EDITORIAL
Alicerces sólidos
para o futuro
Um dos setores mais fortes da economia do Espírito Santo, o mercado imobiliário vem passando por uma verdadeira transformação nos últimos anos. Superada a crise global provocada pela Covid-19, a sensação que se tem é de que, cada vez mais, as pessoas têm olhado para suas casas como algo além de moradia – e isso se reflete em números: hoje, cerca de 15 mil unidades estão em construção no ES.
O consumidor – e, por consequência, também quem vive desse mercado – passou a olhar imóveis e empreendimentos como algo que, além de acolhedor, tem de obrigatoriamente oferecer qualidade de vida, funcionalidade e modernidade. Por isso, neste ano, o Talk Imóveis, evento realizado pelo Hub Imobi A Gazeta, traz conteúdos aprofundados sobre essa realidade experimentada pelos capixabas.
Nosso compromisso, com um evento voltado às construtoras, incorporadoras, corretores e consumidores, é oferecer informações relevantes sobre as principais tendências nacionais e internacionais que têm seus reflexos sentidos aqui no Espírito Santo. A revista digital Hub Imobi dá continuidade à conversa, com reportagens e análises de especialistas que podem ajudar você, leitor, a compreender mais sobre o mercado e sobre as oportunidades que o Estado oferece.
Com o setor amadurecido e forte, a economia girando e as pessoas dispostas a investir em seus sonhos e prosperarem por aqui, queremos contribuir para abrir novas portas. O Talk Imóveis é, de certa forma, um convite para que você também faça parte desta terra de oportunidades, onde as pessoas podem construir alicerces firmes para o amanhã.
Bruno Passoni
Diretor de Mercado da Rede Gazeta
Expediente
GERENTE DO ESTÚDIO GAZETA
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EDITORA DO ESTÚDIO GAZETA
Flávia Martins
COORDENADORA DE CRIAÇÃODO ESTÚDIO GAZETA
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COORDENADOR DE CREATORDO ESTÚDIO GAZETA
Philipe Ferreira
EDIÇÃO
Flávia Martins, Karine Nobre
e Vinicius Viana
TEXTOS
Alberto Margon, Carol Leal,
Flávia Martins, Gabriel Mazim,
Karine Nobre, Vinicius Viana
e Thaiz Lepaus
REVISÃO
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DIRETOR DE JORNALISMO
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DIRETOR DE MERCADO
Bruno Passoni
EDITOR-CHEFE
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GERENTE DE EVENTOS E PROJETOS
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Equilíbrio
Mercado imobiliário do ES mostra maturidade e projeta avanços
person KARINE NOBRE
• 5 •
Em um crescimento que vem se mostrando equilibrado, setor aproveita momento econômico para ampliar volume de lançamentos e vendas
Com quase 15 mil unidades residenciais em produção, segundo o mais recente Censo do Sindicato da Indústria da Construção Civil (Sinduscon-ES), o mercado imobiliário do Espírito Santo tem mostrado maturidade, com um equilíbrio entre lançamentos e vendas, desde 2020. De acordo com especialistas e empresários, a tendência é consolidar esta realidade, aproveitando o momento econômico para ampliar o volume de novos empreendimentos e também o crescimento das vendas.
A expectativa do setor é que o reajuste da taxa básica de juros, a Selic, de 10,50% para 10,75% pelo Banco Central (Bacen), não interfira nos financiamentos, que vêm registrando recordes, nem represente uma ameaça.
“A estabilidade econômica, associada a políticas de incentivo ao mercado habitacional, deverá manter um cenário propício para investimentos no setor. Já para 2025, espera-se uma continuação dessa tendência, com um possível aquecimento ainda maior do mercado, dados o crescimento econômico projetado e o aumento do poder de compra da população”, avalia o presidente do Conselho Regional de Corretores de Imóveis da 13ª Região (Creci-ES), Aurélio Capua Dallapicula.
O consultor imobiliário Juarez Gustavo Soares compartilha dessa visão. “O ano de 2024 tem sido muito bom e terminará da mesma forma, em volume de lançamentos e de vendas, demonstrando um equilíbrio em um patamar bastante saudável. O cenário é bastante positivo para o ano que vem. Este ciclo de expansão do mercado tem sido relativamente longo, o que é muito bom”, afirma.
Para o economista e titular do quadro da CBN “O Assunto É Dinheiro”, Teco Medina, a alta de juros serviu como uma espécie de alerta para o governo conter os gastos. No entanto, ele afirma que, no geral, o Brasil vem crescendo e as taxas de juros externas têm sido decrescentes.
“Está tudo atrelado às contas do governo federal, que manteve os gastos que se esperava que ficariam restritos ao ano passado. Essa leve alta é uma advertência, não será um estrago para a economia. A não ser que em janeiro e fevereiro os juros estejam maiores do que 12%, com perspectiva de alta”, alerta.
A análise do presidente da Associação das Empresas do Mercado Imobiliário do Espírito Santo (Ademi-ES), Eduardo Fontes, vai na mesma direção. “O ano de 2024 já é o terceiro melhor na oferta de crédito imobiliário. Os principais bancos voltaram a cumprir as metas de financiamento. O país atravessa momentos econômicos que são cíclicos. Esta alta de juros deve ser pontual e rápida, um ajuste rápido para que a inflação traga a meta. Mas é esperado que em 2025 as taxas voltem a cair, aproximando-se do segundo semestre”, complementa. fast_forward
• 6 •
O ano de 2024 tem sido muito bom e terminará da mesma forma, em volume de lançamentos e de vendas, demonstrando um equilíbrio em um patamar bastante saudável. O cenário é bastante positivo para o ano que vem.”
Juarez Gustavo Soares
consultor imobiliário
Este ano já é o terceiro melhor na oferta de crédito imobiliário. Os principais bancos voltaram a cumprir as metas de financiamento. Esta alta de juros deve ser pontual e rápida, um ajuste rápido para que a inflação traga a meta.”
Eduardo Fontes
presidente da Ademi-ES
4 motivos para o bom desempenho do mercado imobiliário no ES
1 Empresários mais seletivos
Para o consultor imobiliário Juarez Gustavo Soares, os empresários vão aprendendo com suas experiências anteriores e se tornando mais cuidadosos e seletivos com o que lançam, quando lançam e o valor das unidades. Isso assegura um melhor foco estratégico para os lançamentos.
2 Mais fontes para o financiamento imobiliário
Se antes havia apenas bancos privados e públicos e os recursos do incorporador, atualmente há uma diversificação de fundos para atender à construção civil. Dados da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip) mostram que a captação de recursos via mercado de capitais teve uma alta de 13% em 2023, em comparação a 2022, totalizando R$ 2,17 trilhões.
3 Empregabilidade em alta
Para o economista Teco Medina, a elevada empregabilidade é um dos fatores importantes que influenciam o financiamento imobiliário. Atualmente, o país está com uma taxa de desemprego de 6,8%. Essa é a menor taxa para um trimestre encerrado em julho na série histórica da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua do IBGE, iniciada em 2012.
4 Cenário positivo do ES
O cenário econômico do Espírito Santo tem sido bastante positivo, afirma Juarez Soares. O Estado registrou, recentemente, a menor taxa de desemprego da sua série histórica, atingindo 4,5% no segundo trimestre de 2024, conforme dados do IBGE. No entanto, Soares afirma que é preciso cuidado para que se continue lançando produtos com a quantidade que o mercado demanda.
O que esperar das vendas e dos novos produtos para 2025?
O mercado imobiliário do Espírito Santo tem atingido o equilíbrio entre lançamentos e vendas. Para saber quais as expectativas para o próximo ano, o Hub Imobi ouviu players do mercado, que anteciparam lançamentos previstos para este ano e para 2025.
Dados do Sindicato da Indústria da Construção Civil (Sinduscon-ES) mostram que a quantidade de imóveis colocados no mercado praticamente se vende, sem deixar grandes estoques. O Censo Imobiliário mais recente reporta que, das 14.775 unidades residenciais em produção atualmente na Grande Vitória, 73,2% já foram comercializados.
Por outro lado, há um mercado de terceiros (imóveis usados) que não é contabilizado nesse levantamento e também tem se apresentado bastante aquecido.
Segundo o diretor do Sinduscon-ES, Leandro Lorenzon, o segmento também valorizou muito, mas, em razão da alta na taxa de juros, pode haver uma estabilização nos preços.
A mesma opinião tem o presidente do Conselho Regional de Corretores de Imóveis da 13ª Região (Creci-ES), Aurélio Capua Dallapicula..
“Para o mercado de terceiros e de aluguel, espera-se um ano de estabilização dos preços, com um leve aumento impulsionado pela demanda reprimida e pelo reajuste de valores. A maior liquidez do mercado deve permitir uma rotatividade mais rápida dos imóveis, beneficiando, principalmente, as áreas com maior apelo econômico e social”, afirma.
Do econômico ao luxo
O segmento de luxo também confirma a sua consolidação, com mais lançamentos e alta nas vendas, segundo Lorenzon. Deve ficar em evidência, ainda, a faixa econômica, cuja representação maior é o programa Minha Casa, Minha Vida. Por outro lado, o segmento de médio padrão começa a se “acomodar à realidade”.
“Esse, talvez, seja o segmento que mais tenha sofrido, quando comparado às duas pontas. A taxa de juros tira um pouco da liquidez do mercado quando você não tem tanta facilidade para as pessoas pegarem crédito”, analisa o diretor do Sinduscon-ES.
Já para os imóveis comerciais, o destaque fica mesmo para os galpões logísticos, observa o presidente da Associação das Empresas do Mercado Imobiliário (Ademi-ES), Eduardo Fontes. “O Estado tem ganhado muito no crescimento de galpões logísticos, principalmente nas regiões de Viana e no Contorno da Serra”, considera.
Quanto a salas e lojas, o diretor do Sinduscon-ES acredita que ainda é cedo para falar de grandes lançamentos nesse segmento, que foi afetado pela pandemia e também com a possibilidade de home office.
Por fim, ele enfatiza o crescimento do mercado de loteamentos. “Comprar terra é uma coisa muito cultural no Brasil por conta da visão de investimento a longo prazo. Isso faz com que a cidade cresça horizontalmente, impulsionada pela demanda crescente aproveitada pelas empresas de loteamento”, pontua. fast_forward
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O que dizem os empreendedores
perspectiva PARA 2025
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NÚMEROS Do SETOR NO ES
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Jockey de Itaparica se mantém
em evidência e recebe novos
empreendimentos de luxo
Fernando Madeira
Apostas do mercado
person KARINE NOBRE
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Especialistas destacam as regiões que
devem despontar no ES; crescimento está atrelado à chegada de empreendimentos
sob medida para cada área
Com um mercado mais amadurecido, o setor imobiliário no Espírito Santo segue em busca de novas regiões para expandir seus investimentos. Esse amadurecimento também vem trazendo produtos mais elaborados, pensados e desenvolvidos especificamente para cada área. Para especialistas do setor consultados, tais atributos são determinantes para o sucesso de um produto e para a viabilização daquela nova área de expansão.
Segundo o consultor imobiliário Juarez Gustavo Soares, uma tendência forte do mercado para o próximo ano, que já vem sendo adotada pelas empresas do setor, é o lançamento de produtos muito bem conceituados. “Para que o mercado imobiliário cresça de forma sustentável, é preciso que seja pensado em conjunto com a demanda”, explica.
Com isso, além das cidades da Grande Vitória, em que os olhares do mercado se voltam para novas regiões e consolidam outras, fora desse eixo outras cidades também têm recebido lançamentos idealizados especificamente para aquele lugar e seus futuros moradores.
“Áreas como Aracruz e algumas cidades do Sul do Estado prometem um crescimento expressivo, conduzido pelos investimentos em infraestrutura e pela procura por qualidade de vida fora dos grandes centros urbanos. Essas novas regiões oferecem uma combinação de qualidade de vida, menor custo de vida e ainda proximidade a grandes centros urbanos”, avalia o presidente do Conselho Regional de Corretores de Imóveis da 13ª Região (Creci-ES), Aurélio Capua Dallapicula.
Segundo ele, essas regiões devem atrair empreendimentos de médio e alto padrão, além de condomínios fechados e projetos que integrem sustentabilidade e tecnologia, como cidades inteligentes. “Há também uma expectativa de crescimento de projetos de uso misto, combinando residenciais, comerciais e opções de lazer e serviços em um único espaço”, acrescenta.
Outro segmento que deve se consolidar é o de imóveis compactos para aluguel de curta ou curtíssima duração, o short stay. Além de Vila Velha e Vitória, Guarapari entra nessa lista de expansão, segundo o diretor do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Espírito Santo (Sinduscon-ES), Eduardo Borges.
“Esse tipo de imóvel tem crescido porque as pessoas querem ser investidoras de um imóvel com liquidez para aluguel. Então, esses imóveis absorvem não só a fatia de mercado de aluguel tradicional de longo prazo, mas também a de imóveis mobiliados, geralmente por temporada. E aí, vemos empresas como a Housi chegando ao Espírito Santo em parceria com pelo menos quatro incorporadoras locais”, exemplifica. fast_forward
• 11 •
Áreas como Aracruz e algumas cidades do Sul do Estado prometem um crescimento expressivo, conduzido pelos investimentos em infraestrutura e pela procura por qualidade de vida fora dos grandes centros urbanos.”
Aurélio Capua Dallapicula
Presidente do Creci-ES
Vitória, Vila Velha, Serra e Guarapari têm visto o crescimento de empreendimentos compactos com imóveis de liquidez para locação, que podem absorver a fatia de aluguel tradicional, de longo prazo, ou de imóveis mobiliados para locação de curta temporada.”
Eduardo Borges
Diretor do Sinduscon-ES
Jockey de Itaparica vai atrair mais lançamentos, principalmente de médio e alto padrão. Nas imediações do shopping, onde estão dois empreendimentos de luxo, há o projeto de desenvolvimento de um novo bairro com residenciais de alto padrão.
Praia da Costa há poucas áreas para crescer, mas a região do Parque das Castanheiras deve receber novos lançamentos de alto padrão e luxo.
Itapuã: com poucas áreas, deve atrair mais empreendimentos de alto padrão, bem elaborados, com foco no valor mais alto do metro quadrado.
Itaparica com poucas áreas de frente para o mar, a expansão segue agora às margens da Rodovia do Sol e da Avenida Saturnino Rangel Mauro. Destaque para empreendimentos de médio padrão, mistos e com unidades mais compactas visando à locação.
Rodovia Leste-Oeste há a previsão do lançamento de um bairro com conceito de cidade inteligente por parte de uma loteadora. Por ser uma área com grandes espaços e proximidade com Cariacica, deve também atrair condomínios horizontais.
Outros bairros o município continua com grande potencial para atrair lançamentos de padrão econômico, com destaque para bairros como Rio Marinho, Vale Encantado e Santa Paula.
Vila Velha
Veja as áreas de expansão
do mercado imobiliário no ES
Fonte: Ademi-ES, Sinduscon-ES e Creci-ES
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Aeroporto a região no entorno do Aeroporto de Vitória é uma das que devem atrair novidades, principalmente com a expectativa de lançamento de um complexo urbano que vai envolver escola, mall, prédios residenciais e comerciais.
Jardim Camburi continua a sua consolidação, desta vez atraindo empreendimentos de padrão mais alto, voltados para famílias que querem dar um upgrade no imóvel.
Centro ainda é cedo para falar sobre a expansão dessa região, uma vez que são necessárias ações do poder público para fomentar a ocupação do Centro. O potencial maior é voltado para o retrofit de prédios antigos.
Bento Ferreira deve ter lançamentos de alto padrão, impulsionados pela revitalização da orla da Avenida Beira-Mar.
Praia do Canto há pouquíssimas áreas para novos lançamentos na região, portanto, a tendência é que esses poucos terrenos, geralmente ocupados pelas casas que ainda restam no bairro, tenham lançamentos de condomínios de alto padrão e luxo com projetos bem específicos. O próximo passo, com o fim das casas e terrenos, é o retrofit ou demolição de prédios antigos.
Vitória
Veja as áreas de expansão
do mercado imobiliário no ES
Fonte: Ademi-ES, Sinduscon-ES e Creci-ES
• 13 •
Margens da BR-101 com a viabilização do Contorno do Mestre Álvaro, a expectativa é que o trânsito mais intenso de cargas pesadas saia da região mais metropolitana da BR-101, transformando-a em uma avenida e propiciando a chegada de empreendimentos residenciais mais verticalizados.
Médio padrão a tendência é o lançamento de condomínios de um padrão mais alto que o Minha Casa, Minha Vida, a exemplo do que a MRV fez recentemente, trazendo seu primeiro lançamento de um produto de médio padrão ao Estado.
Litoral outra área que também deve receber empreendimentos voltados para a classe média.
Interior deve ver a chegada de produtos com foco em segunda moradia, principalmente na divisa com Santa Leopoldina, região mais alta.
Serra
Luciney Araújo
Vista da Serra, que vai receber empreendimentos de médio padrão
Veja as áreas de expansão
do mercado imobiliário no ES
Fonte: Ademi-ES, Sinduscon-ES e Creci-ES
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Cariacica
Fernando Madeira
Entorno da Leste-Oeste vai receber lançamentos em Cariacica
Econômicos O foco no município será de lançamentos voltados para o Minha Casa, Minha Vida e também de loteamentos.
Rodovia Leste-Oeste deve atrair novos empreendimentos, principalmente na região onde está sendo construído um novo hospital estadual.
Veja as áreas de expansão
do mercado imobiliário no ES
Fonte: Ademi-ES, Sinduscon-ES e Creci-ES
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Viana
Divulgação CLGV
Viana tem vocação para abrigar condomínios logísticos
Deve receber lançamentos de loteamentos, mas também de condomínios logísticos, dada a vocação da cidade em atrair esse tipo de empreendimento.
Veja as áreas de expansão
do mercado imobiliário no ES
Fonte: Ademi-ES, Sinduscon-ES e Creci-ES
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Enseada Azul em razão da vocação da região e da escassez de terrenos, o foco será não só em empreendimentos de alto padrão e luxo, mas também em imóveis compactos voltados para aluguel de curta temporada.
