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A reação dos irmãos Menéndez, condenados à prisão perpétua por matar os pais, à nova série 'Monstros' da Netflix

A reação dos irmãos Menéndez, condenados à prisão perpétua por matar os pais, à nova série 'Monstros' da Netflix

A nova temporada de Monstros conta a história real de dois irmãos que mataram seus pais no final dos anos 1980 em Beverly Hills.

Publicado em 26 de setembro de 2024 às 17:30

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Imagem BBC Brasil
Cooper Koch (à esquerda) e Nicholas Chavez interpretam Erik e Lyle Menéndez, respectivamente. (Netflix)

BBC News Mundo

Uma nova série da Netflix sobre dois irmãos que mataram os pais foi duramente criticada por um dos homens que inspirou a produção.

Monstros - Irmãos Menéndez: Assassinos dos Pais estreou na semana passada e rapidamente se tornou uma das mais assistidas na plataforma de streaming.

A série é protagonizada por Cooper Koch e Nicholas Alexander Chavez como os dois irmãos, e por Javier Bardem e Chloë Sevigny como seus pais.

Lyle e Erik Menéndez são dois irmãos que mataram seus pais milionários em 20 de agosto de 1989. José e Kitty Menéndez foram alvejados com vários disparos à queima-roupa em sua mansão em Beverly Hills.

Os irmãos, que tinham 21 e 18 anos na época, inicialmente disseram à polícia que encontraram os pais mortos ao chegarem em casa.

No entanto, foram julgados e condenados pelo parricídio.

Na época, os irmãos afirmaram que cometeram os assassinatos em legítima defesa, após anos de supostos abusos físicos, emocionais e sexuais.

O Ministério Público, por outro lado, argumentou que eles queriam matar os pais pela herança.

Eles foram sentenciados à prisão perpétua, sem possibilidade de liberdade condicional.

Uma "calúnia desalentadora"

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Erik e Lyle Menéndez na porta da mansão em Beverly Hills no dia 30 de novembro de 1989, três meses depois do assassinato dos pais neste mesmo lugar. (Getty Images)

Na prisão, e por meio de uma carta publicada no X (antigo Twitter) por sua esposa, Erik Menéndez questionou a produção no dia seguinte à sua estreia, afirmando que se trata de uma "calúnia desalentadora".

"Eu achava que as mentiras e as representações tendenciosas que recriavam Lyle eram coisa do passado, que tinham criado uma caricatura de Lyle baseada em mentiras horríveis e descaradas e que agora voltam a abundar na série", destacou.

"Só posso acreditar que fizeram isso de propósito. Com grande pesar, digo que acredito que Ryan Murphy [criador da série] não pode ser tão ingênuo e impreciso sobre os fatos de nossas vidas a ponto de fazer isso sem má intenção", acrescentou o irmão mais novo.

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Erik (esquerda) e Lyle Menéndez durante julgamento em Los Angeles em março de 1994. (Getty Images)

"É triste para mim saber que a representação desonesta da Netflix das tragédias que cercam nosso crime fez com que as dolorosas verdades retrocedessem vários passos no tempo, para uma época em que a promotoria construiu uma narrativa baseada em um sistema de crenças segundo o qual homens não eram abusados sexualmente e que homens experienciavam o trauma da violação de maneira diferente das mulheres", continuou.

"Essas mentiras horríveis foram desmentidas e expostas por inúmeras vítimas corajosas que superaram sua vergonha pessoal e falaram com coragem ao longo das últimas duas décadas", disse Erik.

O drama da Netflix apresenta os assassinatos a partir de diferentes perspectivas e explora o que poderia ter levado os irmãos a matar os pais.

No entanto, a produção se esforça para mostrar as coisas do ponto de vista dos pais, algo que seus criadores afirmaram ter se baseado em uma pesquisa aprofundada.

O que diz o criador da série

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Ganhador de um Oscar, Javier Bardem (à esquerda) interpreta o pai dos jovens na série da Netflix. . (Netflix)

A série sobre a família Menéndez é uma continuação da controversa primeira temporada de Monstros sobre o serial killer americano Jeffrey Dahmer, que foi criticada em alguns setores por ser insensível.

Esses dramas foram idealizados por Ryan Murphy, diretor, roteirista e produtor por trás de séries como Glee, Pose, Vigilante, Feud, American Horror Story, Hollywood e Ratched, em parceria com Ian Brennan, com quem também criou Glee.

Em declarações à Entertainment Tonight, Murphy afirmou: "Acho interessante que tenham feito uma declaração sem ter assistido ao programa".

"É realmente difícil, se se trata da sua vida, ver sua vida na tela", reconheceu.

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O diretor e roteirista Ryan Murphy falou sobre a série em um evento em Nova York no início deste mês. (Getty Images)

"O que me parece interessante, e que ele não menciona em sua declaração, é que, se você assistir ao programa, diria que 60-65% da nossa série se concentra no abuso e no que eles afirmam que aconteceu", afirmou Murphy.

"Fazemos isso com muito cuidado e damos espaço para que eles contem sua versão, e falem abertamente sobre isso", continuou.

No entanto, acrescentou Murphy, ele e sua equipe sentiram que era importante também mostrar as coisas do ponto de vista dos pais.

"Neste tempo em que as pessoas podem falar sobre abuso sexual, discutir e escrever sobre todos os pontos de vista pode ser controverso", apontou.

"Houve quatro pessoas envolvidas, duas delas estão mortas. O que acontece com os pais? Como narradores, tínhamos a obrigação de tentar incluir sua perspectiva a partir da nossa pesquisa, e assim fizemos", defendeu.

Com informações de Steven McIntosh, jornalista de entretenimento da BBC.

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Javier Bardem, Nicholas Chavez, Cooper Koch e Chloë Sevigny estiveram no lançamento da série em Los Angeles na semana passada. (Getty Images)

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