade, diabetes tipo 2, sedentarismo e consumo de álcool, aumentaram bastante desde a década de 1950.
A oncologista Juliana Alvarenga conta que as mudanças em fatores como dieta, estilo de vida - como o consumo de álcool, a privação de sono, o fumo e o consumo de alimentos altamente processados, por exemplo - a obesidade, a poluição e o microbioma da população, a partir da segunda metade do século 20, podem estar contribuindo para maior risco de câncer em pessoas mais jovens.
"É importante que as pessoas estejam atentas e informadas sobre possíveis sinais de alerta emitidos pelo corpo, pois o tratamento responde melhor quando o tumor ainda se encontra em fase inicial, tendo menos probabilidade de se espalhar para outras partes do corpo. Muitas vezes, as pessoas ignoram os sintomas", diz a médica.
O Movimento Todos Juntos Contra o Câncer (TJCC), analisou dados do Datasus e do Instituto Nacional do Câncer (Inca). O estudo observou informações das 19 neoplasias consideradas pelo Inca como as mais frequentes no Brasil. Entre 1997 e 2016, na população com idade entre 20 e 49 anos, houve aumento da mortalidade por todas as neoplasias e pelos cânceres de cavidade oral, mama, colo e corpo do útero, sistema nervoso central e linfoma não-Hodgkin. "Houve aumento da incidência dos cânceres de próstata e da glândula tireoide. O câncer de cólon e reto, por sua vez, apresentou aumento, tanto da incidência, quanto da mortalidade", diz Juliana Alvarenga.
O câncer colorretal está relacionado ao excesso de peso, sedentarismo, consumo excessivo de carne vermelha e álcool e tabagismo. Exames de rastreamento podem ajudar no diagnóstico.
A oncologista Edelweiss Soares, do Neon, conta que os principais tipos que acometem elas com menos de 50 anos, são o câncer de colo uterino, o de mama e o de cólon intestinal. "Já os homens são mais acometidos por câncer no cólon intestinal, de estômago e cabeça e pescoço".
Pesquisadores do estudo americano dizem que "entre os 14 tipos de câncer em ascensão, 8 estavam relacionados ao sistema digestivo". A oncologista explica que devemos nos alimentar bem, evitando processados, fast food e tentar comer ao menos cinco porções de verduras e frutas ao longo do dia. "Manter um hábito intestinal diário, evacuar uma vez por dia seria o ideal, também é uma boa maneira de cuidar do nosso sistema digestivo. Além disso, é muito importante evitar o excesso de álcool. As mulheres devem ingerir no máximo duas doses semanais e os homens, cinco doses. É fundamental ainda praticar atividades físicas, como caminhadas, corridas, andar de bicicleta, praticar natação, dança, ou outros esportes", diz a médica.
De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (Inca), para cada ano do triênio 2020-2022, a estimativa era de 66.280 novos casos de câncer de mama no país, com risco estimado de 61,61 casos por 100 mil mulheres. Apesar de ser mais comum em pacientes com mais de 50 anos, essa realidade tem mudado: de acordo com a Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM), houve um aumento da incidência de câncer de mama entre mulheres mais jovens, antes dos 35 anos. Nos últimos dois anos, a ocorrência de casos nessa faixa etária representou 5% do total de casos. Antes, esse total era de apenas 2%.
A oncologista Virgínia Altoé Sessa, da Oncoclínicas/ES, diz que a incidência da doença em mulheres mais jovens se dá em razão de alguns fatores. Um deles é a diminuição do número de gestações. “Isso aumenta a exposição da mulher ao hormônio estrogênio, o que pode implicar no risco de câncer de mama um pouco mais cedo. O estilo de vida também mudou ao longo do tempo e, hoje, muitas mulheres não se alimentam adequadamente por diversos motivos, não fazem exercícios e podem estar mais propensas à obesidade, estão mais expostas ao estresse do dia a dia. E ainda tem o fator genético que pode influenciar”, explicou a oncologista.
Uma das principais formas de detectar a doença em estágio inicial e aumentar as chances de cura é a realização da mamografia. A recomendação da Sociedade Brasileira de Mastologia é que o exame seja feito anualmente a partir dos 40 anos. A mastologista Thaissa Tinoco diz que é preciso estar atenta aos sinais do corpo. “Independente da idade, se a mulher observar caroços na mama ou na axila, inchaço, vermelhidão, saída de qualquer líquido do mamilo que não seja leite, é fundamental procurar um médico para ser feita uma avaliação”.
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