Com a renovação da concessão da ferrovia Vitória a Minas, a Vale ficará responsável por fazer o projeto executivo dos mais de 500 km da EF 118, que ligará o Espírito Santo ao Rio de Janeiro. Mas, enquanto a construção do trecho entre Cariacica e Anchieta é tida como certa, a segunda parte do ramal ainda não tem previsão para sair do papel.
Uma das hipóteses para a implementação de toda a ferrovia é que a empresa que vencer a concorrência, além de explorar o transporte entre Cariacica e Anchieta, terá que viabilizar a construção até o Rio.
Aí iniciará uma nova briga do Espírito Santo para que o próximo trecho a ser edificado seja entre Ubu, em Anchieta, e Presidente Kennedy, favorecendo, assim, as atividades do Porto Central. Embora essa ainda seja uma discussão a ser feita, já existe hoje uma grande demanda para que a ferrovia chegue a Açu (distrito de São João da Barra, localizado ao Sul do Espírito Santo), o que pode favorecer Kennedy na disputa pelos trilhos que tem sido travada em todo o país.
O trajeto entre Anchieta até o Rio está em estudo, segundo o ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas. Em visita ao Estado em outubro de 2020, ele explicou que a pasta ainda avalia qual a melhor maneira de viabilizar a obra.
Marcos Kneip Navarro
Secretário de Estado de Desenvolvimento
"“Temos várias possibilidades. Novas outorgas, investimentos cruzados, aplicação de recursos da AGU, parceria público-privada. Temos um elenco de modelos diferentes. E, de posse dos projetos, vamos verificar como avançar"
Segundo o secretário de Estado de Desenvolvimento, Marcos Kneip Navarro, será necessária uma boa dose de articulação para que o investimento saia.
“A Vale assumiu duas obrigações, que é levar o ramal até Anchieta, e elaborar o projeto executivo até o Rio. O projeto vai agilizar destravar o investimento nessa segunda parte da ferrovia. Mas, ainda não tem nada definido, então vai ser necessária uma negociação.”
Outra possibilidade para a extensão da estrutura é uma mudança na lei que será discutida em âmbito federal. Hoje é preciso ter concessão para se fazer uma nova ferrovia. A ideia é que essa regra seja derrubada para permitir a qualquer companhia construir uma estrada de ferro. Isso pode favorecer o Porto Central, em Kennedy, e a Petrocity, em São Mateus.
“Há interesse de se prolongar a BR 381 até São Mateus, promovendo acesso rodoviário a Petrocity. Há ainda um plano dos empreendedores do complexo de se realizar investimentos privados em uma conexão ferroviária, o que necessita de alteração na lei para autorizar obras em ferrovias sem concessão pública”, explicou o executivo da Findes para a área de Defesa de Interesses, Luis Claudio Montenegro.
Obras vão beneficiar a construção civil
Investimentos devem movimentar construtoras locais
Os projetos de infraestrutura previstos para o Estado vão movimentar outros setores: o da construção civil e de obras pesadas. Com os investimentos, são esperadas diversas contratações para impulsionar o andamento das propostas logísticas em negociação.
O segmento - que apesar da crise tem apresentado bons indicadores no ramo imobiliário - quer pegar carona para expandir. Uma das obras mais esperadas pela categoria é a do trecho ferroviário da EF 118 entre Cariacica e Anchieta. Outro projeto importante, a duplicação da BR 262 entre o Espírito Santo e Minas Gerais, também traz boas expectativas.
“São obras de grande porte que movimentam bastante vagas de trabalho na construção civil. Investimentos em infraestrutura, de modo geral, são bastante benéficos para o setor. E também acabam trazendo desenvolvimento para outras áreas econômicas”, observou o empresário Paulo Baraona, presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Espírito Santo (Sinduscon-ES).
Além de levar desenvolvimento às regiões cortadas pelas vias, toda uma cadeia de negócios é movimentada, como as firmas que atuam fornecendo peças e equipamentos. Com o aumento da demanda por serviços, empresas dos ramos de alimentação, hotelaria, confecção de uniformes, transportes, entre outras, devem ampliar seus quadros de funcionários para atender ao consumo das empreiteiras.
O setor da construção é um dos que mais emprega no Estado. Dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) mostravam que, até setembro de 2020, o estoque de postos de trabalho era de 49.226, sendo 15.507 na construção de edifícios, 17.096 em obras de infraestrutura e 16.623 em serviços especializados. Segundo o levantamento, o ramo abriu no Estado 1.553 novas vagas até o nono mês do ano, um saldo bem positivo diante da grave crise.
A maioria dessas colocações estava na construção de estradas, nas pavimentações de trechos existentes e nas atividades de preparação de terreno e acabamento.
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