Workaholic? Veja 5 doenças causadas pelo excesso de trabalho para ficar alerta

Existem inúmeras lesões relacionadas ao esgotamento físico, assim como a exaustão emocional. Médicos dizem que é preciso ficar atento aos sinais

Doenças causadas pelo excesso de trabalho: dor nas costas

A dor nas costas é um dos principais problemas que podem acometer a coluna devido ao excesso trabalho. Crédito: Shutterstock

Você tem sentido dores nas costas? Um esgotamento físico e psíquico em função do excesso de trabalho? Os olhos costumam ficar cansados no final do dia? Esses são apenas alguns dos sinais de que  excesso de trabalho pode trazer prejuízos para a sua saúde.

Os médicos dizem que o excesso ou falta de cuidados com as atividades no trabalho podem gerar danos tanto saúde física quanto mental. O ortopedista Guilherme de Freitas, da Unimed Vitória, conta que a dor nas costas, principalmente na região lombar, é um dos principais problemas que podem acometer a coluna devido ao excesso trabalho. 

"É uma das principais causas de afastamento do trabalhador, segundo levantamentos do próprio Ministério do Trabalho. Isto ocorre por falta de ergonomia no trabalho, ou seja, cuidados com a postura ou movimentos bruscos e excessivos, além do sedentarismo e acúmulo de estresse, que levam a um maior risco de lesões musculares, principalmente nesta região". 

O médico conta que, inicialmente, as dores começam de forma esporádica e a pessoa sente fadiga e indisposição. "A intensidade vai aumentando e leva até ao afastamento para tratamento. Por fim, a tendência é a cronificação dos sintomas, com dor mesmo em repouso e o surgimento de patologias degenerativas associadas", diz Guilherme de Freitas.

"O tratamento passa, fundamentalmente, por cuidados com a ergonomia e hábitos de vida mais saudáveis. Sem isso, qualquer tratamento irá falhar, pois o trabalhador irá se manter exposto aos mesmos fatores que levaram às lesões.  Em casos em que já exista algum processo mais crônico,  fisioterapia e terapias medicamentosas serão necessárias"

"O tratamento passa, fundamentalmente, por cuidados com a ergonomia e hábitos de vida mais saudáveis. Sem isso, qualquer tratamento irá falhar, pois o trabalhador irá se manter exposto aos mesmos fatores que levaram às lesões. Em casos em que já exista algum processo mais crônico, fisioterapia e terapias medicamentosas serão necessárias"

Guilherme de Freitas

LER OU DORT

A Lesão por Esforço Repetitivo (LER) não é propriamente uma doença. É uma síndrome que inclui um grupo de doenças com sintomas como dor nos membros superiores e nos dedos, dificuldade para movimentá-los, formigamento, fadiga muscular e redução na amplitude do movimento. "Também chamada de DORT, são termos usados de uma maneira generalizada e que abrangem os distúrbios ou doenças do sistema músculo-esquelético-ligamentar relacionados ao trabalho", diz o ortopedista Guilherme Galito, da Samp. 

A síndrome aparece quando os trabalhadores são submetidos a sobrecargas de trabalho. Entre os principais sintomas estão  a fadiga muscular, dor, parestesia, sensação de peso, mal-estar, processos inflamatórios em tendões, ligamentos e contraturas musculares. 

"Existem algumas práticas para amenizar esses fatores adversos causadores de doenças do trabalho como eliminação do movimento ou postura crítica, com um simples treinamento de postura ou modificação na realização da tarefa; pausas de recuperação; revezamento de funcionários ou rodízio de tarefas evitando excesso de atividades repetitivas, entre outros", diz o médico. 

SÍNDROME DE BURNOUT

A Síndrome de Bournout é o esgotamento físico e psíquico em função do excesso de trabalho. "Esse distúrbio emocional acontece quando, geralmente, a exigência no trabalho ultrapassa os limites mentais e físicos, ganhando uma proporção que destrói a pessoa ao invés de gerar benefícios. O trabalho vira um ato de destruição, com exigências impossíveis, metas a serem batidas, ganância, levando a um desconforto muito grande, gerando estresse e exaustão extrema", explica o psiquiatra Gabriel Bessa, da Rede Meridional.

