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Usaflex aposta no digital para deixar imagem de 'sapato da vovó' para trás

Usaflex aposta no digital para deixar imagem de 'sapato da vovó' para trás

Passando por uma fase de reformulação de negócios desde que mudou de dono, há cinco anos, a empresa começa a rejuvenescer sua clientela com um processo de transformação digital iniciado este ano e que deverá consumir R$ 100 milhões até 2025.

Publicado em 15 de outubro de 2021 às 20:05

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Usaflex
Apesar de a estratégia ainda estar no início, os resultados já começam a aparecer. (Reprodução @Usaflex)

Com uma história marcada pela imagem de "sapato da vovó", a Usaflex, fabricante gaúcha de calçados confortáveis, acredita que esse retrato já é coisa do passado. Passando por uma fase de reformulação de negócios desde que mudou de dono, há cinco anos, a empresa começa a rejuvenescer sua clientela com um processo de transformação digital iniciado este ano e que deverá consumir R$ 100 milhões até 2025. O dinheiro poderá ser usado, em parte, para uma aquisição voltada ao mundo online.

Apesar de a estratégia ainda estar no início, os resultados já começam a aparecer. Até pouco tempo atrás , 70% das vendas vinham de mulheres acima de 40 anos - número que agora é de 55%. No digital, diz o presidente da empresa, Sergio Bocayuva, 60% das vendas se concentram em mulheres de 25 a 45 anos. A estratégia de migração para a internet é ousada. A meta é passar de 5,8% de vendas pela web, em 2020, para 27,8%, em 2025.

Reflexo da pandemia de covid-19, a aposta da Usaflex no digital motivou a contratação do executivo Lucas Neves, ex-Lojas Renner. "No futuro IPO (oferta inicial de ações), uma das perguntas que os potenciais investidores tendem a fazer é sobre como está a venda no digital", diz Neves, que adianta que a marca estará mais forte, em breve, nos marketplaces. Hoje, já é possível encontrá-la nas plataformas de C&A, Renner e Mercado Livre, por exemplo.

No início dessa jornada rumo ao mundo online, 54 lojas da Usaflex, de 270, já estão plugadas ao canal digital. Esse número subirá a 100, em outubro, e a 178, em novembro. Em paralelo, o número de lojas físicas também vai crescer: a previsão é de que chegue a uma faixa entre 430 a 515 também em 2025.

Segundo o presidente da Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC), Eduardo Terra, a referência no setor de calçados, quando o assunto é digitalização, é a Arezzo. Por lá, a fatia do online já chega em 25%. "A Arezzo evidencia o potencial que a Usaflex tem de crescimento no digital", comenta.

Vitrine

O processo de rejuvenescimento da clientela tem tido outro empurrão. Ao ampliar a abertura de franquias, a empresa passou a decidir o que seria exposto nas vitrines. Saíram os sapatos funcionais, e entraram calçados de visual mais jovial. Como resultado, a marca conseguiu dar mais visibilidade à sua grade, de cerca de 350 modelos.

Sócio da Varese Retal, Alberto Serrentino observa que todo o mercado do "comfort shoes" (sapato confortável) vive o desafio de acabar com a associação de se destinar apenas ao público de terceira idade. "A moda está ficando mais confortável. As mulheres mais jovens também não querem escolher entre um produto de moda e um produto confortável."

Estreia na Bolsa

O presidente da Usaflex diz que, apesar de a ida à B3 fazer sentido para o negócio, a ideia é de que isso ocorra somente após a virada digital. O planejamento estratégico inclui um faturamento de R$ 1 bilhão em 2023 - mais do que o dobro dos R$ 390 milhões anotados em 2019. Além de vender no mercado interno, a empresa exporta para 53 países.

Bocayuva assumiu o comando da companhia em 2016, quando comprou uma fatia de 70% da Usaflex com o fundo de private equity (que compra participação em empresas) Axxon. A "dobradinha" foi um repeteco após o investimento conjunto na varejista de produtos saudáveis Mundo Verde, vendida em 2014 ao empresário Carlos Wizard.

No mercado brasileiro, a principal concorrente direta da Usaflex é a Piccadilly, também focada no sapato confortável. No entanto, outras gigantes do setor passaram a olhar o mercado ao qual a companhia é associada. Entre elas estão a Arezzo e a Beira Rio, que também lançaram linhas com o mesmo apelo - Alma e Modare, respectivamente.

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