Para a maioria dos frequentadores, praia é lugar de diversão e descanso. Mas, quando o empresário Fábio Medeiros pisa na areia, é para trabalhar. E põe trabalho nisso. Pelo caminho, ele vai encontrando e recolhendo papel de bala, sacola, garrafa, cotonete, pneu e até uma privada inteira. Lixo que deveria passar bem longe do mar, mas está espalhado pelo litoral do Espírito Santo.
Além de contribuir para uma praia mais limpa, o esforço de Medeiros e outros voluntários do Projeto Pegada é inspirar para que cada vez mais pessoas sigam o exemplo.
Fábio Medeiros
Empresário e coordenador do Projeto Pegada
"Queremos estimular para que as pessoas façam da limpeza um hábito, mesmo que o lixo não seja delas""
O Projeto Pegada, fundado por Rafael Braga, atua na limpeza das águas, areias e restingas capixabas há nove anos. Desde 2018, Medeiros, presidente do Instituto Ecomaris, que apoia organizações não governamentais no campo da preservação, se juntou ao grupo.
O guardião do mar tem consciência do tamanho do desafio. Mas reforça que todos podem dar sua contribuição para salvar a vida marinha, com pequenas ações.
Fábio Medeiros
Empresário e coordenador do Projeto Pegada
"Se você está na sua casa e encontra um lixo, vai catar, não vai? A praia também é a sua casa. Estar em um ambiente saudável, impacta a sua saúde e a saúde coletiva. Então dê o exemplo, faça a sua parte"
O projeto conta com cerca de mil voluntários. Os mutirões para retirar lixo das praias são sempre publicados nas redes sociais e servem como alertar sobre a degradação da natureza. É assim que eles conseguem mostrar para muitas pessoas o efeito danoso de uma ação individual em todo o ecossistema. “Se o peixe está se alimentando de plástico e nós estamos comendo peixe, então também estamos comendo plástico”, explica.
Segundo o coordenador do Projeto Pegada, a lógica é simples: poluição gera prejuízo, enquanto que boas ações resultam em benefícios para toda a sociedade.
Fábio Medeiros
Empresário e coordenador do Projeto Pegada
"O mar é um ecossistema. A gente precisa dele. Quando fazemos qualquer coisa que traz malefício para o mar, isso retorna para nós na mesma energia, às vezes até com mais intensidade"
Diretor do Projeto Pegada, Fábio Medeiros coordena a limpeza de praias no Espírito Santo.
Outro problema que afeta a vida marinha, pescadores e banhistas, é a destinação irregular de esgoto no mar, destaca a pesquisadora e doutora em Oceanografia Ana Carolina Mazzuco.
Segundo ela, o tratamento de água nas condições atuais não é suficiente para reter o esgoto e deixar a água limpa nos níveis que deveria.
Ana Carolina Mazzuco
Doutora em Oceanografia
"Se pararmos de emitir esgoto no mar agora, ainda vai demorar muito tempo para ter algum efeito no ecossistema. Estamos no limite e iremos ver cada vez mais os efeitos das crises climática e ambiental"
O impacto disso, explica Ana Carolina, é a mortalidade de algas e corais. Quanto maior a poluição, menor a diversidade de espécies e maior é a chance de contaminação das pessoas.
A pesquisadora explica que a A costa do Espírito Santo é um local de transição entre correntes diferentes, com temperaturas diferentes, oferecendo uma grande diversidade de espécies, como orca, tainha, tubarão e baleia jubarte. Por isso, o que acontece de ruim no litoral capixaba acaba tendo repercussão no restante do litoral brasileiro. Preservar o mar, é preservar a vida, alerta.
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