Xô, cecê: saiba como acabar com o mau cheiro nas axilas

Diversos fatores podem causar o problema, tanto o suor acumulado e a falta de higiene, quanto outras alterações. É preciso controlar o suor, usar sabonete neutro, entre outros cuidados

Vitória
Publicado em 18/03/2022 às 07h01
Homem cheirando o sovaco

O cheirinho desagradável pode afetar muita gente. Crédito: Seva Levitsky / Freepik

Até certo ponto, a transpiração nas axilas é normal. Mas, com o calorão que tem feito, algumas pessoas podem perceber com mais frequência aquele cheirinho desagradável, que é popularmente chamado de "cecê". Na medicina, o problema que pode afetar qualquer um, tem até nome: bromidrose axilar.

"A bromidrose é o mau cheiro persistente em algumas regiões do corpo, principalmente nas axilas. É uma condição que se caracteriza por aquele mau odor que não vai embora, mesmo mantendo a higiene correta. É ocasionada por um desequilíbrio de bactérias", explica a dermatologista Karina Mazzini.

De acordo com a dermatologista, transpirar é normal. Porém, diversos fatores podem causar o cecê, tanto o suor acumulado e a falta de higiene, quanto outras alterações. "Os fatores genéticos, o diabetes, pelos em excesso que dificultam a limpeza, as alterações hormonais e até mesmo a alimentação podem influenciar no problema. O consumo de determinados alimentos como alho, cebola, curry, pratos muito condimentados e álcool pode causar o mau cheiro maior", explica Karina Mazzini. 

"Para diminuir o cheiro de cecê é preciso controlar o suor. Isso vai ajudar muito para que ele não acumule e não haja a proliferação de bactérias e fungos que possam causar o odor. No entanto, se persistir, é preciso investigar a causa para saber se não é alguma alteração hormonal, por exemplo"

"Para diminuir o cheiro de cecê é preciso controlar o suor. Isso vai ajudar muito para que ele não acumule e não haja a proliferação de bactérias e fungos que possam causar o odor. No entanto, se persistir, é preciso investigar a causa para saber se não é alguma alteração hormonal, por exemplo"

A médica não recomenda o uso de  sabonetes bactericidas nas axilas com o objetivo de eliminar as colônias de bactérias mais recentes, sem eliminar a biota saudável da pele. "Oriento sempre que o paciente faça uso de sabonete neutro e desodorantes, indicados por nós, dermatologistas", conta Karina Mazzini. 

Outra opção de tratamento é com o uso da toxina botulínica para reduzir drasticamente o suor e acabar com o problema do odor e das manchas embaixo do braço. "A aplicação da toxina botulínica é muito eficaz no tratamento para diminuir a transpiração excessiva dessa área. Ela consegue reduzir em torno de 90% a produção de suor por um período de 4 a 12 meses, dependendo do caso. E reduzindo o suor, o odor tende a melhorar também", ressalta Karina Mazzini. 

Outra dica dos médicos é escolher a roupa mais adequada. Nesse caso, o melhor é optar por tecidos mais arejados, como o algodão, que permite a pele 'respirar' e evitar peças sintéticas, de seda, impermeáveis e de plástico, pois ajuda a manter a umidade.

PELOS MAIS CURTOS

O dermatologista Ricardo Tiussi, do Instituto Pele, conta que, para controlar o mau cheiro, é necessário promover um equilíbrio das bactérias da pele. "O paciente pode ter bromidrose (mau cheiro) com ou sem hiperidrose (excesso de suor). Pode-se utilizar sabonetes antissépticos, desodorantes antitranspirantes e antibióticos na forma tópica. Medidas gerais, como o uso de roupas de algodão e preferir ambientes arejados, são de grande ajuda". 

"O desodorante só tem a função de fornecer um perfume mais forte que o próprio odor do paciente. O antitranspirante é o mais indicado para a bromidrose por diminuir a produção das glândulas de suor"

"O desodorante só tem a função de fornecer um perfume mais forte que o próprio odor do paciente. O antitranspirante é o mais indicado para a bromidrose por diminuir a produção das glândulas de suor"

Se o paciente tem bromidrose, a presença de pelos nas axilas pode dificultar a higiene durante o banho e a aplicação de desodorantes e antitranspirantes. Por isso, é recomendado manter o pelo mais curto. "Ou optar pela depilação definitiva. As bactérias aderem aos pelos da pele e dificultam a higiene", conta o dermatologista. 

CIRURGIAS PARA HIPERIDROSE

Em casos mais graves, é possível para remover as glândulas que produzem o suor, a mesma cirurgia feita para quem tem hiperidrose, que é o suor excessivo. Karina Mazzini conta que existem duas cirurgias. "Tem a simpatectomia, que corta o nervo simpático que inerva as glândulas sudoríparas écrinas. É uma cirurgia complicada, pois como efeito ocasiona a sudorese compensatória, você para de suar na axila, mas passa a suar em outros locais do corpo. Por essa questão, já não é feita com tanta frequência".

A outra cirurgia é a raspagem das glândulas de suor, mas também é um procedimento bem agressivo. "O que mais fazemos, por ser mais prático, rápido e menos invasivo é a aplicação de toxina botulínica que funciona muito bem. É um tipo de tratamento que faço diariamente, com esse objetivo de ajudar no suor excessivo", diz a dermatologista. 

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