Meaípe com a nova orla do município, empresas já cogitam trazer lançamentos de alto médio padrão, tendo como foco moradores da região.
Buenos Aires por conta dos investimentos do fundo MMP&Três em Buenos Aires, que comportará um mall e também um parque temático, a região vai se tornar atraente para outros tipos de empreendimentos.
Guarapari
Ricardo Medeiros
Peracanga é destaque para aluguel por temporada
Veja as áreas de expansão
do mercado imobiliário no ES
Fonte: Ademi-ES, Sinduscon-ES e Creci-ES
• 17 •
Montanhas capixabas
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Pedra Azul segue em evidência para unidades de luxo
Continuam sendo destaque para lançamentos, principalmente de produtos mais sofisticados com foco em segunda moradia e curtíssima duração. Destaque para as rotas turísticas na região de Pedra Azul.
Veja as áreas de expansão
do mercado imobiliário no ES
Fonte: Ademi-ES, Sinduscon-ES e Creci-ES
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Região Sul
Dirceu de Souza Cetto
Iriri, em Anchieta, deve receber novos empreendimentos
Cachoeiro por ser um polo econômico, a cidade deve continuar atraindo os olhares para lançamentos pontuais
Anchieta com a retomada das operações da Samarco, o município deve ter um aquecimento do setor imobiliário, como novos lançamentos no litoral, como em Iriri
Veja as áreas de expansão
do mercado imobiliário no ES
Fonte: Ademi-ES, Sinduscon-ES e Creci-ES
• 19 •
Linhares o município continua sendo destaque da região por ser um polo econômico atraindo investimentos de diversas aŕeas. O Centro deve ter uma verticalização maior, em razão dos espaços que começam a ficar escassos. Nas proximidades da Lagoa Juparanã, os produtos previstos são condomínios horizontais, que devem se expandir para o sentido norte da cidade, em direção a São Mateus. Outra região é a de Três Barras, por conta da proximidade com o aeroporto, onde devem se concentrar imóveis de médio e alto padrão.
Aracruz outra cidade que tem atraído o interesse de incorporadoras, principalmente para o lançamento de condomínios horizontais.
Região Norte
Felipe Reis/ Prefeitura de Linhares/ Divulgação
Linhares é destaque em desenvolvimento na região
Veja as áreas de expansão
do mercado imobiliário no ES
Fonte: Ademi-ES, Sinduscon-ES e Creci-ES
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Vitória vista de Vila Velha: municípios no topo do desejo de moradia
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Pesquisa
person KARINE NOBRE
• 22 •
Levantamento realizado pela Inteligência de Mercado da Rede Gazeta mostra ainda que maioria quer unidades de até 100m²
Líderes em número de lançamentos e de empreendimentos em construção na Grande Vitória, segundo o Censo Imobiliário do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Espírito Santo (Sinduscon-ES), Vitória e Vila Velha também são as cidades preferidas para se adquirir um imóvel no Estado, com 29% e 25% da procura, respectivamente.
Os dados são da pesquisa “Setor Imobiliário Capixaba”, realizada pela Audiência e Pesquisa/Marketing Rede Gazeta, dos dias 6 a 12 de junho. Inédito no mercado, o levantamento trouxe o perfil dos respondentes: 52% são mulheres e 48%, homens, sendo que a maioria tem idade de 35 a 49 anos, 57% são casados ou vivem com os companheiros e 65% pertencem à classe C.
Do público, 62% afirmam ter casa própria, mas pretendem adquirir um novo imóvel. A maioria mantém esse plano para um futuro próximo, já que 36% pretendem comprar em 2026, outros 22% preveem a aquisição para 2025, e 9% desejam consolidar a compra ainda este ano. A maior parte dos respondentes vive em Vitória (31%).
“Esta pesquisa traz os principais insights do setor imobiliário no Espírito Santo, permitindo uma compreensão aprofundada das tendências do mercado. Por meio de nossas análises, estamos cada vez mais entendendo os hábitos de consumo e o comportamento dos capixabas”, explica a coordenadora de Audiência e Pesquisa do Marketing da Rede Gazeta, Tatiana Salles.
Ela acrescenta que essas pesquisas são utilizadas para compartilhar informações estratégicas com o mercado, fornecendo dados atualizados e precisos do Estado. “Essa abordagem não apenas possibilita o desenvolvimento de projetos e parcerias estratégicas, mas também colabora com nossa área de jornalismo”, ressalta a coordenadora. fast_forward
• 23 •
Esta pesquisa traz os principais insights do setor imobiliário no Espírito Santo, permitindo uma compreensão aprofundada das tendências do mercado. Por meio de nossas análises, estamos cada vez mais entendendo os hábitos de consumo e o comportamento dos capixabas.”
Tatianna Salles
coordenadora de Audiência e Pesquisa do Marketing da Rede Gazeta
Maioria procura apê de 2 quartos por até R$ 300 mil
A pesquisa “Setor Imobiliário Capixaba” mostra também qual o tipo de imóvel mais buscado por quem quer adquirir a casa própria no Estado: 52% querem comprar um apartamento. No perfil geral, esse imóvel tem que ter dois quartos (56%), suíte (73%), uma vaga de garagem (64%) e varanda (83%), entre outros itens.
Não há preferência quanto a ser um imóvel usado ou novo (46%), e os capixabas estão divididos entre comprar uma unidade de médio padrão (49%) ou econômico (45%).
Isso também se reflete nas dimensões do imóvel, já que 51% pretendem comprar uma unidade com até 100 metros quadrados de área privativa. Em segundo lugar, vem o grupo que prefere uma moradia que tenha até 150m² (21%).
Com relação ao valor máximo, 47% dos entrevistados estão dispostos a pagar até R$ 300 mil. Outra forma de pagamento escolhida pela maioria é uma entrada mais financiamento (47%). Por outro lado, o financiamento por meio do programa Minha Casa, Minha Vida (25%) também se torna uma opção atrativa para quem vai adquirir um imóvel no Espírito Santo.
A localização (39%) e o preço (34%) são os principais critérios para a escolha do imóvel. As formas de buscar esse futuro lar são variadas: site de anúncios especializados (42%), sites de anúncios em geral (36%), indicação de familiares e amigos (32%), suporte de corretor ou corretora de imóveis (32%) ou busca em uma imobiliária (31%). fast_forward
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Varanda está entre os itens mais desejados em um imóvel
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Desejo de reforma para garantir conforto no lar
O aquecimento do mercado imobiliário reflete-se também em um outros segmentos: as lojas de materiais de construção, móveis e decoração. Além de todos os insumos necessários para erguer os novos empreendimentos, quando o proprietário recebe as chaves, vem o desejo de investir em uma mudança no visual da casa.
Segundo a pesquisa “Setor Imobiliário Capixaba”, 43% dos entrevistados pretendem reformar o imóvel. Desse total, 66% querem fazer isso antes de se mudarem e 34%, depois que estiverem na nova casa. O principal motivo para isso é melhorar o conforto (69%), seguido de necessidade de reparos (27%), uma vez que boa parte desses compradores não têm preferência sobre ser um imóvel novo ou de terceiros.
A maior parte dessas pessoas vai comprar os itens de reforma em uma loja de materiais de construção (76%). As outras duas opções mais citadas foram home centers (41%) e compras on-line (36%).
Outro aspecto mostrado no levantamento realizado pela Audiência e Pesquisa/Marketing Rede Gazeta, dos dias 6 a 12 de junho, é que 48% dos compradores vão fazer a reforma por conta própria, já que não pretendem contratar um profissional de arquitetura ou design. Outros 28% não sabem ainda se vão ter a ajuda de um profissional, e 13% afirmam que querem ter essa assessoria, pois não sabem decorar.
A busca pelos profissionais será com base em indicações de amigos ou familiares (83%). O novo imóvel terá móveis planejados (37%), mobiliário que a família já possui (29%) e feitos em marcenaria (14%). Sobre os recursos, 45% responderam ter de R$ 10 mil a R$ 30 mil reservados para isso, sendo que o orçamento apertado (47%) é um dos principais desafios para a reforma, seguido de encontrar bons profissionais para esse serviço (34%). home_work
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Maioria quer reformar imóvel novo antes de se mudar
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PESQUISA SETOR IMOBILIÁRIO CAPIXABA
Observação: nos itens que ultrapassam 100%, os entrevistados podiam marcar mais de uma opção. Fonte: pesquisa “Setor Imobiliário Capixaba”, realizada pela Inteligência de Mercado/Marketing Rede Gazeta
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Qual tipo de imóvel pretende adquirir
52% querem comprar apartamento, sendo que 55% desse total são casados ou moram com os companheiros
37% querem ter uma casa, sendo que 51% são casados ou moram com os companheiros
4% buscam por loteamentos
3% querem comprar um terreno
Quando pretendem comprar um imóvel
9%em 2024
22%em 2025
36%em 2026
41% querem comprar um
imóvel para ter casa própria. Já 31% querem como investimento, e 21%, para sair do aluguel. Outros 21% querem ir para um lugar maior, e 14% desejam sair da casa dos pais.
Quem irá morar
no novo imóvel
71%Esposo ou companheiro
25%1 filho
17%2 filhos
17%Outro parente
4%3 filhos
1%4 ou mais filhos
Sua preferência
é por imóvel
46%Não tem preferência
25%Usado
16%Novo
12%Na planta
Tipo de imóvel
que deseja adquirir
49%Médio padrão
25%Econômico (Minha Casa, Minha Vida)
5%Alto padrão
2%Luxo
Onde vai comprar
esse imóvel
29%Vitória
25%Vila Velha
18%Serra
5%Cariacica
5%Montanhas capixabas
4%Região Norte do ES
4%Guarapari
4%Região Sul do ES
2%Em outro Estado
1%Região Noroeste do ES
3%Outros
Qual o tamanho
do imóvel
12%até 50m²
51%de 51m² a 100m²
21%de 101m² a 150m²
10%de 151m² a 200m²
4%de 201m² a 300m²
2%acima de 301m²
Quanto está disposto
a pagar no imóvel
15%até R$ 100 mil
28%de R$ 101 mil a R$ 200 mil
19%de R$ 201 mil a R$ 300 mil
14%de R$ 301 mil a R$ 400 mil
10%de R$ 401 mil a R$ 500 mil
6%de R$ 501 mil a R$ 600 mil
7%de R$ 601 mil a R$ 1 milhão
2%acima de R$ 1 milhão
O que mais valorizam
no imóvel
74%Ventilação
66%Sol da manhã
Entre os principais serviços no empreendimento,
não pode faltar
Segurança66%
Elevador50%
Portaria37%
Porteiro32%
Coleta seletiva30%
Wi-Fi29%
O que buscam
nas áreas comuns
Piscina65%
Churrasqueira63%
Salão de festas51%
Academia46%
Espaço gourmet27%
Tecnologias ajudam a acelerar liberação de obras no ES
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Aprovação de projetos
person KARINE NOBRE
• 27 •
O estudo “O Custo da Burocracia no Imóvel”, realizado pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), mostra que o excesso de burocracia para a construção e aquisição da casa própria no Brasil aumenta em até 12% o valor final do imóvel para o proprietário.
“Isso equivale a R$ 18 bilhões por ano, considerando-se os financiamentos com recursos do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) e da caderneta de poupança, com base na média de unidades novas entregues anualmente. Esse custo extra onera toda a cadeia do setor e é pago pela sociedade brasileira”, avalia o presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Espírito Santo (Sinduscon-ES), Douglas Vaz.
Portanto, uma das ações do setor no Espírito Santo tem sido buscar formas de reduzir o tempo de espera e otimizar os processos para aprovação de projetos imobiliários no Estado, em conversas e parcerias com as prefeituras.
“O setor da construção tem feito propostas para a redução desses custos burocráticos, por meio de melhores práticas para análise e aprovação dos projetos imobiliários, padronização e revisão das legislações municipais, estaduais e federais, maior informatização dos processos e antecipação dos financiamentos aos compradores”, complementa Vaz.
Esse diálogo entre o poder público e o setor da construção tem trazido resultados positivos para ambos os lados. Municípios da Grande Vitória, como Serra e Cariacica, recentemente revisaram seus planos diretores municipais (PDMs) com a intenção de atualizar regras que poderiam servir de entraves, além de reduzir parte da legislação. A digitalização e até mesmo a utilização da inteligência artificial (IA) têm contribuído para acelerar e otimizar processos.
Integração digital
Em Vitória, foi lançada a página “Aprovação Online”, em que é possível solicitar e obter em meio digital a aprovação de projetos arquitetônicos, licenciamento de obras de edificações, dispensa de alvará e consulta a projetos aprovados, bem como acessar os painéis de indicadores de licenciamento de edificações. Além disso, foram simplificados os modelos de representação de projetos arquitetônicos para imóveis residenciais e retrofit. Este último é voltado à reforma de prédios antigos. Houve ainda flexibilização dos parâmetros construtivos para edificações do Centro, com objetivo de incentivar investimentos na revitalização da região.
Segundo a Secretaria de Desenvolvimento da Cidade e Habitação da Capital, haverá ainda um novo formato simplificado do Termo de Referência (TR) do Estudo de Impacto de Vizinhança (EIV), que avalia o impacto dos projetos no entorno da construção.
Outro exemplo é a Prefeitura da Serra, que implantou o Licenciamento Integrado de Obras e Ambiental, realizado pelas secretarias de Meio Ambiente (Semma) e de Desenvolvimento Urbano (Sedur).
“Nossa cidade é a única no país a emitir, em um único documento e em cerca de 20 dias, tanto a licença ambiental quanto a licença de obras. Antes, era necessário obter as licenças separadamente, o que atrasava o processo. A unificação das secretarias de Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente foi essencial para essa inovação”, explica o secretário das pastas, Claudio Denicoli.
Vila Velha também implementou, entre outras medidas, o processo eletrônico para análise dos projetos e, segundo a prefeitura, 1.212 novas obras foram aprovadas, em quase quatro anos. Além disso, está em fase final de desenvolvimento o projeto “Vila Velha Ágil”, que permitirá a aprovação dos empreendimentos por meio de um processo integrado entre secretarias visando à redução do tempo de tramitação.
Já a Prefeitura de Viana implantou o Sistema Desenvolve Legal, que utiliza inteligência artificial para aprovação de projetos e está integrado aos demais sistemas utilizados pela prefeitura, como o tributário, o imobiliário e o protocolo, além do Plano Diretor Municipal (PDM) e do Código de Obras, que foi recentemente atualizado.
Cariacica também tem usado a tecnologia para agilizar a aprovação de projetos por meio da implantação do sistema eletrônico “Aprova Legal”, que permite protocolar e acompanhar processos de licenciamento de forma remota.
Padronização
Outra questão que vem sendo debatida é a burocracia quando esses projetos chegam aos cartórios para serem aprovados, dependendo das exigências. Segundo o diretor do Conselho Federal do Colégio Notarial, Rodrigo Reis Cyrino, é essencial o diálogo entre empreendedores da construção e órgãos públicos, levando soluções com o intuito de chegar a um denominador comum.
“Desburocratizar é simplificar procedimentos que não causem insegurança jurídica. Se é exigida aquela lei, houve um debate democrático, e os cartórios vão cumpri-la. Se não houver consenso, isso deve ser levado à Justiça ou ao Legislativo para que aquela lei seja mudada ou atualizada”, avalia.
Ele afirma, ainda, que os cartórios, cada vez mais, podem ser cobrados em adotar uma padronização, tendo essas regras claras, mas a lei precisa ser observada. “As leis existem para dar segurança jurídica, e os cartórios fiscalizam o cumprimento da legislação”, complementa. fast_forward
Prefeituras investem na digitalização e até na inteligência artificial para acelerar aprovação de projetos imobiliários na Grande Vitória
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O setor da construção tem feito propostas para a redução desses custos burocráticos, por meio de melhores práticas para análise e aprovação dos projetos imobiliários, padronização e revisão das legislações municipais, estaduais e federais, maior informatização dos processos e antecipação dos financiamentos aos compradores.”
Douglas Vaz
presidente do Sinduscon-ES
O que as prefeituras da
Grande Vitória têm feito para agilizar aprovação de projetos:
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Cariacica
Serra
Vila Velha
Vitória
Viana
Expectativa é que o volume de financiamentos imobiliários
siga crescendo no Brasil na reta final de 2024 e em 2025
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FOGUETE
person GABRIEL MAZIM
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Mesmo com aumento da Selic e encolhimento de fonte de recursos, crédito imobiliário vem avançando no Brasil, com expectativa de crescimento para 2025
O crédito imobiliário segue crescendo no Brasil, e a expectativa é que 2024 encerre com recorde, totalizando R$ 270 bilhões em concessões de financiamentos imobiliários, segundo projeção da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip). Até então, 2021 detinha a marca de melhor ano da série histórica, com R$ 255 bilhões em recursos liberados.
Somente a Caixa, maior financiador da casa própria no Brasil, já concedeu em 2024 – até o mês de setembro – R$ 175 bilhões de crédito imobiliário, o que representa um aumento de 28,6% em relação ao mesmo período de 2023. Foram 627 mil financiamentos de imóveis, contemplando cerca de 2,5 milhões de brasileiros até o momento.
Para o diretor da Associação das Empresas do Mercado Imobiliário (Ademi), Christiano Pereira, os resultados de 2024 apontam para uma retomada da curva de crescimento do crédito imobiliário no país. “Existe uma grande probabilidade de que a gente entregue um resultado em torno de 7% a 8% maior do que o resultado de 2023”, salienta.
A estimativa é positiva mesmo com o aumento da Selic, taxa básica de juros da economia, que subiu em setembro de 10,50% para 10,75% ao ano.
“Embora a taxa Selic influencie diretamente as taxas de juros aplicadas na concessão de crédito, outros fatores também desempenham um papel importante no mercado imobiliário. A valorização dos imóveis, o uso do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço), prazos mais longos e condições flexíveis ajudam a manter o crédito imobiliário atrativo para os clientes, mantendo nossas perspectivas de manutenção de crescimento para 2025”, afirma o diretor de Negócios do Banestes, Carlos Artur Hauschild.
Diversificação das fontes de recursos
Dentre os motivos por trás do cenário atual, Christiano destaca a diversificação das fontes de recursos para o crédito imobiliário. No passado, a poupança chegou a representar até 70% dos financiamentos de imóveis no Brasil e, atualmente, esse valor encontra-se abaixo dos 40%.
“Nesse cenário, os bancos se viram forçados a criar outras linhas de captação de recursos para financiar o crédito imobiliário, que vêm tendo crescimento ao longo dos últimos três anos. Esse é um fator importante, porque, à medida que as instituições financeiras conseguem estruturar essas operações para captar recursos no mercado financeiro, mais recursos voltam para o mercado imobiliário. Então, a poupança já não tem de suportar tanto volume de crédito imobiliário. As instituições financeiras criaram bons mecanismos de captação para financiar o segmento”, explica o diretor.
Segundo Ramillo Alves, gerente de crédito imobiliário do Banestes – banco referência em concessão de crédito imobiliário no Espírito Santo –, a diversificação das fontes de recursos para esses aportes é um ponto central no planejamento estratégico da instituição.
“Além dos recursos da poupança, estamos utilizando instrumentos como LCIs (Letras de Crédito Imobiliário) para diversificar nossas fontes de funding. Essa estratégia nos permite ser mais flexíveis e perenes diante das mudanças no mercado, garantindo que o Banestes continue a oferecer produtos de crédito imobiliário competitivos e acessíveis”, ressalta.
Além das LCIs, os Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs) são outra alternativa comum que tem sido utilizada em vez da poupança. Juntos, esses dois instrumentos financeiros somam mais de R$ 300 bilhões em recursos destinados ao crédito imobiliário no país.
A Caixa informou, em nota, que também estuda constantemente medidas que visam a ampliar o atendimento da demanda excedente de financiamentos habitacionais, inclusive participando de discussões com o mercado e o governo federal, com o objetivo de buscar novas soluções que permitam expansão do crédito imobiliário no país – não somente pela Caixa, como também pelos demais agentes do mercado. fast_forward
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Mais recursos para financiamentos no ES
O panorama do crédito imobiliário no Espírito Santo acompanha o cenário de recorde nacional, com avanços expressivos. Somente o Banestes registrou, no primeiro semestre de 2024, R$ 2,53 bilhões na carteira de crédito, um aumento de 17,2% em relação ao fechamento do ano anterior.
“Esse resultado foi impulsionado por fatores como a maior demanda por imóveis e um cenário econômico equilibrado no Estado, que favorece os capixabas na aquisição do primeiro imóvel ou na busca por um ‘upgrade’ em suas moradias”, avalia o diretor de Negócios do Banestes, Carlos Artur Hauschild.
Além disso, segundo dados de agosto do Banco Central, a taxa de juros do Banestes, a partir de 9,02% ao ano, é a segunda menor do Brasil.
Para o diretor do banco, a expectativa para 2025 é que o mercado imobiliário no Estado se mantenha aquecido.
“Há mais de 15 mil unidades em construção somente na Grande Vitória, sendo que alguns empreendimentos serão entregues no próximo ano, e nas cidades no interior do Estado há uma grande expansão de loteamentos e condomínios fechados. Além disso, as projeções de valorização contínua, especialmente nas áreas urbanas em expansão, fazem com que a demanda pela aquisição de imóvel permaneça em alta”, destaca.
Recursos da poupança
Segundo dados da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), no Espírito Santo foi registrado R$ 1,3 bilhão em financiamento imobiliário, somente com recursos da poupança, de janeiro a agosto de 2024. Esse valor é significativamente maior do que o do mesmo período em 2023 (R$ 830,8 milhões).
O número de unidades financiadas com esses recursos também cresceu no Estado, saltando de 3.134, de janeiro a agosto de 2023, para 3.952, no mesmo período em 2024. home_work
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ES teve quase 4 mil imóveis financiados até agosto com poupança
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Temos um cenário positivo para o ano que vem, com expectativa de crescimento em relação ao ano de 2024 e mercado em expansão. A preocupação que os bancos tinham com a origem dos recursos está cada vez mais equalizada, e o crédito imobiliário tem agredido menos a poupança.”
Christiano Pereira
diretor da Ademi
A combinação dos fatores econômicos locais, as projeções de valorização contínua dos imóveis, as novas unidades que serão entregues no próximo ano e a taxa de juros do financiamento imobiliário reforçam a perspectiva de aumento na oferta de crédito no Espírito Santo.”
Carlos Artur Hauschild
diretor de Negócios
do Banestes
Empresas se destacam por apresentar diversas propostas inovadoras e adotar novas tecnologias de resolução de problemas enfrentados
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Construtechs e proptechs
person CAROL LEAL
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Proposta cresce no Brasil e no Espírito Santo, com soluções para facilitar tramitações imobiliárias e viabilizar a construção civil
Inovação também cabe dentro de casa. Cada vez mais as construtechs e proptechs, do inglês “construction technology” (tecnologia de construção) e “property technology” (tecnologia de propriedade), respectivamente, vêm tomando conta dos hubs de inovação no Brasil, a fim de proporcionar soluções personalizadas e tecnológicas para revolucionar o mercado imobiliário.
Segundo o Mapa das Construtechs e Proptechs 2024, desenvolvido pela Terracotta Ventures, o número de startups desses segmentos cresceu 13,5% no país em relação ao ano passado. Atualmente, o Brasil conta com mais de 1.200 construtechs e proptechs, que empregam 22 mil pessoas de forma direta.
1.200
construtechs e proptechs em todo o Brasil
Essas empresas se destacam por apresentar diversas propostas inovadoras e adotar novas tecnologias de resolução de problemas enfrentados. Seja na construção civil, seja na tramitação imobiliária, elas podem, inclusive, ser parceiras de incorporadoras, construtoras e arquitetos.
Os smart livings, por exemplo, são prédios multifuncionais que garantem conforto e praticidade em um só lugar, como transporte, lavanderia e alimentação, além de áreas de lazer, coworking, aplicativos exclusivos e descontos em empresas parceiras.
Outra novidade é a curadoria de arquitetos, que oferece a entrega de vários projetos por um só valor e prazos adaptados à necessidade do cliente. Para facilitar compra, venda e aluguel, também é possível encontrar soluções que disponibilizam fiador profissional ou aluguel sem a necessidade de fiador, pagamento de caução e comprovação de renda, com processos simplificados e assinatura on-line.
Inovação no mercado capixaba
No Espírito Santo, as proptechs e construtechs inovam com soluções sustentáveis, plataformas on-line para corretores de imóveis, aplicativos de automação residencial (as famosas “casas inteligentes”), software de gerenciamento de obras com visualização 4D integrada e até mesmo delivery de materiais de construção para obras.
A plataforma IM7 é uma dessas startups que objetivam conectar corretores autônomos, construtoras e compradores.
Segundo Felipe Ribeiro, fundador da empresa, “as construtoras oferecem produtos diretamente para os corretores autônomos, que dispõem de uma estante de produtos compartilhados. Hoje, eles [os corretores] têm mais de 3.800 imóveis na palma da mão, e dessa forma o cliente final tem o benefício de acessar diversos imóveis através de um único profissional”, explica.
Outra proposta que promete revolucionar o mercado capixaba é a Bitável, software de acompanhamento visual on-line de obras por meio de tecnologia BIM (building information modeling). Isso porque ela é usada para otimizar o planejamento, projeto e execução de obras, facilitando a visualização do projeto e a coordenação entre os diferentes profissionais envolvidos, tanto os arquitetos quanto os engenheiros.
“A Bitável identificou uma oportunidade de inovar ao combinar essas ferramentas com um sistema exclusivo voltado para a realidade do mercado capixaba e brasileiro. Essa inovação nasceu da análise das dores dos clientes e profissionais da área, além da necessidade de modernizar processos que necessitavam de uma abordagem tecnológica e colaborativa”, afirma o fundador, Flávio Tongo.
Por meio do uso de tecnologia e soluções de gestão, o software da Bitável ajuda ainda a reduzir desperdícios e melhorar a eficiência energética e de materiais utilizados nas obras, promovendo construções mais sustentáveis. fast_forward
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Empresas buscam novas soluções para o mercado
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Muitos projetos estão ancorados no uso de softwares, com sistemas de marketplaces colaborativos, monitoramento de obras e uso de nanocompostos, entre outras iniciativas.”
Naldo Medeiros Dantas
gerente-executivo de Tecnologia e Inovação do FindesLab.
Temos empresas demandando essas soluções e incentivos governamentais, como os da Fapes, que vem promovendo programas de aceleração e incentivando a abertura de CNPJ aqui no Estado.”
Monyque Neves
gestora de comunidade do Base27
Hub Imobi explica
CONSTRUTECH do inglês “construction technology” para tecnologia de construção, são as startups que atuam na construção civil.
PROPTECH do inglês “property technology” para tecnologia de propriedade, são as startups que atuam no mercado imobiliário.
Hub Imobi explica
BUILDING INFORMATION MODELING conjuntos de processos tecnológicos utilizados para desenvolver modelos digitais de uma construção. Isso permite visualizar, atualizar e compartilhar os diferentes ciclos de uma edificação com todos os envolvidos.
Programas e incentivos
Pensando em expandir esse mercado no Estado, o Hub Base27 idealizou um programa de inovação aberta que realiza projetos envolvendo startups. Atualmente, o projeto se destaca por duas iniciativas principais: o Programa de Residência de Startups e o Ciclo de Aceleração Ignição.
“Para a Residência de Startups, nós priorizamos soluções que possuem aderência com os negócios das nossas empresas mantenedoras, como construtechs, proptechs e outras. Já o Ciclo de Aceleração é, na verdade, um fomento que recebemos via edital da Fundação de Apoio à Pesquisa do Espírito Santo (Fapes), Sebrae e Mobilização Capixaba Pela Inovação (MCI), seguindo a mesma linha de buscar startups que possibilitem parceria com as mantenedoras”, explica Monyque Neves, gestora de comunidade do Hub.
Monyque comenta que o Base27 já conta com três startups em fase de estruturação que prometem trazer soluções voltadas para o mercado imobiliário e a construção civil.
A iniciativa não é por acaso: de acordo com um estudo sobre inovação capixaba realizado pela EDP em 2024, o investimento e o incentivo às startups vêm crescendo no Espírito Santo. Ainda assim, apenas duas construtechs e quatro proptechs foram mapeadas até o momento.
“Eu vejo esse cenário como uma oportunidade para startups que queiram atuar na vertical de construtech e proptech, pois temos empresas demandando essas soluções e incentivos governamentais, como os da Fapes, que vem promovendo programas de aceleração e incentivando a abertura de CNPJ aqui no Estado”, completa a gestora de comunidade.
Para Naldo Medeiros Dantas, gerente-executivo de Tecnologia e Inovação do FindesLab, hub da Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes), esse movimento proporciona um ambiente de experimentação que permite testar novos métodos.
“As proptechs e construtechs vêm com um papel muito relevante de trazer novas ideias e novos processos. Muitos projetos estão ancorados no uso de softwares, com sistemas de marketplaces colaborativos, monitoramento de obras e uso de nanocompostos, entre outras iniciativas para trazer um olhar de novidade e soluções que sejam viáveis economicamente”, explica Naldo.
Para o gerente, “o FindesLab é um grande guarda-chuva”, já que o hub apoia novas empresas e empreendedores com o objetivo de encontrar soluções e desenvolver tecnologias. No mercado imobiliário e na construção civil, não seria diferente, e eles já estão de olho na inovação capixaba.
“Isso é transformador. É produtividade na veia. É o que estamos buscando aqui nos nossos movimentos. Vamos para esse mergulho com a indústria mais tradicional para poder caracterizar melhor o que procuramos das startups. Essa é a inovação na ‘veia’”, finaliza. home_work
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No ES, proptechs e construtechs seguem se desenvolvendo
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A Bitável identificou uma oportunidade de inovar ao combinar essas ferramentas com um sistema exclusivo voltado para a realidade do mercado capixaba e brasileiro.”
Flávio Tongo
fundador da Bitável
As construtoras oferecem produtos diretamente para os corretores autônomos, que dispõem de uma estante de produtos compartilhados.”
Felipe Ribeiro
fundador da IM7
IA tem ferramentas para diversas etapas no setor imobiliário
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Inovação e tecnologia
Ela está entre nós: IA agiliza processos no setor de imóveis
person VINICIUS VIANA
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Construtoras e outras empresas já têm
desenvolvido ferramentas para tornar a
atuação no setor mais estratégica com
o auxílio da inteligência artificial
Educação, saúde, mercado automotivo, financeiro, alimentício, varejista, agro… Enfim, não tem mais jeito. A inteligência artificial (IA) faz parte da rotina de praticamente todos os setores da economia. No setor imobiliário, não é diferente. Afinal, as possibilidades de aplicação da tecnologia são inúmeras. O impacto disso? A oportunidade de agilizar processos, aumentar negócios e permitir uma atuação mais estratégica por parte dos investidores.
Entre abril de 2022 e abril de 2023, a busca pela expressão “inteligência artificial” cresceu em mais de 330%, de acordo com o Google Trends. Além de deixar claro o interesse no assunto, o crescimento mostra que a inteligência artificial já é uma realidade na vida de muitos brasileiros.
Nos segmentos produtivos, esse recurso também conquista cada vez mais terreno. Um estudo da McKinsey Global Institute (MGI) concluiu que o uso de IA pode gerar mais de US$ 180 bilhões para o universo de real state mundial, ou seja, para o mercado imobiliário e para as oportunidades de lucro com os investimentos no segmento.
Isso porque, na prática, a ferramenta tem sido utilizada como uma aliada nos processos de venda e não, como muitos temem, como uma substituta de mão de obra humana.
“Ela não vem para tomar funções, mas para alterá-las. Com essa ferramenta, é possível que os profissionais do segmento usem o tempo para atividades mais estratégicas e menos operacionais”, afirma o coordenador de Marketing da Soma Urbanismo, Arlys Souza.
No dia a dia da loteadora, explica, a IA auxilia na produção de conteúdo, planejamento e criação publicitária. Todo o material é revisado pelos responsáveis, mas a ferramenta acaba sendo uma mão na roda, ou talvez no mouse, como um ponto de apoio, oferecendo o material base.
E não para por aí. A Soma conta com uma área dedicada à inovação, e tem sido desenvolvida uma ferramenta para auxiliar nas vendas. Arlys conta que, além disso, algumas demandas são feitas em diferentes horários ou fusos; uma ferramenta que permite um atendimento ao cliente 24 horas de forma eficiente elimina o gargalo causado pelo volume de demandas.
“Estamos desenvolvendo um aplicativo para dar todas as informações possíveis do loteamento, conectar arquitetos e até mesmo realizar uma simulação de quanto custaria em média a obra da casa que cliente gostaria de projetar”, comenta. fast_forward
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334%
Foi o aumento na pesquisa pela expressão inteligência artificial no Google
US$ 180 BILHÕES
É o valor que se espera ser gerado pela IA no mercado imobiliário, segundo o MGI
Assistente para otimizar vendas e encontrar o imóvel certo
A Morar Construtora é uma das empresas capixabas que já têm voltado as atenções para a inteligência artificial (IA) e as possibilidades de aplicação no dia a dia dos times. Na área comercial, por exemplo, a empresa utiliza essas ferramentas para realizar campanhas preditivas ou de marketing. Já no setor jurídico, os profissionais têm usado a IA para análises prévias e elaboração das atas de reunião, entre outros.
“Criamos uma assistente comercial que permite tirar dúvidas em relação aos nossos empreendimentos, perguntar o normativo do banco, a minuta de contrato, o memorial descritivo e tudo o que estiver relacionado àquele produto”, pontua o diretor comercial da construtora, Filippe Vieira.
A ideia, segundo ele, não só foca a agilidade do processo, mas também busca garantir a informação.
“Como qualquer outra inovação, ela começa devagar. Assim como foi com a internet. O que é importante no momento é começar a usar e entender essa tecnologia, porque o futuro é isso. Hoje, estamos utilizando em casos pontuais, mas já entendemos que é preciso desenvolver a cultura interna para ajudar e treinar nossos colaboradores”, avalia Filippe.
Outra ferramenta que também fala diretamente com o mercado imobiliário é o EVA GPT, uma plataforma que, segundo o arquiteto de soluções em inteligência artificial da Intelliway Tecnologia, Walber Botelho Tonn, já tem sido amplamente usada por imobiliárias para levar leads (potenciais clientes) quentes para o corretor.
A ferramenta faz uma busca e apresenta quais os imóveis disponíveis, de acordo com as especificações citadas pelo interessado, elenca as potencialidades da região, os serviços próximos e, ao final, encaminha para o processo de venda.
A empresa também trabalha com uma ferramenta de gestão de condomínios. O morador pode conversar com a IA e solicitar boletos, manutenção, verificar os regimes e regras dos espaços e uma série de outros processos.
“É algo que veio para ficar de fato. Nós conseguimos tornar os processos e as pessoas mais eficientes. A IA está ali para ser uma assistente e auxiliar nisso”, finaliza Walber. home_work
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IA permite atendimento personalizado ao cliente
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Criamos uma assistente comercial que permite tirar dúvidas em relação aos nossos empreendimentos e a tudo o que estiver relacionado àquele produto.”
Filippe Vieira
diretor comercial da Morar Construtora
É algo que veio para ficar de fato. Hoje, nós conseguimos tornar os processos e as pessoas mais eficientes. A IA está ali para ser uma assistente e auxiliar nesses processos.”
Walber Botelho Tonn
arquiteto de soluções em inteligência artificial da Intelliway
Com as ferramentas de IA, é possível que os profissionais do segmento usem o tempo para funções mais estratégicas e menos operacionais.”
Arlys Souza
coordenador de Marketing da Soma Urbanismo
O conceito de cidade-esponja
refere-se à criação de espaços naturais
para absorver a água da chuva
Divulgação/Turenscape
Arquitetura e urbanismo
“Selvas de pedra”
dão lugar às
“cidades-esponja”
person ALBERTO MARGON E GABRIEL MAZIM
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Conceito propõe a criação de espaços alagáveis, zonas úmidas e coberturas verdes nos espaços urbanos como alternativas para enfrentar os efeitos das mudanças climáticas
Eventos climáticos extremos como as fortes chuvas na Região Sul do Espírito Santo, alagamentos nunca vistos antes no Rio Grande do Sul e seca histórica na Amazônia são reflexo do aquecimento global e das mudanças climáticas que têm afetado o mundo e preocupado autoridades do assunto.
Os principais fatores que impulsionam essas mudanças são a queima de combustíveis fósseis como carvão, petróleo e gás, que emitem gases de efeito estufa e retêm o calor do sol, aumentando as temperaturas.
Por isso, o mundo está mais quente do que nunca. Desde 1980, cada década tem uma temperatura maior que a anterior e quase todas as áreas vêm enfrentando mais dias quentes, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU). Conforme as temperaturas se elevam, mais umidade evapora, o que agrava as chuvas, inundações e alagamentos, com tempestades mais destrutivas.
Com o crescimento na intensidade das chuvas, as práticas mais conhecidas de gerenciamento de águas fluviais podem não ser suficientes para resolver transtornos como alagamentos. É o que diz o arquiteto paisagista chinês Kongjian Yu, criador do conceito “cidade-esponja”, que vem ganhando adeptos ao redor do mundo.
“Práticas tradicionais de gerenciamento de água da chuva costumam depender de infraestruturas que incluem canais de concreto e canos para rapidamente transportar a água para longe de áreas urbanas. No entanto, esse método costuma afastar o problema, em vez de resolvê-lo”, afirma.
As estruturas feitas para transportar a água da chuva, geralmente de concreto, não conseguem receber um volume maior que o esperado para elas. Por isso, em situações extremas, elas podem transbordar ou até quebrar.
Espaços urbanos reimaginados
Para o arquiteto paisagista chinês Kongjian Yu, a solução para as cidades está em reimaginar os espaços urbanos com processos que imitam a natureza, projetando áreas naturais para absorver um grande volume de água. Por isso o nome cidade-esponja.
“Construir cidades-esponja significa adaptar as cidades para absorver, guardar e purificar água dentro de um ambiente urbano, muito similar a uma esponja natural. Isso inclui o uso de superfícies permeáveis, ‘parques-esponja’, jardins de chuva, zonas úmidas e coberturas verdes, que, coletivamente, absorvem e filtram a água da chuva para, gradualmente, devolvê-la ao meio ambiente ou armazená-la para ser usada no futuro”, destaca.
Atualmente, o arquiteto é consultor do governo chinês e já projetou obras em mais de 70 cidades do país.
Para a arquiteta e urbanista Nayara Gava, a criação desses espaços também é possível no Espírito Santo.
“Acredito que é possível e urgente pensarmos em cidades capixabas mais sustentáveis e preparadas para catástrofes. Do ponto de vista da arquitetura e do urbanismo, precisamos planejar espaços mais permeáveis e com outras alternativas de drenagens, diferentes das convencionais. Ainda somos um povo que retifica canais, acresce asfalto e retira árvores das ruas, e isso é uma cultura que deve ser trabalhada”, pontua. fast_forward
Divulgação/Turenscape
Jardins de chuva ajudam na absorção e filtragem da água
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A proliferação de superfícies impermeáveis como asfalto e concreto exacerba o problema das enchentes ao impedir que a água da chuva infiltre o solo.”
Kongjian Yu
Arquiteto e paisagista
Para aplicarmos essa alternativa no Estado, precisamos pensar em como reter, absorver e purificar essa água das chuvas, e não lutar contra ela.”
Nayara Gava
arquiteta e urbanista
Planejamento urbano é essencial para dar certo
Para a implementação de políticas mais sustentáveis nas cidades, os municípios precisam atuar, por exemplo, na elaboração e atualização dos planos diretores e na execução de medidas que impactam diretamente os centros urbanos. É o que defende o diretor-geral do Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN), Pablo Lira.
“Se alguma cidade aqui do Estado investir nesses espaços, não significa que as enchentes vão acabar, até porque a gente sabe da questão do aquecimento global e dos eventos climáticos cada vez mais extremos. No entanto, com essas estratégias combinadas e um ordenamento territorial urbano regido pelos planos, como plano diretor municipal, plano local de ação climática, plano de gestão de risco geológico ou plano de mobilidade urbana, os impactos podem ser amenizados”, afirma.
O arquiteto paisagista chinês Kongjian Yu, criador do conceito de cidades-esponja, concorda que o poder público também precisa se comprometer com a criação desses espaços para haver um resultado eficiente.
“Para implementar o conceito de cidade-esponja rapidamente, é crucial ter forte apoio governamental e políticas claras que priorizem infraestruturas verdes. Sem uma forte liderança e comprometimento por parte do poder público, seria desafiador superar as barreiras da implementação e garantir o sucesso no longo prazo”, conclui o arquiteto.
Segundo a arquiteta Nayara Gava, cidades mais arborizadas e com mais parques urbanos são algumas das medidas que podem ser implementadas.
“Para pensar em cidades-esponja, precisamos construir cidades mais arborizadas, com mais parques urbanos e menos asfalto e concreto e, definitivamente, respeitar mais o meio ambiente. O poder público deve atualizar a forma de pensar e fazer a cidade, além de auxiliar na conscientização da população sobre essas possibilidades”, finaliza. home_work
Divulgação/Turenscape
Exemplo de parque-esponja na cidade de Sanya, na China
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Estratégias combinadas e um ordenamento territorial urbano redigido por planos contribuem para minimizar os impactos dos eventos climáticos extremos.”
Pablo Lira
diretor-geral do Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN)
Shutterstock
ENTREVISTA
“Cidades-esponja integram processos naturais ao design”
person GABRIEL MAZIM
Parque florestal
Benjakitti, em Bangkok,
Tailândia, que foi
construído utilizando
o conceito de
cidade-esponja
Responsável pela criação e popularização
do conceito de “cidades-esponja”, o arquiteto paisagista Kongjian Yu destaca que elas
trazem benefícios à saúde da população
e à economia dos municípios
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Nos últimos anos, o conceito de cidades-esponja tem ganhado força como uma possível solução para o problema de enchentes em áreas urbanas, que muitas vezes não são devidamente planejadas ou são construídas em áreas naturalmente propícias ao acúmulo de água.
Para falar sobre as cidades-esponja e o papel delas na construção de um mundo mais sustentável e seguro, o Hub Imobi conversou com o arquiteto paisagista Kongjian Yu, de Pequim, que é pai do conceito. Ele explica que, muito mais do que mitigar os efeitos das enchentes, esse método oferece numerosos benefícios ecológicos, sociais e econômicos para os moradores e as regiões onde é aplicado.
Hub Imobi Como o conceito de cidades-esponja pode ajudar a prevenir enchentes?
KONGJIAN YU Práticas tradicionais de gerenciamento de água da chuva costumam depender de infraestruturas que incluem canais de concreto e canos para rapidamente transportar a água para longe de áreas urbanas. No entanto, esse método costuma afastar o problema, em vez de resolvê-lo. O conceito de cidades-esponja representa uma solução transformativa, ao reimaginar ambientes urbanos para imitarem processos naturais.
Inspiradas por conhecimentos ecológicos tradicionais, essas cidades são construídas para absorver, guardar e purificar água dentro de um ambiente urbano, muito similar a uma esponja natural. Em vez de apenas depender de soluções de engenharia para remover a água rapidamente, cidades-esponja integram processos naturais ao design. Isso inclui o uso de superfícies permeáveis, “parques-esponja”, jardins de chuva, zonas úmidas e coberturas verdes, que coletivamente absorvem água da chuva, filtram-na e gradualmente devolvem-na ao meio ambiente ou a armazenam para ser usada no futuro.
Quanto tempo levaria para implementar essas medidas, em média?
A linha do tempo da implementação pode variar muito de acordo com fatores como o tamanho da cidade, a infraestrutura existente e a disposição política. Em média, progresso significante pode ser observado em cinco a dez anos, com a implementação em escala completa podendo levar mais tempo. No entanto, projetos menores podem demonstrar benefícios tangíveis em dois a três anos.
Quais são os outros benefícios do desenvolvimento de cidades-esponja?
Para a vida silvestre, a integração de infraestrutura verde – como zonas úmidas e coberturas verdes – cria novos habitats dentro de áreas urbanas, promovendo biodiversidade. Esses “espaços verdes” servem como refúgios para várias espécies de pássaros, insetos e outros seres vivos, contribuindo para a saúde ecológica geral de cidades. O aumento da vegetação em cidades-esponja também ajudam a absorver poluentes, filtrar o ar e sequestrar dióxido de carbono, melhorando assim a qualidade do ar no ambiente urbano. Além disso, a presença desses espaços ajuda a aliviar o efeito de ilhas de calor, tornando as cidades mais confortáveis durante períodos quentes e reduzindo a necessidade de altos gastos com energia.
“Socialmente, esses espaços aumentam, ainda, o valor estético dos ambientes urbanos e a qualidade de vida para os residentes, providenciando opções de recreação. Também podem aumentar o valor das propriedades e contribuir para a vitalidade econômica ao atrair negócios e turismo.”
É mais barato utilizar o conceito de cidade-esponja, em vez dos métodos tradicionais baseados em concreto, para canalizar ou reter as águas de enchentes?
No geral, o conceito de cidade-esponja apresenta um custo-benefício muito maior, especialmente se for implementado em estágios iniciais de urbanização ou quando uma cidade está sendo construída do zero, como costuma acontecer em países em desenvolvimento. Esse método prioriza um planejamento urbano baseado na natureza, ao estabelecer uma infraestrutura mais ecológica, em vez de depender de sistemas de concreto e encanamento. Dessa forma, o sistema de drenagem da cidade consiste primariamente em estruturas naturais ao invés de estruturas artificiais. Além disso, a economia que resulta da redução dos danos de enchentes, do menor consumo energético e da diminuição dos problemas de saúde relacionados à baixa qualidade do ar e calor pode fazer essas cidades mais economicamente viáveis. É importante destacar que uma cidade-esponja deveria ser considerada um investimento, e não um custo.
Acredita que esse conceito pode ser aplicado em nível global, especialmente em cidades amplamente urbanizadas, como São Paulo e Rio de Janeiro?
Sim, o conceito de cidades-esponja é altamente adaptável e pode ser efetivamente implementado em cidades urbanizadas ao redor do mundo, incluindo grandes cidades brasileiras como São Paulo e Rio de Janeiro. Os princípios fundamentais para melhorar os processos hidrológicos naturais e integrar a infraestrutura verde são universalmente aplicáveis e podem ser adaptados para as condições climáticas, topográficas e socioeconômicas de diferentes regiões.
“Em áreas densamente povoadas, especificamente, a implementação de infraestrutura verde – como materiais permeáveis, jardins de chuva e zonas úmidas – pode reduzir significativamente o risco de enchentes. Além disso, transformar canais de concreto em canais naturais e criar espaços verdes multifuncionais, que também funcionam como barreiras de retenção de enchentes durante chuvas fortes, são medidas que podem beneficiar a resiliência urbana, de forma geral.”
Qual é o papel das instituições governamentais nessa implementação?
O papel governamental é crucial. Governos precisam providenciar o apoio político necessário, investimentos e incentivos para encorajar a adoção de cidades-esponja. Isso inclui integrar exigências de infraestrutura verde em regulamentos de construção, oferecer subsídios e outros incentivos fiscais para desenvolvedores que incorporarem elementos de cidades-esponja e financiar projetos de infraestrutura pública que mostram os benefícios desses métodos. Além disso, governos têm um papel importante em educar o público sobre os benefícios de cidades-esponja e incentivar a colaboração entre diferentes entidades, incluindo o setor privado, organizações não governamentais e instituições acadêmicas. home_work
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GLOSSÁRIO
Adega do Vive Le Vin,
empreendimento nas
montanhas que
harmoniza arte e vinho
Invite Inc.
LUXO
person FLÁVIA MARTINS
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Empresas apostam em diferenciais como
arte, vinho e vida saudável, para desenvolver
condomínios que proporcionem conexão,
bem-estar e exclusividade aos moradores
Plantas com áreas amplas, acabamento de primeira, lazer e comodidades com itens diferenciados, além de localizações nos endereços mais valorizados das cidades. Esses são ingredientes que compõem um empreendimento de alto padrão. Mas o luxo vai além, envolve exclusividade e um conjunto de características pensadas para proporcionar experiências únicas e personalizadas aos moradores. É aí que entra o conceito, por onde tudo começa.
“A venda de um imóvel não passa somente pelo campo da racionalidade, pois também tem que ter algo emocional, algo que conecta. E essa conexão passa pelo conceito, que não é somente uma estratégia de marketing ou um projeto arquitetônico. Ele é a alma do produto. É o que vai criar a identidade e a personalidade do empreendimento”, afirma a arquiteta Paula Rody, sócia da Inspira Conceitos e Design, onde atua ao lado da irmã, Bruna Rody.
Juntas, elas já desenvolveram conceitos diferenciados para lançamentos não só no Espírito Santo, mas também em São Paulo (Campos do Jordão), Rio de Janeiro e até Portugal.
“O primeiro passo para desenvolvermos é fazermos uma imersão nas principais plataformas de tendências de comportamento, como a WGSN. Tendência é algo que perdura, é diferente de modismo, que dura pouco. A partir daí, construímos um manifesto de como esse empreendimento vai ser construído para atender a esses desejos e necessidades do consumidor. Isso vai definir todo o desenvolvimento do projeto, como as plantas arquitetônicas, a decoração de interiores, quais serão as áreas comuns, que cores serão usadas… Tudo pensando no estilo de vida das pessoas que vão morar nesse local”, explica Paula.
Um exemplo é o Vive Le Vin, lançamento da Invite em Pedra Azul, na Região Serrana, que tem como base a harmonização do vinho com a arte, a partir de duas tendências: o localismo e a era da criatividade. Como elemento local está o vinho, já que o Espírito Santo é um dos maiores consumidores per capita no país da bebida, produto muito apreciado no clima da Região Serrana. Aliado ao vinho, o projeto apresenta a arte em suas diversas manifestações: arquitetura, pintura, escultura e literatura, como símbolo da criatividade, trazendo painéis de Ana Paula Castro na arquitetura e obras de Romilda Patez e Samira Pavesi na decoração.
Localizado no “Circuito dos Orgânicos”, o condomínio tem 115 apartamentos e uma estrutura de resort, com serviços operados por uma rede hoteleira. Nas áreas comuns, destaque para a adega, o espaço de confrarias, o espaço de degustação e o restaurante.
Outro empreendimento desenvolvido pela dupla na Região Serrana foi o Mudrah Eco Living, lançamento da Montana Inc. e da LC In. em Domingos Martins. “Nele, o conceito é a conexão do homem com o universo, que surgiu no contexto do pós-pandemia, a partir da tendência do autocuidado e da espiritualidade. O nome Mudrah representa os gestos usados na ioga para conexão do homem com os elementos da natureza (fogo, terra, água e ar), trazendo equilíbrio entre corpo e mente e bem-estar”, detalha Bruna.
Nessa linha, integram o projeto espaços de meditação e ioga, casa de chá, spa, sala de massagem e hidromassagem, entre outros. Além disso, os quatro elementos estão presentes na arquitetura, com lareiras trazendo o fogo, as texturas e tonalidades remetendo à terra e a fluidez e leveza representando a água e o ar.
Projetos únicos e inovadores
Atuando no mercado há 26 anos, a Personali já trabalhou no desenvolvimento do conceito de 118 empreendimentos imobiliários no Estado, e deve fechar o ano com 120, a maior parte de alto padrão e luxo. Nando Bussotti Filho, CEO e diretor de Criação da agência, e Alessandra Ramalho Bussotti, diretora de Atendimento, contam que esse trabalho é feito de forma colaborativa, sempre com o objetivo de oferecer algo único e inovador aos futuros moradores.
“Trabalhamos de forma colaborativa com arquitetos, engenheiros, paisagistas, decoradores e equipes comerciais, desde a concepção do empreendimento. Isso envolve desde a escolha do nome até aspectos estruturais, como fachadas, funcionalidades e adequações tecnológicas”, conta Nando.
A empresa está envolvida em projetos que se propõem a ser únicos. Um exemplo é Singular for Life, lançamento da Nazca e Abaurre na Praia do Canto, em Vitória, anunciado como o primeiro empreendimento world-class (de classe mundial) do Espírito Santo. Para se ter ideia, a cobertura duplex foi negociada por quase R$ 12 milhões, ainda na fase de pré-lançamento.
“Nesse empreendimento, buscamos um padrão de lazer inspirado em resorts internacionais e serviços de alto nível, reunindo tudo o que há de melhor, nas melhores localizações do mundo, por isso ele é singular”, explica Nando.
O projeto arquitetônico da Abaurre Arquitetura valorizou elementos da natureza nas fachadas, como detalha uma das arquitetas responsáveis, Letícia Abaurre. “A estética foi trabalhada de forma bastante diferenciada, com o uso de painéis de alumínio em madeira nas fachadas e muito verde, que se tornou essencial em todos os nossos projetos.”
As plantas privilegiam a qualidade de vida e a privacidade, e o bem-estar é um item essencial, conectando as pessoas com diversos elementos da natureza. Os projetos de interiores e de paisagismo ficaram a cargo de dois arquitetos reconhecidos internacionalmente, Fernanda Marques e Alex Hanazaki.
“Quando participamos da conceituação do produto, facilitamos para que o consumidor final tenha a percepção de valor daquele empreendimento. Trabalhando de forma colaborativa, é construído um produto final muito mais adequado às necessidades do cliente”, complementa Alessandra. fast_forward
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A venda de um imóvel não passa somente pelo campo da racionalidade, pois também tem que ter algo emocional, algo que conecta. E essa conexão passa pelo conceito, que é a alma do produto. É o que vai criar a identidade do empreendimento.”
