Administrador / [email protected]
Publicado em 10 de novembro de 2022 às 08:32
Um dos maiores desafios no combate ao câncer de próstata é cultural: homens se cuidam menos e muitos têm preconceito em relação aos exames de rastreamento. Dentro desse cenário, conforme dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA), a cada 38 minutos no Brasil, um homem morre devido à neoplasia. Ainda segundo o Instituto, por ser um tumor silencioso, a grande maioria dos casos é apenas diagnosticado em fase avançada.
O câncer de próstata é o segundo mais comum entre os homens no Brasil (atrás apenas do câncer de pele não-melanoma). Ele deve acometer cerca de 65.840 pessoas até o final de 2022, segundo dados do instituto. Cerca de 75% dos casos atingem homens com 65 anos ou mais e a doença mata mais de 15,5 mil brasileiros todos os anos, revela o estudo.
Para tentar mudar esse cenário, é realizado a campanha Novembro Azul, com o objetivo de conscientizar a população sobre a saúde do homem e os riscos de desenvolvimento de algumas doenças em especial, como o câncer de próstata. O urologista Carlos Chagas, da Rede Meridional/Kora Saúde, explica que a próstata é uma glândula presente apenas no organismo masculino e se localiza na parte baixa do abdômen.
"É um órgão pequeno, posicionado à frente do reto, na parte final do intestino grosso. O câncer de próstata se manifesta na glândula do sistema reprodutor masculino e, se diagnosticado precocemente, tem mais de 90% de cura. A doença é silenciosa. Quando surgem os primeiros sintomas, a maioria dos tumores já está em fase avançada".
Carlos Chagas conta que todo homem a partir dos 50 anos deve ir regularmente ao urologista e conversar sobre os exames de análise da glândula. "Fortalecer a imunidade, prevenir contra a obesidade, ter uma alimentação saudável e praticar exercícios regularmente ajudam a diminuir o risco de câncer de próstata. Evitar o consumo de álcool e o tabagismo também são recomendações que colaboram com a prevenção contra essa e outras doenças".
É recomendável que homens a partir de 50 anos (e 45 anos para quem tem histórico da doença na família) façam anualmente o exame clínico (toque retal) e a medição do antígeno prostático específico (PSA) - feito por meio de um exame simples de sangue - para rastrear possíveis alterações que indiquem aparecimento da doença. "Fazer o exame de toque retal é necessário, pois o exame de sangue do PSA pode estar normal em até 15 ou 20% dos casos de câncer de próstata", diz o urologista Walas Silvério da Rocha, da Urovitória.
O médico conta que, para confirmar a doença, é preciso fazer uma biópsia. Nesse exame, são retirados pedaços muito pequenos da próstata para serem analisados no laboratório. "A biópsia é indicada caso seja encontrada alguma alteração no PSA ou no toque retal", diz Walas Silvério da Rocha.
A oncologista Mariane Fontes, do Grupo Oncoclínicas, diz que um dos principais objetivos do diagnóstico precoce, além de permitir a adoção de tratamentos menos invasivos e promover chances de cura que podem passar de 90% em cinco anos na doença localizada, é evitar que o paciente tenha outros impactos à saúde em geral.
"Pacientes sem nenhuma dor e que têm o diagnóstico precoce de um câncer de próstata podem ter apenas acompanhamento médico, poupando-os de possíveis efeitos colaterais do tratamento cirúrgico ou radioterápico. Por outro lado, quando o câncer de próstata tem características mais agressivas e é identificado em estágios mais avançados, o tratamento indicado acaba sendo mais intenso, requerendo cirurgia, radioterapia, bloqueio hormonal ou quimioterapia. O bloqueio hormonal, é o pilar principal do tratamento da doença avançada e reduz a testosterona. A falta desse hormônio pode gerar elevação no risco de doenças cardiovasculares, impotência sexual e distúrbios cognitivos”.
O tratamento depende do estágio e da agressividade em que a doença se encontra. Eles devem ser projetados individualmente para cada paciente de acordo com o seu quadro clínico pessoal. “No caso em que a doença se encontra no estágio inicial e com características de baixa agressividade, o acompanhamento vigilante com consultas e exames periódicos deve ser discutido com o paciente, uma vez que é possível poupar os mesmos de algumas toxicidades que o tratamento causa”, diz o oncologista Paulo Lages, do Grupo Oncoclínicas
A médica Mariane Fontes diz que nos outros casos de doença, a cirurgia e a radioterapia associadas ou não a bloqueio hormonal, além da braquiterapia (também conhecida como radioterapia interna), podem ser realizadas com boas taxas de resposta positiva.
Quando os pacientes apresentam metástases, diversos tratamentos podem ser realizados, como o bloqueio hormonal, a quimioterapia, novos medicamentos que controlam os hormônios por via oral e também uma nova classe de remédios que são conhecidas como radioisótopos, partículas que se ligam no osso e emitem doses pequenas de radioterapia nestes locais.
O urologista Carlos Chagas diz que a cirurgia de câncer ocorre após definição de uma série de fatores, desde o estágio da doença até as condições de saúde do paciente. "Quando há indicação para a cirurgia do tumor prostático, o procedimento consiste em retirar a próstata. Já o tipo de cirurgia oncológica escolhida pode ser: a forma convencional, a videolaparoscopia ou a cirurgia robótica. A cirurgia robótica hoje é a mais indicada. O uso da tecnologia propicia uma visão mais detalhada, movimentos mais precisos e incisões muito menores. Isso significa, para o paciente, procedimentos mais seguros, menos dolorosos e com menos tempo de recuperação e internação".
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta