O câncer de próstata é o segundo mais comum entre os homens no Brasil. Crédito: Shutterstock
Um dos maiores desafios no combate ao câncer de próstata é cultural: homens se cuidam menos e muitos têm preconceito em relação aos exames de rastreamento. Dentro desse cenário, conforme dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA), a cada 38 minutos no Brasil, um homem morre devido à neoplasia. Ainda segundo o Instituto, por ser um tumor silencioso, a grande maioria dos casos é apenas diagnosticado em fase avançada.
O câncer de próstata é o segundo mais comum entre os homens no Brasil (atrás apenas do câncer de pele não-melanoma). Ele deve acometer cerca de 65.840 pessoas até o final de 2022, segundo dados do instituto. Cerca de 75% dos casos atingem homens com 65 anos ou mais e a doença mata mais de 15,5 mil brasileiros todos os anos, revela o estudo.
Para tentar mudar esse cenário, é realizado a campanha Novembro Azul, com o objetivo de conscientizar a população sobre a saúde do homem e os riscos de desenvolvimento de algumas doenças em especial, como o câncer de próstata. O urologista Carlos Chagas, da Rede Meridional/Kora Saúde, explica que a próstata é uma glândula presente apenas no organismo masculino e se localiza na parte baixa do abdômen.
"É um órgão pequeno, posicionado à frente do reto, na parte final do intestino grosso. O câncer de próstata se manifesta na glândula do sistema reprodutor masculino e, se diagnosticado precocemente, tem mais de 90% de cura. A doença é silenciosa. Quando surgem os primeiros sintomas, a maioria dos tumores já está em fase avançada".
"Na fase inicial, o câncer de próstata não apresenta sintomas e, quando alguns sinais começam a aparecer, cerca de 95% dos tumores já estão em fase avançada, dificultando a cura. A única forma de garantir a cura é o diagnóstico precoce"
Carlos Chagas
VEJA 5 SINAIS DO CÂNCER DE PRÓSTATA
- Dor óssea
- Dificuldade e dores ao urinar
- Presença de sangue na urina e/ou no sêmen
- Diminuição do jato de urina
- Vontade de urinar com frequência
Carlos Chagas conta que todo homem a partir dos 50 anos deve ir regularmente ao urologista e conversar sobre os exames de análise da glândula. "Fortalecer a imunidade, prevenir contra a obesidade, ter uma alimentação saudável e praticar exercícios regularmente ajudam a diminuir o risco de câncer de próstata. Evitar o consumo de álcool e o tabagismo também são recomendações que colaboram com a prevenção contra essa e outras doenças".
DIAGNÓSTICO
É recomendável que homens a partir de 50 anos (e 45 anos para quem tem histórico da doença na família) façam anualmente o exame clínico (toque retal) e a medição do antígeno prostático específico (PSA) - feito por meio de um exame simples de sangue - para rastrear possíveis alterações que indiquem aparecimento da doença. "Fazer o exame de toque retal é necessário, pois o exame de sangue do PSA pode estar normal em até 15 ou 20% dos casos de câncer de próstata", diz o urologista Walas Silvério da Rocha, da Urovitória.
O médico conta que, para confirmar a doença, é preciso fazer uma biópsia. Nesse exame, são retirados pedaços muito pequenos da próstata para serem analisados no laboratório. "A biópsia é indicada caso seja encontrada alguma alteração no PSA ou no toque retal", diz Walas Silvério da Rocha.
"É importante ter uma observação vigilante, um acompanhamento rigoroso do avanço do câncer por meio de consultas regulares ao médico, que iniciará o tratamento apenas quando a doença se tornar mais agressiva. Essa abordagem é indicada em casos de tumores poucos agressivos, com desenvolvimento lento"
Walas Silvério da Rocha
A oncologista Mariane Fontes, do Grupo Oncoclínicas, diz que um dos principais objetivos do diagnóstico precoce, além de permitir a adoção de tratamentos menos invasivos e promover chances de cura que podem passar de 90% em cinco anos na doença localizada, é evitar que o paciente tenha outros impactos à saúde em geral.
"Pacientes sem nenhuma dor e que têm o diagnóstico precoce de um câncer de próstata podem ter apenas acompanhamento médico, poupando-os de possíveis efeitos colaterais do tratamento cirúrgico ou radioterápico. Por outro lado, quando o câncer de próstata tem características mais agressivas e é identificado em estágios mais avançados, o tratamento indicado acaba sendo mais intenso, requerendo cirurgia, radioterapia, bloqueio hormonal ou quimioterapia. O bloqueio hormonal, é o pilar principal do tratamento da doença avançada e reduz a testosterona. A falta desse hormônio pode gerar elevação no risco de doenças cardiovasculares, impotência sexual e distúrbios cognitivos”.
TRATAMENTO
O tratamento depende do estágio e da agressividade em que a doença se encontra. Eles devem ser projetados individualmente para cada paciente de acordo com o seu quadro clínico pessoal. “No caso em que a doença se encontra no estágio inicial e com características de baixa agressividade, o acompanhamento vigilante com consultas e exames periódicos deve ser discutido com o paciente, uma vez que é possível poupar os mesmos de algumas toxicidades que o tratamento causa”, diz o oncologista Paulo Lages, do Grupo Oncoclínicas
A médica Mariane Fontes diz que nos outros casos de doença, a cirurgia e a radioterapia associadas ou não a bloqueio hormonal, além da braquiterapia (também conhecida como radioterapia interna), podem ser realizadas com boas taxas de resposta positiva.
Quando os pacientes apresentam metástases, diversos tratamentos podem ser realizados, como o bloqueio hormonal, a quimioterapia, novos medicamentos que controlam os hormônios por via oral e também uma nova classe de remédios que são conhecidas como radioisótopos, partículas que se ligam no osso e emitem doses pequenas de radioterapia nestes locais.
O urologista Carlos Chagas diz que a cirurgia de câncer ocorre após definição de uma série de fatores, desde o estágio da doença até as condições de saúde do paciente. "Quando há indicação para a cirurgia do tumor prostático, o procedimento consiste em retirar a próstata. Já o tipo de cirurgia oncológica escolhida pode ser: a forma convencional, a videolaparoscopia ou a cirurgia robótica. A cirurgia robótica hoje é a mais indicada. O uso da tecnologia propicia uma visão mais detalhada, movimentos mais precisos e incisões muito menores. Isso significa, para o paciente, procedimentos mais seguros, menos dolorosos e com menos tempo de recuperação e internação".
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