Paula Rody
arquiteta e sócia da Inspira Conceitos
Hoje, não vendemos apenas casas ou apartamentos, vendemos espaços pautados na sustentabilidade, no bem-estar e na qualidade de vida.”
Letícia Rody
corretora especializada em imóveis de luxo
Segmento antecipa tendências de tecnologia, lazer e serviços
O desenvolvimento do conceito de um empreendimento imobiliário busca sempre propor soluções que atendam às necessidades contemporâneas e antecipem futuras demandas, como afirma o CEO e diretor de Criação da Personali, Nando Bussotti Filho.
Ele cita alguns exemplos que começaram como diferenciais e hoje estão mais presentes nos empreendimentos, como: elevadores específicos para entregas de delivery, áreas refrigeradas para receber compras e até mesmo infraestrutura para carregamento de veículos elétricos. Também foram introduzidos novos padrões para academias, como as temáticas, em parceria com grandes marcas.
“Na criação do conceito, avaliamos os itens de lazer, as tecnologias e as conveniências que estão em voga nos grandes centros do mundo e buscamos uma forma de destacar cada empreendimento pelos seus diferenciais e características únicas, mais adequadas àquele perfil de consumidor”, afirma Nando.
Especialista no mercado de luxo, a corretora de imóveis Letícia Rody sublinha que o segmento está na vanguarda das tendências. “O mercado de luxo é o primeiro a se adequar às mudanças que a sociedade vem vivendo, porque ele atende a um público mais exigente, que busca exclusividade”, ressalta.
Ela cita como exemplos os espaços voltados para pets, que surgiram primeiro nos empreendimentos de alto padrão. “Esse mercado foi o primeiro a se adaptar, mas hoje é difícil qualquer lançamento sem ter pets em mente. Outro ponto que ganhou espaço foi a estrutura de automação residencial. Também não se abre mais mão da sustentabilidade. Hoje, é possível encontrar tudo isso não somente no luxo, como também no alto e médio padrão”, observa.
Outra tendência que Letícia destaca são os imóveis assinados por arquitetos, paisagistas de renome e outros profissionais do mundo da arte. “Eles se envolvem em todo o processo criativo, trazendo ainda mais conceito para o produto. Hoje, não vendemos apenas casas ou apartamentos, vendemos espaços pautados na sustentabilidade, no bem-estar e na qualidade de vida”, frisa a consultora. home_work
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Quando participamos da conceituação do produto, facilitamos para que o consumidor final tenha a percepção de valor daquele empreendimento. Trabalhando de forma colaborativa, é construído um produto final muito mais adequado às necessidades do cliente.”
Alessandra Ramalho Bussotti
diretora de Atendimento da Personali
Na criação do conceito, avaliamos os itens de lazer, as tecnologias e as conveniências que estão em voga nos grandes centros do mundo e buscamos uma forma de destacar cada empreendimento pelos seus diferenciais e características únicas, mais adequadas àquele perfil de consumidor.”
Nando Bussotti Filho
CEO e diretor de Criação da Personali
Alguns dos itens que valorizam os imóveis
1 CONCEITO
O conceito é baseado em tendências para trazer toda uma concepção voltada ao life style, ou estilo de vida, de quem vai morar no local, com itens que despertam a sensação de pertencimento e, ao mesmo tempo, de exclusividade e bem-estar. Tendência é diferente de modismo. O primeiro surge de forma gradual, marca transformações na sociedade e perdura por mais de uma década. Já o modismo chega de forma rápida e forte, mas é passageiro.
2 PIONEIRISMO
O segmento de luxo é o primeiro a se adequar às mudanças sociais, antecipando-se às necessidades do futuro morador, para se diferenciar e atender a um público mais exigente. Depois, essas tendências vão chegando a outros segmentos, como o alto e médio padrão. Exemplos são o uso de tecnologia, como a automação, e funcionalidades, como espaços para pets, itens de lazer e de serviços.
3 SUSTENTABILIDADE
Outro elemento essencial é pensar na sustentabilidade e no bem-estar não só do futuro morador, mas também do entorno do empreendimento e do meio ambiente, contribuindo para todo o ecossistema envolvido. Isso vale tanto para empreendimentos de luxo quanto para os do alto padrão ao econômico.
4 ASSINATURA
Imóveis com a assinatura de arquitetos, paisagistas e decoradores renomados tendem a ser mais valorizados. A ideia é que o imóvel não seja apenas uma construção, mas uma obra com assinatura de profissionais de ponta, o que eleva a qualidade de vida dos moradores e o valor do empreendimento.
Fonte: especialistas entrevistados.
Grand
Luxo
person FLÁVIA MARTINS
Jardim suspenso e parque das águas
são atrações no Taj Home Resort,
em Vila Velha
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Com vistas privilegiadas e serviços
diferenciados, empreendimentos trazem
itens de lazer voltados ao bem-estar,
para que o morador se sinta sempre de férias
O mercado de alto padrão e luxo no Espírito Santo avançou nos últimos anos com lançamentos que, além de exclusividade, vistas privilegiadas e serviços diferenciados, trazem itens de lazer e comodidades voltados ao bem-estar dignos de resorts, funcionando como verdadeiros oásis no meio da cidade.
Embora haja representantes studio e de dois e três quartos nesse patamar, os imóveis de quatro quartos ou mais que estão no topo do espaço e conforto representam quase 8,7% das mais de 14.775 unidades em produção no Estado, segundo o mais recente Censo Imobiliário do Sindicato da Indústria da Construção Civil (Sinduscon-ES), totalizando 1.286 apartamentos ou casas. Em 2023, eram 7,8%, com 1.045 unidades.
Além disso, o preço médio de metro quadrado desses empreendimentos, que era de R$ 15.348 em Vitória em 2023, alcançou R$ 20.051 neste ano. A maioria dos lançamentos está na Praia do Canto, na Mata da Praia e na Enseada do Suá, em Vitória; no Jockey de Itaparica e na Praia da Costa, em Vila Velha; na Enseada Azul, em Guarapari; e em Pedra Azul, na Região Serrana.
O vice-presidente da Associação das Empresas do Mercado Imobiliário do Espírito Santo (Ademi-ES), Alexandre Schubert, observa que esses números refletem a mudança de comportamento social após a pandemia. “As famílias passaram a buscar mais qualificação do espaço, entenderam que ele precisava ser renovado, valorizando mais o lazer e a qualidade de vida”, avalia.
Schubert acrescenta que a qualidade de vida em Vitória – considerada a segunda melhor capital do país para se viver, com um Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) de 0,845 e uma alta renda per capita – reforça ainda mais a busca por esse segmento e impulsiona o mercado a desenvolver produtos diferenciados. “É um mercado que se qualificou muito e está mais dedicado a entregar um produto que traga essa qualidade de vida”, acrescenta.
Vitória
Na Capital, um destaque é o complexo Reserva Vitória, da Nazca, Abaurre e Apex, que traz lazer de resort na Enseada do Suá. As unidades do Park View Residences do complexo têm apartamentos de quatro suítes que variam de 184m² a 331m². O destaque fica por conta dos gardens duplex, que são como casas e têm uma piscina privativa no andar térreo e área gourmet. O lazer reúne spa, hidromassagem, lounge e piscinas com deque molhado, entre outros itens.
Na mesma região, as empresas lançaram o Cyan Ocean Front, com 39 unidades exclusivas e itens como área de pilates e ioga, spa e salas de massagem no lazer. De acordo com um dos diretores da Nazca, Breno Peixoto, o bem-estar é a prioridade. O empreendimento, inclusive, recebeu a certificação Fitwell, que prioriza a saúde e o bem-estar dos ocupantes de imóveis e os projetos que envolvam essas iniciativas. “O lazer é qualificado, e cada detalhe foi pensado para proporcionar momentos de relaxamento e diversão”, afirma Peixoto.
Já de frente para a Praia de Camburi, está o Sand Ocean Front, da Nazca e Abaurre, com apartamentos de quatro quartos com suítes, área de 157,65m² a 333,36m² e infraestrutura para que cada unidade tenha sua própria piscina na varanda. O empreendimento também tem o selo Fitwell, e um dos destaques é o spa, com hidromassagem e duchas com cromoterapia, aromaterapia, termoterapia e diferentes fluxos de água para proporcionar sensações relaxantes.
Ainda na Capital, o Iconic, lançamento da Mazzini na Aleixo Netto, na Praia do Canto, apresenta apartamentos de três e quatro quartos de 103m² a 135m², além de coberturas, e um design biofílico que permeia todo o projeto, transformando ambientes como quadra recreativa, espaço desconexão, academia, wine garden e solarium em pontos de conexão com a natureza.
No coração do mesmo bairro, a RS Construtora e o Grupo Incospal lançaram o 495 Joaquim Lírio Carlos Madeira Residences, que tem entre as unidades uma mansão suspensa de 862m² privativos, a maior cobertura do Estado, avaliada em R$ 28 milhões. “O mercado de superluxo se mantém em alta. Sua clientela é mais exigente, tem muitas referências de bem viver e demanda por empreendimentos que ofereçam uma experiência completa”, enfatiza Renato Aboudib Sandri, diretor da RS.
Os demais apartamentos têm 223m², com quatro suítes. O lazer reúne piscina aquecida com raia de 25 metros, bar e deque molhado, spa com sala de repouso e relax pool, entre outros itens.
Também na Capital, a Galwan lançou o Vernissage Vitória, que traz a inspiração de Miami para a Enseada do Suá. Serão apartamentos de até 620,85m² e um lazer que, entre outros componentes, oferecerá um parque aquático com paisagismo assinado pelo arquiteto Benedito Abbud.
“É o melhor lazer que já projetamos. Juntamos a experiência que temos nos empreendimentos feitos anteriormente e várias ideias de projetos desenvolvidos em Miami. Vamos trazer atrações para valorizar o convívio de crianças, adolescentes e adultos com espaços de atividades específicas e equipamentos de esportes e de lazer”, informa José Luís Galvêas Loureiro, presidente da construtora.
Também com inspiração em Miami, o Una Residence, lançamento da Grand Construtora na avenida Beira-Mar, tem os três últimos andares dedicados ao lazer, incluindo piscina com borda infinita e quadra de beach tennis, além do paisagismo também assinado por Benedito Abud. Os apartamentos têm três suítes (110,26m²) ou quatro suítes (150,11m²).
Vila Velha
Já em Vila Velha, a Grand tem como destaque o Taj Home Resort, complexo cinco estrelas apresentado como um verdadeiro oásis urbano. Em construção no Jockey de Itaparica, soma mais de 20 mil m² da lazer, incluindo uma piscina com mais de mil metros quadrados, área verde, jardim suspenso, parque das águas e paisagismo assinado por Benedito Abbud. O megaempreendimento vai oferecer a seus moradores um beach club exclusivo na orla de Itaparica. Dividido em duas torres, a Mirage e a Lótus, o Taj Home Resort tem 390 apartamentos de quatro suítes (295m²) e três suítes (156m²), com elevadores privativos para uma ou duas unidades.
No mesmo município, a Javé tem os empreendimentos Terrace e Park68, na Praia da Costa. Ambos dispõem de unidades de dois a quatro quartos. O Terrace foi projetado com lazer com itens como prainha, espaço gourmet, rooftop, piscina e academia, enquanto o Park68 também oferece spa e sauna com acesso à piscina.
E quando se fala em exclusividade, a Sólida lançou na Prainha o Botanical Exclusive Home, condomínio com casas de cinco suítes, em meio à natureza e a dois minutos do mar. O empreendimento tem mais de mil m² de lazer, com itens como club lounge, spa, academia e piscinas. “Fica próximo a tudo e tem um conceito de mobilidade e sustentabilidade, com muita biofilia e um paisagismo arrojado, sem descaracterizar a região, já que é um privilégio ter aquela vista”, ressalta Ana Carolina Morales, gerente de Obras e Projetos da Sólida. fast_forward
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Invite Inc.
Luxo
person FLÁVIA MARTINS
Manami Ocean Living
tem todas as unidades com vista
para o mar, em Guarapari
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Guarapari e Pedra Azul recebem
novos empreendimentos que reúnem
sofisticação, lazer de resort e serviços
voltados à qualidade de vida
Dois dos destinos turísticos mais conhecidos do Espírito Santo, as belas praias de Guarapari e a região de montanhas em Pedra Azul, Domingos Martins, também estão em evidência para receber novos empreendimentos de luxo, que trazem conceitos diferenciados, lazer de resort e comodidades voltadas à qualidade de vida.
Na “cidade saúde”, o Fundo MMP&TRÊS anunciou recentemente o investimento de R$ 500 milhões na região, incluindo dois empreendimentos com unidades residenciais. Um deles será no espaço do antigo Clube Siribeira, que vai se dividir em duas torres: uma com apartamentos e outra com um hotel cinco estrelas. O projeto, que vem sendo chamado de “Wave”, inspirado nas ondas do mar, está em fase de desenvolvimento, tem a assinatura do escritório de arquitetura global Creato e deve ser o primeiro resort vertical de luxo no Estado.
O outro empreendimento será em parceria com a Grand Construtora, no terreno do antigo clube de tênis da Enseada Azul. “Será um residencial em um terreno de 7.200 metros quadrados, com vista eterna para o mar. Um verdadeiro oásis urbano, com paisagismo, espelhos d‘água, spa, academia e sport bar, entre outros itens. Terá também um mercado autônomo para atender os moradores. O lazer ficará na cobertura, com piscina de borda infinita. O empreendimento terá apartamentos de quatro suítes. O lançamento está previsto para dezembro”, adianta o diretor comercial da Grand Construtora, Gustavo Rezende.
Ainda em Guarapari, também na Enseada Azul, a Invite Inc lançou o Manami Ocean Living, que contará com seis blocos residenciais e um total de 72 apartamentos com áreas de 137 a 210 metros quadrados. Com entrega prevista para março de 2027, o imóvel será erguido na Península de Guaibura, que tem área total de 45.532m².
Todas as unidades têm vista para o mar e, segundo a CEO da Invite, Cecília Zon, a localização foi uma das inspirações para o produto. “Ele é cercado de mar por todos os lados. Desenvolvemos o conceito de bem-estar azul, valorizando a sustentabilidade e respeitando os elementos orgânicos da própria península”, explica.
No lazer, o empreendimento reúne lounge gourmet, piscinas nas varandas, sauna e academia, entre outras opções. Também traz a tecnologia domótica, sistema de integração tecnológica que permite a gestão de diversos aparelhos da casa ou apartamento, por meio do smartphone.
Região Serrana
Subindo as montanhas, a Invite lançou Pedra Azul o Vive Le Vin, empreendimento idealizado com um conceito que une o vinho e a arte. Serão 115 apartamentos com unidades de um e dois quartos, com alguns módulos que permitem a opção de três quartos.
No lazer, o condomínio vai oferecer uma estrutura de resort, com o serviço administrado por uma operadora hoteleira, o que trará praticidade aos proprietários, e ambientes que garantirão experiências sensoriais imersivas. Um deles é o espaço voltado à reunião e confrarias do vinho. Em outra área, a harmonização da bebida ganha destaque.
Já em Domingos Martins, a dois minutos da Rua do Lazer, a HCX Construtora está construindo o edifício de luxo Vista da Montanha, com previsão de entrega em 2027. O residencial terá 25 apartamentos de dois e três quartos, com opções de unidades garden e coberturas, varanda com deque e jacuzzi.
O lazer será entregue decorado. “Os futuros moradores poderão desfrutar de piscina aquecida, sauna, jacuzzi, lareira e varanda gourmet em todos os apartamentos. Todos os apartamentos são projetados para maximizar o conforto e o bem-estar. A ideia é que os residentes encontrem um verdadeiro paraíso particular dentro de casa”, ressalta o diretor da HCX, João Paulo Crivilin. home_work
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DIVULGAÇÃO
Lotes
person FLÁVIA MARTINS
Lagoa Park III, em Linhares, tem lotes a partir de 250m²
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Reserva Jardim II, em São Mateus, é fechado e tem itens de lazer
Loteamentos e condomínios horizontais contribuem para o crescimento ordenado das cidades e são oportunidade de investimento com alta rentabilidade
Você já deve ter ouvido aquele ditado “quem compra terra não erra”, ou conhece alguém que investiu em um terreno e viu o valor triplicar e a região se transformar em alguns anos. Mais do que garantir um espaço para a construção da casa dos sonhos, os loteamentos e condomínios horizontais são uma oportunidade de investimento e também contribuem para um crescimento ordenado das cidades, já que a partir deles surgem novos bairros planejados.
Foi buscando um negócio promissor que o corretor e investidor Alberto Queiroz, 61, comprou quatro lotes, dois em Linhares, no Norte do Estado, e dois em Nova Venécia, no Noroeste. Em um desses empreendimentos, ele conta que já registra uma valorização de mais de 300%, em oito anos.
“Comecei a trabalhar na loteadora há cerca de 10 anos e decidi reinvestir parte do que ganhava nas vendas. Antes, eu morei em Vila Velha e vi pessoas ganharem muito dinheiro porque compraram lotes no passado em regiões que hoje são bastante valorizadas e estão cheias de prédios. É preciso ter visão, entender para onde a cidade vai crescer, pois não é um ‘fast food’, pode levar tempo. Também é preciso ter disciplina financeira e foco, mas é recompensador”, conta.
No terreno que comprou no Lagoa Park, empreendimento da CBL em Linhares, hoje funciona um cerimonial de festas que ele alugou para um empreendedor. Ou seja, além da rentabilidade vinda da valorização, é possível construir um imóvel residencial ou comercial no local e lucrar com o aluguel.
Na mesma região, a CBL também lançou os Lagoa Park II e III, que têm lotes a partir de 250m². Há, ainda, oportunidades nos loteamentos Villa Santi II e Park Verde, em Aracruz; Palm Garden, em Praia Grande; Bella Viana Park II, em Viana; Columbia Park, em Ibiraçu; Ita Park, em Cachoeiro de Itapemirim; e Vista Park, em Nova Venécia.
