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Publicado em 20 de abril de 2022 às 11:00
A doença de Alzheimer é um tipo de demência que prejudica a memória, o pensamento e o comportamento. Mais comum após os 65 anos, trata-se de uma doença degenerativa que causa a perda progressiva de células neurais. Quando diagnosticada no início, é possível retardar o seu avanço e ter mais controle sobre os sintomas, garantindo melhor qualidade de vida ao paciente e à família.
O geriatra Roni Chaim Mukamal, da MedSênior, explica que a doença se divide em várias fases, desde um estágio inicial, de menor dependência, até o estágio avançado, em que a dependência é total. "O estágio inicial dura, aproximadamente, de dois a três anos, com a presença de sintomas vagos difusos, instalação lenta onde a principal característica é a memória alterada. O paciente nessa fase também pode apresentar desorientação, alterações da linguagem, aprendizado, concentração e crítica comprometida".
Já a fase intermediária dura, aproximadamente, de três a cinco anos, também é progressiva e lenta, com maior deterioração de memória e sintomas mais pronunciados. Acompanham alterações no cálculo, julgamento, planejamento e abstração. As emoções, personalidade e comportamento social também podem ficar progressivamente alterados. Já com o avanço desta fase ocorrem alterações de postura, marcha e tônus muscular.
A última fase, considerada grave, tem uma duração variável, pois existem mais recursos para o tratamento das complicações da doença (como infecções, desidratação e lesões de pele) e os indivíduos podem viver muitos anos nesta fase. "As funções do organismo já se encontram mais gravemente comprometidas. A fala já está prejudicada. Mais comumente se observa incontinência urinária e fecal. Podem aparecer sintomas e sinais neurológicos grosseiros: rigidez, convulsões, tremores e movimentos involuntários. Esta fase evolui até o estado total vegetativo, culminando com a morte", explica Roni Chaim Mukamal.
No Brasil, estima-se que cerca de um milhão de pessoas sofram de Alzheimer. O neurologista Paulo Takeshi Nakano, da Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo, explica que as alterações cognitivas da doença acarretam sintomas comportamentais em cerca de 80% dos casos. "Embora esses aspectos comportamentais se modifiquem com a doença, apatia, depressão e agitação são as manifestações mais comumente afetadas".
O médico diz que os sintomas em seu estágio inicial incluem dificuldade em se lembrar de acontecimentos recentes, compromissos, recados, repetição de perguntas, perda de objetos pessoais, característicos do déficit de memória. "É comum ter também alteração de memória operacional, redução da fluência verbal e dificuldade de nomeação, sobretudo no uso de palavras menos frequentes, desorientação espacial em locais menos conhecidos, disfunção executiva e dificuldade nos cálculos também podem se apresentar", conta Paulo Takeshi Nakano.
A ida ao geriatra precocemente ajuda no diagnóstico correto e acompanhamento precoce. O médico realiza testes cognitivos quando o paciente ou um membro da família mostra preocupação com o prejuízo da memória. "São mapeadas várias áreas, como memória recente, evocação, linguagem, função executiva e orientação, para identificar se a perda da memória é em virtude de alguma doença ou se trata apenas do envelhecimento natural do idoso. Sendo assim, fica mais fácil iniciar o tratamento", diz Roni Chaim Mukamal.
O Alzheimer tende a progredir com o tempo e ainda não tem cura. "Existem medicações que estabilizam a doença ou diminuem a velocidade de perda funcional em cerca de cinco anos ou mais, podendo oferecer mais tempo com qualidade de vida ao paciente e aos familiares. Estas medicações, desde que bem otimizadas, podem oferecer conforto, alívio e qualidade de vida", conta Paulo Takeshi Nakano.
A melhor forma de diferenciar os sintomas da doença de Alzheimer do envelhecimento é prestar atenção na frequência dos esquecimentos e observar se eles atrapalham o dia a dia do idoso.
“Muitas vezes, os familiares acham que a perda de memória é natural do envelhecimento e procuram o geriatra apenas quando ocorre algum fato mais marcante e grave, como episódios de agressividade ou quando o idoso se perde na rua. Muitas vezes, também há alguma doença clínica que pode interferir na memória e a ida ao médico geriatra precocemente ajuda no diagnóstico correto e acompanhamento”, diz Roni Chaim Mukamal.
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