"Ocorre quando a pessoa, muitas vezes, não conhece o próprio limite ou então ignora e ultrapassa os limites. Essa situação vira um redemoinho e ela vai fazendo tudo em modo automático. Quando percebe, está totalmente envolta numa tempestade de emoções, em um esgotamento de energia"

"Ocorre quando a pessoa, muitas vezes, não conhece o próprio limite ou então ignora e ultrapassa os limites. Essa situação vira um redemoinho e ela vai fazendo tudo em modo automático. Quando percebe, está totalmente envolta numa tempestade de emoções, em um esgotamento de energia"

Gabriel Bessa

Os sinais acontecem quando a pessoa percebe que o trabalho tomou conta da vida e isso gera desconforto. "A pessoa só pensa em trabalho, causando desespero, angústia muito grande, pensamentos que levam a acreditar que não vai conseguir exercer suas funções, o coração pode ficar acelerado, acontecer crise de ansiedade, insônia, perda de força, de sensibilidade, dor de cabeça, náuseas, entre outros sintomas", diz o psiquiatra. 

Para o tratamento, o primeiro passo é a pessoa identificar os sintomas. "As pessoas devem procurar ajuda psicológica ou psiquiátrica quando perceberem que estão em sofrimento mental, das emoções, falar sobre o que está acontecendo, para identificarmos o problema. São vários passos para o tratamento. A atividade física é algo essencial, aprender a lidar com as emoções, conhecer e estabelecer os limites do próprio corpo. Cuidar da parte espiritual também", conta Gabriel Bessa. 

OLHOS

A oftalmologista Klícia Molina, do Hospital de Olhos de Vitória, conta que o excesso de trabalho tem ocasionado nas pessoas a sensação de cansaço ocular, queimação nas vistas, ardência, ressecamento ocular e dor de cabeça que aparecem no final do dia, após muitas horas com os olhos voltados para as telas. "Isso pode ocasionar em ressecamento dos olhos e cansaço ocular". 

A médica aponta que, em algumas profissões, é importante a pessoa usar óculos de proteção. "O soldador, por exemplo, precisa usar pois pode passar a sofrer de conjuntivite química e térmica, nesses casos a pessoa não sente nada na hora, mas durante a noite começa a doer, pois causa queimadura que dói horas depois, é e uma dor grande, que leva as pessoas para as emergências médicas". 

Entre os cuidados, a oftalmologista diz que sempre que tiver necessidade de uso de óculos de grau é importante utiliza-los ou usar lentes de contato. "Além de trabalhar com intervalos de tempo. A cada 20 minutos usando a visão de perto é necessário descansar a vista olhando por 20 segundos para algo longe, a mais ou menos 20 metros, isso diminui o cansaço ocular. Se trabalhar em ambientes com ar condicionado é importante usar colírios hidratantes, e manter os exames de vista em dia", diz Klícia Molina. 

DOENÇAS RESPIRATÓRIAS

O pneumologista Fabrício Smiderle, da Samp, explica que os pulmões podem ser atingidos por algumas atividades devido à exposição frequente a produtos químicos, poluentes e outros irritantes. "As pneumoconioses, a doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) - cuja causa mais comum é o tabagismo, mas pode ocorrer desenvolvimento dessa doença por inalação dessas poeiras, e a asma ocupacional são as doenças que podem ser desenvolvidas ou desencadeadas por exposição a agentes inaláveis no ambiente de trabalho".

Essas doenças podem levar a perda importante da função pulmonar, fazendo com que o paciente passe a apresentar falta de ar e tosse persistente, com possibilidade de evoluir para casos graves, como a dependência de oxigenoterapia para fazer atividades simples, como ir ao banheiro.

Os sintomas e sinais mais comuns das doenças respiratórias relacionadas ao trabalho são tosse (seca ou produtiva), dispneia (falta de ar) e desconforto torácico. "Se o trabalhador estiver exposto a esses inalantes e começar a apresentar esses sintomas, é importante procurar auxílio médico", diz Fabrício Smiderle.

A asma e a DPOC podem ser tratadas com medicações inalatórias, dentre outros cuidados, como necessidade de fisioterapia respiratória. Já as pneumoconioses não têm tratamento específico, apenas sintomáticos e suporte clínico

Além dos cuidados que as empresas devem tomar como sistema de ventilação adequados ao ambiente, o uso de equipamentos de proteção individual (EPI), no caso as máscaras protetoras respiratórias, é essencial para que essas doenças sejam prevenidas. 

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