Ao todo, a empresa já lançou mais de 10 mil lotes no Estado e, segundo Renato Nolasco Ferreira, diretor comercial da loteadora, um estudo recente mostra que alguns desses empreendimentos tiveram uma valorização de até 25% ao ano.
Ele acrescenta que são planejados novos lançamentos para 2025, inclusive apostando em regiões já consolidadas e na expansão para outros municípios. “Vamos seguir investindo em Aracruz, por exemplo, onde lançamos mais de mil lotes somente neste ano, e ainda tem muito potencial. Mas também vamos chegar a Guarapari, com um empreendimento que será o primeiro condomínio fechado da CBL, localizado na Rodovia do Sol e próximo à Praia do Morro”, adianta.
No Norte do Estado, a Soma Urbanismo já lançou os residenciais Reserva Jardim I e II, em São Mateus, e prepara um novo empreendimento de frente para o mar, em Guriri, no mesmo padrão, com infraestrutura, acesso controlado por portaria 24h e espaços de mais de 15 itens de lazer, agregando contato com a natureza e qualidade de vida.
“Em São Mateus, cidade onde a Soma nasceu, temos um histórico incrível de produtos que dobraram e até mesmo triplicaram o seu valor. Isso é ao longo do tempo, não acontece da noite para o dia, claro. Mas a procura por lotes cresceu muito e trabalhamos com pouco estoque. Por isso, estamos preparando novos lançamentos”, afirma Danielli Simões, diretora comercial da loteadora.
Ela conta que o Reserva Jardim II, que foi lançado no ano passado, já está 60% vendido. A empresa também lançou o Reserva Privillege, em Nova Venécia, e o Golden Mundaí, em uma expansão para Porto Seguro, no Sul da Bahia, que terá uma segunda fase em breve. “Até o final do primeiro semestre do ano que vem, vamos colocar no mercado mais cerca de mil lotes. Temos também um novo produto para Colatina”, acrescenta Danielli. fast_forward
DIVULGAÇÃO
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Para investir em lotes, é preciso ter visão, entender para onde a cidade vai crescer, pois não é um ‘fast food’, pode levar tempo. Também é preciso ter disciplina financeira e foco, mas é recompensador.”
Alberto Queiroz
corretor e investidor
Temos estudos que mostram a valorização de 25% ao ano em alguns empreendimentos. É investimento que tem uma rentabilidade muito boa. Mas, para ter retorno, é preciso buscar investir em projetos diferenciados, bem localizados, avaliar se o lote está inserido em um bairro planejado, com toda a infraestrutura.”
Renato Nolasco Ferreira
diretor comercial da Lotes CBL
Temos um histórico incrível de produtos que dobraram e até mesmo triplicaram o seu valor. Isso é ao longo do tempo, não acontece da noite para o dia, claro. Mas a procura por lotes cresceu muito e trabalhamos com pouco estoque. Por isso, estamos preparando novos lançamentos.”
Danielli Simões
diretora comercial da Soma Urbanismo
Da cidade à fazenda
em poucos minutos
Um novo bairro “inteligente”, que vai reunir empreendimentos residenciais e comerciais, permitindo que os moradores façam tudo perto de casa. Esse é o projeto da Vaz Desenvolvimento Imobiliário para uma área de 4 milhões de metros quadrados, no entorno da Rodovia Leste-Oeste, entre Vila Velha e Cariacica.
Ainda não foram divulgados detalhes do projeto, que deve sair no próximo ano. Segundo o presidente da empresa, Douglas Vaz, a expectativa é que, futuramente, cerca de 77 mil pessoas morem ou trabalhem no local. “Será um grandioso projeto de desenvolvimento urbanístico que vai revolucionar o conceito dos empreendimentos já realizados no Estado”, adianta o empresário.
Para o próximo ano, a Vaz também planeja um condomínio de lotes de alto padrão em Guarapari, com quase 600 mil metros quadrados de área. “Em Santa Leopoldina, lançaremos também a terceira fase de vendas do Fazenda Barão do Império, o primeiro condomínio agrogastronômico do Brasil”, acrescenta Douglas.
O condomínio Fazenda Barão do Império, em Santa Leopoldina, na Região Serrana, traz o conceito de se morar no campo, a 35 minutos da região metropolitana, com mais de 400 terrenos destinados destinados à construção de casas de campo de alto padrão e acesso exclusivo dos moradores ao lazer e à produção da agroindústria do local. De acordo com a empresa, desde o lançamento, já foi registrada uma valorização de 110%, uma média de 28% ao ano.
O empreendimento terá um resort, com piscina de borda infinita, restaurante, academia, spa, lagos e quadras de beach tennis, entre outros itens de lazer, além de 3.500 metros de trilha ecológica e ciclovia, em meio a mais de 550 mil metros quadrados de mata preservada.
Rancho urbano
Já no limite entre os municípios de Santa Leopoldina e Serra, o Distrito de Calogi vai receber o lançamento de um empreendimento com foco na “vida rural”, com todas as facilidades de um condomínio de alto padrão.
O Rancho Calogi, projeto da RC3 Empreendimentos e Archer em parceria com a empresa capixaba Pixerama, será composto por 42 chácaras de 20 mil metros quadrados. O lançamento tem 865 mil metros quadrados, dos quais 600 mil são áreas de preservação de mata nativa da região.
Segundo o sócio da Pixerama, Thiago Setúbal, a intenção é trazer o conceito de comunidade rural, no qual os residentes vão cuidar e preservar a natureza local.
“O diferencial do Rancho Calogi em relação aos outros projetos imobiliários de montanha são justamente a abundância do espaço e a gestão coletiva, que será realizada por uma associação de proprietários. O objetivo é cuidar do patrimônio natural belíssimo que será deixado para as futuras gerações”, informa.
O rancho terá lazer com quatro lagos, varanda gourmet, jacuzzi coberta e aquecida, academia, spa, salão social, lounge bar, pub com salão de jogos, mirante com deque panorâmico, quadras de beach tennis e soçaite, trilhas, horta comunitária e adega, entre outros itens. fast_forward
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Sofisticação em uma segunda moradia nas montanhas
Na Região Serrana do Estado, há projetos de condomínios fechados e bairros planejados que reúnem infraestrutura, praticidade, estrutura de lazer e terrenos prontos para quem deseja construir a casa dos sonhos, seja para morar, seja para segunda moradia, como um refúgio para os dias de folga.
O Castle Hill, empreendimento da Javé Construtora, tem 109 lotes de 2 mil metros quadrados, em média, no acesso à rodovia ES 164, em Vargem Alta. Com uma área total de 411.400m², o empreendimento tem mais de 126 mil m² de reserva ecológica, e traz no lazer diferenciais como brinquedoteca, playground, espaço teen, fitness, game lounge, lago com deque, clube social com wine bar e lareira indoor, restaurante, whisky bar, piscina externa com deque molhado, piscina interna aquecida, sauna, spa, quadra poliesportiva e espaço zen, entre outros.
“Esse empreendimento foi um sucesso de vendas, já tem mais de 80% comercializados, e temos poucos lotes à disposição. Muitos clientes já vão começar a construir suas casas a partir de fevereiro”, conta Diego Freire, diretor comercial, administrativo e financeiro da Javé.
Domingos Martins
Em Domingos Martins, o novo bairro planejado Portal dos Ipês já teve mais de 70% dos lotes disponíveis desde o seu pré-lançamento, realizado em maio, vendidos. O empreendimento é resultado de uma parceria entre os empresários Cláudio Chieppe, da Montana INC, José Luís Galvêas, da Galwan, e Felipe Pretti, do Grupo Ápia.
Com previsão de conclusão até maio de 2026, o Portal dos Ipês terá ciclovia, chafariz com espelho d’água e trilhas ecológicas, além de redes de esgoto e de água, estação de bombeamento, drenagem de águas pluviais e iluminação em LED. Além disso, terá mais de 4 mil metros quadrados de lazer e mirante com deque.
O projeto contempla ainda um mall de alto padrão, com opções de comércio, conveniência e gastronomia na entrada do bairro. A localização também é um dos diferenciais, além do contato com a natureza.
“O Portal dos Ipês está próximo também de importantes centros urbanos, como Marechal Floriano, a apenas 4,5 km de distância, a 1,8 km da praça de Campinho (Domingos Martins) e a 1,5 km da Rua do Lazer. A arborização do empreendimento é não apenas um elemento estético, mas também uma parte essencial da nossa responsabilidade e dedicação com a sustentabilidade. As diversas espécies de árvores nativas, como ipê-amarelo, ipê-branco, ipê-rosa, acácias e quaresmeiras, entre outras, foram escolhidas para enriquecer as ruas e oferecer mais conforto urbano aos futuros moradores”, detalha Cláudio Chieppe. home_work
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AIR @225
tem unidades
quarto e sala na
Praia do Canto
Mocelin Engenharia
Compactos
Queridinhos da
GenZ e usados como
hotel: conheça
os novos studios
person VINÍCIUS VIANA
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Mais práticos e dinâmicos, os apartamentos studio e de um quarto têm se destacado entre as novas gerações e também entre quem busca por moradias temporárias de curta locação
Quando se fala em investir no mercado imobiliário, qual a persona que vem à sua cabeça? Talvez uma figura um pouco mais madura ou uma família já formada, com um ou mais filhos. Entretanto, hoje, a realidade está se transformando, e o setor tem acompanhado essas mudanças.
Segundo um levantamento da Brain Inteligência Estratégica, mais da metade da geração Z (21 a 27 anos) tem a intenção de comprar um imóvel nos próximos 24 meses. A busca é maior por apartamentos, que representam 49% desse desejo, considerando ainda casas em rua ou em condomínios fechados e loteamentos.
52% da GenZ
têm intenção de comprar um imóvel
Em um mercado vasto de tipologias, são as unidades studio e de um quarto que têm feito sucesso entre a galera mais nova. Afinal, além do valor atrativo para essa geração, as praticidades oferecidas nesse tipo de imóvel são fatores decisivos na hora de fechar negócio.
“Daqui a pouco, essa geração vai se tornar a segunda maior do planeta, e ela não precisa de grandes apartamentos, porque o desejo é maior pela possibilidade de se movimentar. O apartamento studio vem para ficar, porque permite morar em um lugar bem localizado, por um preço mais acessível e com diferentes tipos de serviços nas áreas comuns”, afirma o diretor comercial e financeiro da Javé Construtora, Diego Freire.
49% da GenZ
têm intenção de comprar um apartamento
O Costa Living, na Praia da Costa, em Vila Velha, é um exemplo de produto da empresa que já foi pensado para esse público. Com unidades a partir de 29,81m², o empreendimento teve como inspiração as mudanças de estilo de vida e o foco na promoção da saúde, no bem-estar e na sustentabilidade, por meio da tecnologia.
Esse “desapego” comportamental é o que tem aquecido a demanda para unidades mais práticas e dinâmicas. As gerações passadas priorizavam a construção de carreira em uma única empresa, mas, entre os jovens da GenZ, 56% já preferem trocar de emprego, caso isso de alguma forma interfira na vida pessoal, salienta o estudo global da Randstad.
56% da GenZ
preferem trocar de emprego se o trabalho interferir na vida pessoal
Por conta disso, há uma demanda grande também por aluguel desse tipo de empreendimento. “Como mudam de emprego com mais frequência, eles precisam morar perto do trabalho, e isso torna a demanda muito grande. A localização perto da nova empresa aumenta as possibilidades para os studios”, destaca o diretor da Nazca, Breno Peixoto.
O Youniverse, próximo lançamento da Nazca, aproveita da localização privilegiada na Enseada do Suá, em Vitória, mas também oferece serviços para quem quer fazer tudo dentro do próprio condomínio. Espaço de delivery, lavanderia, área fitness, coworking com sala de reunião para videoconferência e pet care são alguns dos itens das áreas comuns dispostas em quatro pavimentos. As unidades studio contam com 39,64m² e haverá ainda a possibilidade de lofts, com pé-direito duplo e mezanino. fast_forward
shutterstock
GenZ quer imóveis mais práticos e dinâmicos
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Busca por endereços mais valorizados
Muitas vezes, a demanda por apartamentos studio em uma melhor localização é o que faz com que boa parte desse público abra mão de unidades de dois e três quartos, que estejam endereços mais distantes dos pontos mais valorizados, afirma o diretor da iUrban, Leandro Lorenzon.
“Uma outra força que contribui para essa realidade é o aumento do preço no metro quadrado. Isso contribui para a tendência de imóveis com uma menor metragem, porque o valor total fica menor e a pessoa passa a ter condição de comprar. Às vezes, uma pessoa que morava em um de dois quartos passa para um studio, a um preço que vai caber no bolso, mas em uma localização melhor”, reforça.
Dos 100 apartamentos do iU.07, em Jardim Camburi, Vitória, 93 são opções de um quarto. O condomínio inclui lavanderia compartilhada, academia, coworking e todos os itens que ajudam a compor um modo de vida com requinte, mas prático.
Já o iU.06, na Praia do Suá, também na Capital, planeja ser um dos primeiros condomínios do Estado com o conceito multifamily. “É quando você faz um prédio inteiro para locação e vende-o para o investidor, o que evita conflitos, como em prédios que estão vetando curta temporada, Airbnb ou short-stay”, explica Lorenzon.
De acordo com o 43º Censo Imobiliário do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado do Espírito Santo (Sinduscon-ES), que considera o primeiro semestre de 2024, Vila Velha é a cidade com o metro quadrado mais valorizado para essa tipologia (R$ 14.850). Completam o pódio Vitória (R$ 14.803) e Serra (R$ 7.825).
No total, 847 unidades desse tipo estão em produção na Grande Vitória, considerando aquelas que estão em fase de planta, fundação, estrutura ou acabamento. Um aumento em relação às 753 unidades do segundo semestre de 2023, no 42º Censo.
847 unidades
de um quarto em produção no ES
Apesar do crescimento, para Hermann Schneider, diretor de Novos Negócios e Comercial da Mazzini, a oferta ainda é baixa. “Vitória ainda tem muito pouco produto de pequeno porte, apesar de ser desejada tanto como destino turístico quanto como de negócios. Esse crescimento, a gente percebe pelo perfil dos clientes que compram nossos imóveis e são de fora”, avalia.
O IZZA, na Praia do Canto, em Vitória, um dos lançamentos da construtora, conta com opções de um quarto a partir de 31,9m² e inclui no condomínio churrasqueira, espaço gourmet, academia e meet room, entre outros itens. No térreo, os moradores também terão um mix de lojas no mall do empreendimento.
Por conta da alta demanda, segundo Schneider, a empresa prepara outro lançamento para 2025 com unidades studio, na Avenida Leitão da Silva, em Vitória, na região entre Bento Ferreira e a Praia do Suá.
Também na Capital, a Empar lançará apartamentos studio e de um quarto, o Onyx, em Jardim Camburi. Segundo Camila Menezes, diretora da incorporadora, “para cada tipo de condomínio, são considerados o público comprador e o perfil que se quer dar ao empreendimento”.
Ainda segundo ela, “o que vale destacar é a possibilidade de diferentes públicos de investidores nessa tipologia: o investidor e o comprador, especialmente porque a valorização tende a subir nessas unidades”. fast_forward
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Vitória ainda tem poucos produtos de pequeno porte, apesar de ser desejada tanto como destino turístico, quanto como de negócios.”
Hermann Schneider
diretor de Novos Negócios e Comercial
da Mazzini
O que vale destacar é a possibilidade de diferentes públicos de investidores nessa tipologia: o investidor e o comprador. Especialmente, porque a valorização tende a subir nessas unidades.”
Camila Menezes
diretora da Empar
Valor médio do m² de unidades de 1 quarto
1ºR$ 14.850 - Vila Velha
2ºR$ 14.803 - Vitória
3ºR$ 7.825 - Serra
Short-stay ou mid-stay: novos
usos para os quarto e sala
O perfil de investidor é um ponto de atenção quando se fala nas unidades compactas. Isso porque, hoje, com a alta procura da geração Z por imóveis práticos, assim como o desejo de se viver em um endereço mais valorizado, tem reforçado o conceito da moradia short-stay ou mid-stay.
“Além da geração Z, que muitas vezes prefere alugar a adquirir imóveis para morar, há uma crescente demanda de pessoas que optam por alugar apartamentos para estadias curtas, seja por lazer, seja por trabalho, em vez de ficar em hotéis”, afirma o diretor-executivo da Impacto Engenharia, Sandro Carlesso.
O JC Life Residence, em Jardim Camburi, entregue em maio deste ano, foca o perfil investidor que prepara as unidades para gerar rentabilidade. Para acelerar o retorno, a construtora já entrega os apartamentos pré-montados, com móveis, banheiros completos e alguns utensílios, como coifa, cooktop e ar-condicionado.
Esse cenário de demanda por estadias mais curtas também é reforçado pelo crescimento empresarial capixaba nos últimos anos, avalia o CEO da Incorporadora Sipolatti.inc, Flavio Gianordoli. Colabora para esse avanço o intenso desenvolvimento do Estado em frentes como logística.
“A entrada de produtos tipo studio e quarta/sala vem para atender a essa nova demanda de residências de curta duração. Somos mais ágeis que a indústria hoteleira e, por isso, conseguimos lançar mais empreendimentos com a proposta de gerar mais estadias, mais hospedagem para atender ao crescimento de pessoas que estão vindo para nosso Estado”, destaca.
Como exemplo, Flávio cita dois empreendimentos da incorporadora: o Praia da Costa Living Suites e o Praia de Itaparica Living Suites. Ambos serão entregues totalmente montados, mobiliados e decorados, para dar ao proprietário a certeza de que ele tem um produto diferenciado para ofertar na hospedagem dos visitantes.
O CEO da Mocelin Engenharia, César Mocelin, também conta que a construtora teve um ótimo desempenho na venda desse tipo de apartamento na Praia do Canto, um bairro com alta demanda, mas com oferta escassa da modalidade.
“Embora essa tipologia seja muito procurada por investidores em geral, temos visto um interesse alto para locação específica do tipo short-stay. O AIR @225, nosso empreendimento na Praia do Canto, também apresenta uma forte vocação como ponto de apoio de moradores de outras cidades e até de outros países, além como moradia final para famílias pequenas”, finaliza. home_work
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Há uma crescente demanda de pessoas que optam por alugar apartamentos para estadias curtas, seja por lazer, seja por trabalho, em vez de ficar em hotéis.”
Sandro Carlesso
diretor-executivo da Impacto Engenharia
Embora essa tipologia seja muito procurada por investidores em geral, temos visto um interesse alto para locação específica do tipo short-stay.”
César Mocelin
CEO da Mocelin Engenharia
A entrada de produtos tipo studio e quarta/sala vem para atender a essa nova demanda de residências de curta duração.”
Flavio Gianordoli
CEO da Incorporadora Sipolatti.inc
Hub Imobi explica
SHORT STAY
locação de poucos dias
MID STAY
locações que já superam 30 dias
LONG STAY
com contratos de 12 meses,
no mínimo
Javé/Divulgação
Mais procurados
Alta demanda
para 2 e 3
quartos no ES
person VINICIUS VIANA
Novo consumidor fez construtoras repensarem produtos
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Tipologia já representa 85% das unidades
em produção no Estado; construtoras
começam a oferecer condomínios mais equipados e até opções de alto padrão
Quando a família cresce ou as demandas da rotina pedem por novos espaços na casa, é hora de se mudar. Isso significa que a procura passa a ser, em muitos casos, para apartamentos de dois e três quartos, que são os modelos mais demandados atualmente no mercado imobiliário.
Das 14.775 unidades em produção no Estado, 12.615 são dessa tipologia, segundo o 43º Censo Imobiliário do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado do Espírito Santo (Sinduscon-ES). Ou seja, mais de 85% das unidades totais do Estado estão destinadas a atender à demanda do mercado por apartamentos de dois e três quartos.
O que dizem as construtoras
Com uma procura maior, também aumentam as exigências do público na hora de fechar negócio. Afinal, estamos falando de um dos maiores investimentos que uma pessoa pode fazer na vida. Esse novo comportamento do consumidor levou as construtoras a remodelar os produtos e a investir em unidades mais equipadas, tanto nas plantas dos apartamentos quanto nos itens de lazer.
“Observamos que já existe a leitura de que o imóvel não precisa ser grande, com muitos quartos, para que seja um imóvel de alto padrão. Temos desenvolvido projetos com apartamentos de dois e três quartos de alto padrão de acabamento, em ótimas localizações, inclusive para o público investidor ou para aqueles que buscam uma segunda moradia, como um apartamento na praia”, destaca o gerente comercial da Épura, Fabiano Martins.
O Lúmea Camburi, por exemplo, conta com unidades nessa tipologia com metragens de 66 a 102m². O condomínio já inclui espaço para mercado autônomo e Wi-Fi nas áreas comuns, entre outros itens. Já os apartamentos são entregues com revestimento em todas as paredes dos banheiros e cozinha, ponto de máquina de lavar louça e piso da sala, varanda e quartos em porcelanato 90x90 cm.
“Essas unidades, de fato, são mais procuradas por famílias com um ou dois filhos, ainda em idade escolar. Todos os nossos produtos são desenvolvidos com base em criteriosa pesquisa de mercado, a qual nos aponta o público-alvo para a localização do terreno onde será o futuro empreendimento, bem como a tipologia, tamanho e lazer mais adequados ao futuro morador desse novo projeto”, enfatiza.
Para o diretor comercial da Javé Construtora, Diego Freire, esse “é um produto que, ao comprar, a pessoa tem uma rentabilidade mais rápida. São ótimas opções com uma boa saída no mercado”.
O Sky Garden, empreendimento da Javé na Praia de Itaparica, em Vila Velha, aposta em diferenciais como lazer na cobertura com espaço fitness, spa, business room, espaço gamer, espaços gourmet e grill, churrasqueira, espaço sunset, solarium, deque molhado, piscina adulto, beach e bike point no térreo. As unidades de dois e três quartos variam de 59,16 a 151,86m², com opções garden.
Para a gerente-geral comercial da Proeng Construtora, Andrea Lessa Rocha, esse cenário é reflexo de uma demanda crescente de investidores, já que a tipologia para dois e três quartos oferece uma boa relação de custo-benefício e alta valorização no mercado capixaba.
“Sempre pensamos no público-alvo. Sabemos que famílias buscam praticidade e áreas de lazer completas. Então, cada detalhe é pensado com muita atenção. Por isso, temos opções de dois e três quartos em nossos lançamentos, especialmente em bairros estratégicos como Jardim Camburi e Itaparica”, pontua.
O Skyline Proeng Home e o Harmony Techno Home são alguns dos lançamentos da construtora na Praia de Itaparica que atendem a essa configuração. O primeiro conta com unidades de 62 a 212m² com opções de dois e três quartos. Já o segundo oferece unidades de um ou dois quartos, com metragens entre 42 e 140m². fast_forward
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Unidades de dois e três quartos, de fato, são mais procuradas por famílias com um ou dois filhos ainda em idade escolar.”
Fabiano Martins
gerente comercial
da Épura
Esse cenário é reflexo de uma demanda crescente de investidores, já que a tipologia para dois e três quartos oferece uma boa relação de custo-benefício e alta valorização no mercado capixaba.”
Andrea Lessa Rocha
gerente-geral comercial da Proeng Construtora
A localização é um fator decisivo na hora de fechar negócio. Fácil acesso, boa mobilidade e proximidade com serviços ou do trabalho ou escola dos filhos são pontos de atenção para muitas famílias.
Hoje, entre os endereços mais valorizados no Estado, para as unidades de dois e três quartos, estão Vitória, Vila Velha e Serra, respectivamente em primeiro, segundo e terceiro lugar, de acordo com o Censo Imobiliário do Sinduscon-ES.
A Praia de Itaparica, em Vila Velha, inclusive, é uma região de destaque no Estado para esse perfil de empreendimento, segundo a gerente comercial da Kemp Empreendimentos, Ellen Cordeiro. Ela explica que, por ser uma área muito valorizada, atrai muitos investidores.
“Eles procuram comprar apartamentos de dois quartos para investir com a demanda por aluguéis, ou mesmo por conta da valorização. A comercialização dessa tipologia está em alta, tem grande procura. Então, é uma excelente opção para o investidor ter maior retorno em curto prazo. Já as unidades de três quartos são mais procuradas diretamente para moradia e não tanto para investimento”, informa.
Tanto o Ilha de Murano quanto o Ilha de Itaparica são empreendimentos da construtora que estão localizados na região de Praia de Itaparica. Para Ellen, os condomínios seguem oferecendo o padrão da Kemp e já contam com novos espaços que são diferenciais e proporcionam maior comodidade e diversão aos moradores.
Entre as oportunidades na Capital, um dos destaques é um lançamento da Mivita focado em unidades de três quartos. A diretora administrativa e de Marketing da construtora, Livia Giacomin, frisa que esse produto já tem como pegada um condomínio com unidades mais amplas, direcionadas a famílias um pouco maiores e oferecendo uma série de itens de lazer para atender os moradores.
“É um público muito família que estamos vendo. E eles querem espaços mais amplos, pois os filhos estão crescendo. Ainda tem muita gente trabalhando de forma híbrida que busca por esses ambientes bem aproveitados”, finaliza. home_work
Localização
decide a compra
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As unidades de dois quartos são uma excelente opção para o investidor ter maior retorno, em curto prazo. Já as de três quartos são mais procuradas para moradia.”
Ellen Cordeiro
gerente comercial da Kemp Empreendimentos
É um público muito família que estamos vendo. E eles querem espaços mais amplos porque os filhos estão crescendo.”
Livia Giacomin
diretora administrativa e de Marketing da Mivita
É um produto que, ao comprar, a pessoa tem uma rentabilidade mais rápida. São ótimas opções com uma boa saída no mercado.”
Diego Freire
diretor comercial da Javé Construtora
Valorização do
metro quadrado
2 quartos
1ºR$ 13.894 - VITÓRIA
2ºR$ 10.157 - Vila Velha
3ºR$ 6.166 - Serra
3 quartos
1ºR$ 13.569 - VITÓRIA
2ºR$ 10.952 - Vila Velha
3ºR$ 9.371 - Serra
Empreendimentos de padrão econômico têm hoje ampla estrutura de lazer
Morar/Divulgação
Minha Casa, Minha Vida
Vendas impulsionadas por subsídio estadual
person ALBERTO MARGON
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Ao todo, R$ 200 milhões serão disponibilizados ao longo de 4 anos para famílias com renda mensal de até 3 salários mínimos; benefício começou a ser distribuído em março
A reformulação do Minha Casa, Minha Vida (MCMV), em julho do ano passado, ampliou os limites das faixas de renda, aumentou o valor máximo dos empreendimentos e concedeu juros mais baixos no financiamento.
Além disso, o governo estadual criou um subsídio de até R$ 20 mil para a compra de empreendimentos econômicos no Espírito Santo, o Nossa Casa, vigente desde março. Ao todo, R$ 200 milhões serão disponibilizados ao longo de quatro anos para famílias com renda mensal de até três salários mínimos.
Esse cenário demonstrou-se favorável aos empreendimentos do MCMV no Espírito Santo, que hoje são a maioria das unidades em produção. Segundo o 43º Censo do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Espírito Santo (Sinduscon-ES), das 14.775 unidades em produção no primeiro semestre no Estado, 9.910 são de empreendimentos de padrão econômico, o que corresponde a 67,07%.
A auxiliar de compras Angelica Fornaciari foi uma das capixabas que realizaram o sonho da casa própria ao adquirir uma unidade do segmento econômico com o subsídio do governo.
“Eu fechei contrato com a MRV em dezembro de 2023, e o subsídio abateu no valor total do apartamento que eu financiei. Se não fosse por esse benefício, eu não conseguiria pagar todo o valor do imóvel. Definitivamente, foi um sonho realizado”, destaca.
Para Lucas Fabres, diretor técnico da Monopoly, o auxílio do governo do Estado acelerou as vendas das unidades. “O programa ajudou muito, pois melhorou a velocidade de vendas. Imóveis que algumas famílias teriam um pouco mais de dificuldade de comprar, com o programa, a gente consegue encaixar em razão dos R$ 20 mil do governo estadual. Isso facilitou nossas vendas”, afirma.
Segundo o gestor de vendas da MRV no Espírito Santo, Johann Eugenio, o subsídio estadual influenciou a construtora a lançar empreendimentos com foco em famílias de até três salários mínimos, que se enquadram na faixa 2 do MCMV.
“Na Serra, a gente vai voltar a lançar produtos na faixa de renda 2 do Minha Casa, Minha Vida para que as pessoas possam utilizar o subsídio estadual do programa Nossa Casa. Desde que esse programa foi lançado, entre o final do ano passado e o início deste ano, as vendas aceleraram muito, não só as da MRV, mas também as do mercado como um todo”, pontua.
A analista de Marketing Raphaela Costa também aplicou o subsídio para adquirir seu imóvel. Para ela, é necessário mudar a visão que se tem de um empreendimento do padrão econômico, que hoje contemplam condomínios com grandes estruturas de lazer.
“Com os R$ 20 mil de subsídio do governo, eu consegui comprar um apartamento que fica num condomínio-clube completo com piscina, churrasqueira, academia, salão de festas, sala de ginástica. O condomínio é fechado e seguro e tem um comércio incrível ao meu redor”, conta. fast_forward
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Nossa Casa
O que é benefício estadual de até R$ 20 mil para pagamento da entrada do valor de aquisição de um imóvel que seja financiado pelo programa Minha Casa, Minha Vida – Faixa Urbano II, por intermédio da Caixa Econômica Federal.
Que tipo de imóvel pode comprar imóvel residencial urbano, novo, na planta ou usado, localizado em um dos 78 municípios do Espírito Santo – exceto imóvel retomado pela Caixa.
Faixa de valor do imóvel conforme as regras do Minha Casa, Minha Vida, o valor dos imóveis enquadrados na Faixa Urbano II tem limite máximo de R$ 190 mil nos municípios menores e de R$ 245 mil nos municípios maiores.
Quem pode fazer famílias que não possuem imóveis e que tenham renda de até 3 salários mínimos.
Onde fazer a solicitação é feita de forma eletrônica no portal Conecta Cidadão (conectacidadao.es.gov.br) ou no site da Secretaria de Saneamento, Habitação e Desenvolvimento Urbano (Sedurb) (www.sedurb.es.gov.br).
Como fazer o interessado deve preencher o requerimento do programa no site com os seus dados familiares e os do imóvel que está adquirindo, anexando em seguida os documentos necessários. A aprovação será feita pela Sedurb, que encaminhará ao proponente, por e-mail, o Certificado de Concessão do Benefício (CCB), cuja validade é de 90 dias.
Fonte: governo do Espírito Santo
Novo Minha Casa, Minha Vida ajuda a reformular produtos
Para o diretor comercial da Morar, Filippe Vieira, as mudanças realizadas pelo governo federal no Minha Casa, Minha Vida (MCMV) foram cruciais para a construtora continuar atuando no programa. Ele afirma que, com as modificações, ampliando o valor para R$ 350 mil, a empresa consegue continuar no programa.
“Essa reformulação foi essencial para a gente permanecer no Minha Casa, Minha Vida. Antes dessa mudança, o teto do MCMV na Serra ou em Vila Velha, por exemplo, era de R$ 219 mil, e é praticamente impossível lançar qualquer imóvel nesse valor hoje”, destaca.
O perfil dos empreendimentos também mudou. Filippe conta que as construtoras estão apostando em áreas de lazer completas e mais comodidade.
“Nos nossos produtos e no mercado, o que a gente tem visto são as construtoras optando por melhorias nas áreas comuns, porque oferecer mais lazer e comodidade é algo que atende a todas as famílias. Essa é a nossa estratégia para manter os preços que a gente tem praticado”, aponta.
O diretor técnico da Monopoly, Lucas Fabres, também ressalta melhorias nas áreas comuns dos novos econômicos. “Um exemplo dos nossos novos econômicos é o Quattro Residencial Club. Ele é um empreendimento com uma área de lazer bem completa e equipada, inclusive com pet place”, frisa.
O empreendimento tem opções de dois quartos com ou sem suíte. Há varanda em todas as unidades. A área de lazer conta com 19 itens, como sauna, fitness center e quadra.
Já a MRV tem incluído opções com varanda e suíte nos novos empreendimentos. “Estamos trazendo unidades com varanda no MCMV em todos os próximos lançamentos. Nem sempre haverá em todas as unidades, mas em pelo menos metade. Além disso, estamos colocando suíte, para as pessoas terem essa opção”, complementa o gestor de vendas da MRV no Espírito Santo, Johann Eugenio.
Para onde aponta o crescimento?
De acordo com Johann, o avanço aponta para a Serra. “Hoje, o nosso carro-chefe é a Serra, que corresponde a 80% das nossas vendas no Estado. Por isso, é um local que investimos muito e vamos continuar investindo”, enfatiza.
Morada de Laranjeiras, Jardim Limoeiro, Porto Canoa e Jacaraípe são alguns dos bairros com o mercado imobiliário aquecido, sinaliza o gestor de vendas da MRV no Estado. Ele também informa que a empresa pretende lançar mais quatro empreendimentos no Estado no próximo ano.
A MRV tem mais um lançamento na cidade, o Giardino de Bali. Localizado em Jardim Limoeiro, o novo empreendimento dispõe de apartamentos de um ou dois quartos com opções de varanda, suíte e quintal. A área de lazer conta com espaço gourmet, pet place, piscina adulto e infantil, playground, quadra recreativa e salão de festas.
Filippe Vieira, diretor comercial da Morar, concorda que a Serra tem se destacado no mercado imobiliário. “Sem dúvida, Serra e Vila Velha se destacam. Porém, a Serra está na frente por ter algumas vantagens ainda por conta de terrenos e da sua área de expansão. Em Vila Velha, a gente tem dificuldade de encontrar terrenos”, afirma.
A empresa está lançando a segunda fase do Vista de Porto Canoa, na Serra, e do Vista do Recanto, em Vila Velha. Enquanto o primeiro tem apartamentos de dois e três quartos com opções de suíte, o segundo apresenta unidades com dois quartos. Os dois produtos vêm com opções de quintal privativo e área de lazer com estrutura de clube.
Há ainda um terceiro lançamento da Morar: o Vista do Passeio, na Serra. Assim como os outros da construtora, sua estrutura de lazer é no estilo condomínio-clube. Os apartamentos são de dois quartos, com opções de escritório e quintal privativo.
Segundo Filippe, a Morar também pretende lançar quatro empreendimentos no Espírito Santo no próximo ano. Já a Monopoly prepara o lançamento de mais dois empreendimentos em solo capixaba em 2025, segundo o diretor técnico da empresa, Lucas Fabres. home_work
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Pesquisa aponta
um aumento de
8,87% nos aluguéis
em Vitória, até agosto
Shutterstock
Investimento
person FLÁVIA MARTINS
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Alta demanda, baixa oferta e expectativa
de rentabilidade fortalecem a aquisição de
imóveis para atuar no mercado de locação
Com o mercado aquecido e um cenário de valorização crescente na Grande Vitória, cresce a procura por investimentos em imóveis focando o retorno com a locação de unidades. Esse avanço vem se mostrando tão relevante quanto o aumento da demanda por aquisição da casa própria. O público tem se mostrado significativo, respondendo à velocidade de vendas dos lançamentos imobiliários, diante da alta demanda e da baixa oferta de apartamentos para aluguel, principalmente nos bairros mais cobiçados.
Outro fator que tem atraído investidores é a expectativa de rentabilidade, que, segundo o DataZap, alcançou a média anual de 4,42% em Vitória. Numa conta simplificada, isso significa que um imóvel de R$ 500 mil “rende” cerca de R$ 22 mil em um ano só de aluguel, isso sem contar a valorização do empreendimento. Essa rentabilidade tem sido inflada ainda pelos reajustes significativos que os aluguéis vêm sofrendo nos últimos anos.
Hoje, não há um indicador obrigatório de reajuste de locações no país, mas um dos mais utilizados nos contratos é o Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M). No entanto, enquanto a inflação em 12 meses, até agosto, foi de 4,23% e o IGP-M acumulado em 12 meses até setembro chegou a 4,53%, o Índice de Variação de Aluguéis Residenciais (Ivar) registrou no mesmo período um aumento de 12,29%. O Ivar é calculado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) com base nos valores praticados Belo Horizonte, Porto Alegre, Rio de Janeiro e São Paulo.
Já o índice FipeZap, pesquisa que considera somente os anúncios na plataforma Zap em 36 cidades, entre elas Vitória, apontou uma alta de 8,87% no valor dos aluguéis da Capital capixaba, até agosto. Em 2022, esse reajuste médio na cidade chegou a 20,59%.
O vice-presidente do segmento imobiliárias na Associação das Empresas do Mercado Imobiliário do Espírito Santo (Ademi-ES), Flávio Dantas, que também é diretor da Flávio Dantas Netimóveis, explica que esse cenário de alta foi impulsionado após a pandemia, quando muitas famílias buscaram moradias com mais lazer e qualidade de vida, e ainda traz reflexos ao comportamento do consumidor.
Ele ressalta que o mercado de aluguel está em um momento de intensa demanda, especialmente por imóveis que se adequem ao perfil dos inquilinos atuais. “Temos uma busca crescente por apartamentos de um, dois e três quartos, enquanto a oferta ainda é limitada. A situação é mais crítica em áreas como Jardim da Penha e Jardim Camburi, onde a procura é grande”, afirma.
Segundo o diretor comercial da Betha Espaço Imóveis e diretor do Sindicato das Empresas do Mercado Imobiliário (Secovi-ES), Charles Bitencourt, isso acontece porque, apesar dos muitos lançamentos recentes na Grande Vitória, grande parte é voltada para o público de alto padrão e luxo. “Ainda há uma lacuna significativa no mercado para imóveis que atendam à demanda por aluguel. Essa situação não mudou, mesmo com o aumento das construções”, ressalta Charles.
Ele acredita que a tendência é de um equilíbrio nos reajustes, que atendam tanto às necessidades do locador quanto do locatário. “O importante é que haja negociação. Para o locador, também é interessante manter um contrato com um bom locatário, que pague o aluguel em dia, por exemplo”, observa.
Onde investir
O diretor do Secovi-ES também vê oportunidades de investimento, especialmente em áreas onde a demanda é alta e a oferta é baixa, como Jardim da Penha e Jardim Camburi, em Vitória. “Essas áreas são tradicionais e oferecem retornos consistentes. Além disso, regiões como Enseada do Suá estão se transformando, com novos serviços sendo oferecidos”, acrescenta.
Em Vila Velha, Charles Bitencourt destaca a demanda por locais como Praia da Costa, Itapuã e Itaparica. Já na Serra, aponta como boas oportunidades a região de Laranjeiras e Jardim Limoeiro. E Cariacica, complementa, a carência de lançamentos faz da região um ponto de atenção para investidores. “Cariacica é uma área que está se modernizando, e a demanda por imóveis lá é alta. No entanto, a falta de novas construções torna o mercado ainda mais carente”, analisa.
Flávio Dantas assinala que há uma procura grande também por imóveis já mobiliados, principalmente por quem vem ao Estado a trabalho, para estudos, até mesmo para aluguel de curta, média e longa duração, em imobiliárias ou por plataformas. “Esse é um ótimo investimento. Aqui na imobiliária, nunca ficamos com um imóvel mobiliado vazio”, assegura.
Mais segurança
Diante de todo esse aumento na demanda, o mercado de locação também tem se modernizado, para garantir mais oportunidades de negócios e ampliar a segurança dos investidores.
Um exemplo são as empresas que oferecem o seguro fiança locatícia, uma modalidade que pode ser contratada por inquilinos, pessoas físicas ou jurídicas, para facilitar a locação de imóveis sem a necessidade de um fiador ou depósito caução.
“Hoje, temos também empresas especializadas que contratamos para fazer vistorias completas do imóvel, avaliando mais de 100 itens que mostram o real estado em que ele se encontra e como é devolvido, reduzindo, assim, o risco de danos e desentendimentos ao final do contrato”, enfatiza Flávio Dantas. fast_forward
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Temos uma busca crescente por apartamentos de um, dois e três quartos, enquanto a oferta ainda é limitada. Comprar para alugar é um ótimo investimento.”
Flávio Dantas
vice-presidente da Ademi-ES
Ainda há uma lacuna significativa no mercado para imóveis que atendam à demanda por aluguel. Essa situação não mudou, mesmo com o aumento das construções.”
Charles Bitencourt
diretor do Secovi-ES
Localização estratégica invista em bairros com alta demanda, como Jardim da Penha, Jardim Camburi e Enseada do Suá, em Vitória, ou Praia da Costa, Itaparica e Itapuã, em Vila Velha. Regiões onde há menos ofertas, como Cariacica, também oferecem oportunidades, especialmente em áreas em desenvolvimento.
Perfil do imóvel priorize imóveis que atendam à demanda do mercado, especialmente apartamentos de 1, 2 ou 3 quartos, econômico ou de médio padrão, que são os mais procurados na Grande Vitória.
Reajustes e valor do aluguel considere a tendência de reajustes do aluguel. Imóveis em áreas com alta valorização podem proporcionar reajustes mais consistentes, mas é importante avaliar o histórico do mercado, especialmente após a pandemia, quando houve reajustes fora da curva.
Custo de manutenção e infraestrutura avalie o custo de manutenção e a infraestrutura oferecida pelo imóvel. Imóveis com boa infraestrutura e localização estratégica, como acesso a serviços e transporte, têm maior potencial de valorização e atração de inquilinos.
Liquidez e tempo de retorno considere a liquidez do imóvel, ou seja, a facilidade com que ele pode ser alugado rapidamente. Bairros tradicionais e bem localizados oferecem maior liquidez e tendem a garantir uma taxa de retorno mais rápida sobre o investimento.
Diversificação de portfólio Se possível, invista em diferentes tipos de imóveis (apartamentos, casas, salas comerciais) ou em diferentes bairros da Grande Vitória. A diversificação pode reduzir os riscos, já que diferentes áreas e tipos de imóveis têm dinâmicas de mercado distintas e podem oferecer oportunidades em momentos diferentes. Além disso, imóveis comerciais podem ter uma taxa de retorno maior em algumas regiões.
O que analisar antes de comprar um imóvel para locação
Saiba mais
Fontes: especialistas entrevistados
Shutterstock
Localização é um dos principais fatores de valorização do aluguel
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1 Escolha criteriosa do locatárioverificar o histórico de crédito e a capacidade financeira do inquilino é fundamental para evitar inadimplência. A relação entre o locador e o locatário deve ser bem estruturada, garantindo que o inquilino tenha condições de manter os pagamentos em dia.
2 Contrato bem elaborado e atualizadoé importante garantir que o contrato de locação seja claro, detalhado e atualizado com as leis vigentes. Isso inclui cláusulas sobre reajustes de aluguel, manutenção do imóvel e regras para quebra de contrato, prevenindo disputas judiciais no futuro.
3 Manutenção preventiva do imóvel manter o imóvel em bom estado é essencial para evitar problemas com os inquilinos. Uma boa manutenção preventiva reduz o risco de reparos emergenciais durante o período de locação e ajuda a manter a valorização do imóvel.
4 Acompanhamento regular do mercado de aluguel manter-se atualizado sobre as condições do mercado, como variações de preço e tendências de demanda, pode ajudar a ajustar o valor do aluguel de forma justa, evitando tanto a sobrevalorização quanto a subvalorização do imóvel. Isso também ajuda a evitar longos períodos de vacância.
5 Documentação e vistoria detalhada antes da entrega do imóvel ao inquilino, é essencial realizar uma vistoria completa, documentando as condições do imóvel com fotos e relatórios detalhados. Isso evita conflitos futuros sobre danos ou reparos necessários ao final do contrato de locação.
5 cuidados para evitar problemas com aluguel
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Fontes: especialistas entrevistados
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É preciso diversificar locais e tipos de imóveis para investir
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Os pets, hoje, são parte da família, e essa realidade está moldando o mercado imobiliário
Shutterstock
Parte da família
person GABRIEL MAZIM
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Construtoras e arquitetos buscam
adequar os empreendimentos às
necessidades dos animais de estimação
O número de pets cresceu no Brasil nos últimos anos, o suficiente para posicionar o país em terceiro lugar no ranking das nações com as maiores “populações pet” – 149 milhões, segundo dados da GFK. Por isso, o mercado que gira em torno de produtos e serviços voltados para os bichos de estimação também se expandiu, e o mercado imobiliário se adaptou para atender às necessidades dos pets.
De móveis a elementos de design que oferecem mais segurança e conforto para os animais, até itens de cuidado e lazer – como pet shop e pet park – dentro do próprio empreendimento, as opções para os “pais” e “mães” de pet são variadas.
Segundo a gerente-geral Comercial e de Marketing da Proeng, Andrea Lessa, incluir os pets ao planejar os empreendimentos se tornou necessário para se destacar no mercado atual.
“Hoje, os pets fazem parte da família, e essa realidade está moldando o mercado imobiliário. Os clientes procuram cada vez mais empreendimentos que ofereçam qualidade de vida também para seus animais de estimação. Os empreendimentos que oferecem áreas para pets estão se destacando e se tornando preferidos, porque entendem essa nova demanda da sociedade”, destaca. fast_forward
Divulgação
O “Refúgio dos Pets” conta com áreas de brincar e um parquinho
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Número de pets já ultrapassa o de crianças
Marcus Araujo, pensador, futurologista do morar e CEO da Datastore – empresa especializada em dados sobre o mercado imobiliário do Brasil –, esteve no Espírito Santo em junho e falou sobre a presença crescente dos pets nos lares brasileiros.
“Um dado que está no nosso novo Censo é que, atualmente, o Brasil tem 26 milhões de crianças com até 9 anos de idade. Já o número de pets é de 149 milhões, segundo estimativa de uma publicação na Forbes Brasil, com base em dados da GFK”, relata.
No Espírito Santo, uma pesquisa realizada pelo Marketing/Rede Gazeta indicou que 76% dos capixabas têm pelo menos um pet em casa e 55% os enxergam como parte da família.
Para o arquiteto Matheus Xavier, incluir espaços adaptados para os animais de estimação não significa ter de abrir mão da estética. Em sua estreia na CasaCor de Santa Catarina, Matheus apresentou um ambiente projetado para atender um casal que tem pets, demonstrando como é possível integrar elementos pet friendly ao design.
“É totalmente viável incluir essas soluções em diferentes partes da casa, como em um canto do quarto, na sacada, ou até mesmo atrás de uma parede de sofá. A arquitetura de interiores permite essas integrações de forma harmoniosa. A partir desse projeto, podemos criar desde pequenos espaços para pets dentro de um apartamento até ambientes comerciais, como creches ou hotéis pet. A flexibilidade de adaptar o espaço conforme a necessidade é uma das grandes vantagens desse conceito”, comenta Matheus.
Uma das suítes do projeto apresentado por Matheus, chamada de “Refúgio dos Pets”, conta com áreas de brincar e um parquinho, garantindo que eles possam se entreter mesmo quando estão sozinhos em casa. Além disso, a estrutura dispõe de um banheiro pet, que é dividido em uma área de banho e uma outra para as necessidades, com uma superfície gramada para os cachorros e uma caixa de areia para os gatos. fast_forward
Lares adaptados para pets sem abrir mão do design
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Podemos criar desde pequenos espaços para pets dentro de um apartamento até ambientes comerciais, como creches ou hotéis pet.”
Matheus Xavier
arquiteto
O Brasil tem 26 milhões de crianças com até 9 anos de idade. Já o número de pets é de 149 milhões.”
Marcus Araujo
pensador, futurologista do morar e CEO da Datastore
Como os capixabas enxergam seus pets
55%Membro da família
35%Um filho
29%Animal de estimação
27%Companhia:
23%Amigo:
8% Assistência (segurança, terapia, mobilidade, etc)
Fonte: Marketing/Rede Gazeta
ALGUNS Empreendimentos
pet friendly na Grande Vitória
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Decoração afetiva busca por ambientes com significado
Natalia Scarpati
Casa é lugar de afeto
person THAIZ LEPAUS
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Objetos afetivos ganham lugar na
decoração dos ambientes de quem
gosta de conservar peças especiais
Ao longo dos séculos, os seres humanos foram reinventando a forma como se expressavam. Quando viviam em cavernas, por exemplo, as pinturas rupestres decoravam as paredes daquele modelo de casa e eram as responsáveis por perpetuar mensagens. Com o passar do tempo, isso foi se modificando e, hoje, ganham evidência os objetos decorativos e as novas cores nos ambientes, mas a essência permanece: contar a história dos moradores.
Esse modelo de décor recebeu nome e tem se destacado como uma forte tendência no atual mercado. A chamada decoração afetiva busca conservar o afeto e construir espaços que remetem às raízes de quem vive naquele determinante lugar, seja por meio de novas peças, seja pelo reaproveitamento de itens e móveis de entes queridos carregados de significado.
Quadros, retratos, artesanatos, presentes e até mesmo itens religiosos são exemplos de objetos afetivos. Mas, para Elza Pinto, conselheira do Instituto de Arquitetos do Brasil, Departamento do Espírito Santo, a construção desse ambiente não precisa se limitar a itens históricos.
“O objetivo é criar espaços carregados de emoções para os moradores. Hoje, as pessoas estão buscando por isso. Uma tela que a pessoa comprou, ela comprou porque amou. Se amou, já vai fazer parte da história pessoal, ou seja: a tela jamais será desfeita“, ressalta a arquiteta.
Um exemplo é a casa da assistente de criação Nathalia Traspadini. A residência é repleta não só de objetos de familiares, mas também de fotos de pessoas queridas e dos momentos da infância. Ela, inclusive, afirma fazer questão de ter as imagens de quem ama dentro do quarto.
“Toda vez que estou ansiosa, olho para as fotos e me lembro das pessoas. Isso me conforta”, conta.
Solange da Costa é professora e frequenta a Igreja Católica desde a infância. Segundo ela, assim como as fotos de familiares remetem a momentos especiais, as imagens de santos do catolicismo ajudam os fiéis a lembrarem dos bons exemplos dos santos.
“É a lembrança de alguém que viveu plenamente a fé, e deve ser, para além da memória, um exemplo a ser seguido”, pontua Solange. fast_forward
Elza Pinto
A decoração afetiva conserva a história dos moradores
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Tocar nos objetos e ativar o olhar e outros sentidos por meio da decoração nos coloca no tempo presente e nos reconecta conosco.”
Natalia Scarpati
arquiteta e design de produtos
O objetivo é criar espaços carregados de emoções para os moradores. Hoje, as pessoas estão buscando por isso.”
Elza Pinto
conselheira do Instituto de Arquitetos do Brasil, Departamento do Espírito Santo
Por que hoje queremos uma casa mais afetiva?
Apesar de ser tendência atual, o costume de utilizar peças com significado afetivo dentro de casa não é novidade. A popularização dessa prática se deu, especialmente, no período da pandemia do coronavírus, iniciada em 2020. Por conta do isolamento social, houve a necessidade coletiva de confinamento e boa parte das pessoas precisou ficar em casa.
“Hoje, estamos vivendo tantas coisas. Questões climáticas, avanço rápido da tecnologia e inconstâncias… Então, olhar para si é um lugar mais seguro. Tocar nos objetos e ativar o olhar e outros sentidos por meio da decoração nos coloca no tempo presente e nos reconecta conosco”, afirma a arquiteta e design de produto, Natalia Scarpati.
De acordo com a especialista, é essa sensação de pertencimento causada por esses objetos que ressignifica a relação do morador com o ambiente e transforma a casa em um lar.
Mas a diversidade das peças que remetem ao afeto traz à tona uma questão: o que é afetivo para uma pessoa pode não ser para outra. Cada ser humano transmite o sentimento de uma forma pessoal, de acordo com o que viveu. O importante é a pessoa priorizar o que ela considera afetuoso e a faz se sentir acolhida.
“Cada vez mais, a gente tem necessidade de se sentir seguro no nosso lar. E aí, tendo esses pontos para olhar e se lembrar da onde você veio, o que você faz, o que você gosta, quem é você, quem está junto de você, é muito importante”, finaliza. home_work
iUrban
Itens que
antes eram
considerados
como antiquados
hoje já são
objetos de
significado
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Toda vez que estou ansiosa, olho para as fotos e me lembro das pessoas. Isso me conforta.”
Nathalia Traspadini
assistente de criação
É a lembrança de alguém que viveu plenamente a fé, e deve ser, para além da memória, um exemplo a ser seguido.”
Solange da Costa
professora
5 dicas de como deixar a sua casa mais afetiva
1 Conheça-se
Antes de tudo, o importante é reavaliar e sempre se perguntar “o que é importante para mim?” ou “o que me traz afeto?”. Dessa forma, você poderá personalizar a casa afetivamente de acordo com o gosto pessoal e história.
2 Reaproveite os objetos de entes queridos
Trazer o objeto de um familiar falecido para dentro de casa pode ajudar a manter a memória daquela pessoa ainda mais viva e perto de você.
3 Hora de procurar os presentes perdidos
Sabe aquele presente que você ganhou de um amigo querido? Ou aquela carta que alguém te escreveu? É o momento de tirar isso do baú e transformar em um poderoso item decorativo. A carta pode virar um belo quadro e o presente, ajudar a compor algum móvel, por exemplo.
4 Leve consigo as lembranças dos lugares que visita
Quando a viagem chega ao fim, quem fica é a saudade. Mas as memórias dos passeios e dos momentos bons podem ser preservadas com objetos comprados durante a ocasião. A dica, então, é: viajou? Não deixe de trazer uma lembrancinha!
5 Coloque a mão na massa
Se você tem habilidades para fazer artesanato, é uma boa oportunidade para personalizar ainda mais a casa. Quando se trata de objetos feitos à mão, a produção do afeto já começa no momento em que a peça está sendo produzida, devido à atenção e ao cuidado do artesão.